Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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O que fazer para melhorar o meio ambiente
10/09/2018 (Nº 42) ESPÉCIES EXÓTICAS INVASORAS: UM PROBLEMA À BIODIVERSIDADE MUNDIAL
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FLORESTA ESTACIONAL SEMIDECIDUAL

O QUE FAZER PARA MELHORAR O MEIO AMBIENTE

Leonardo Francisco Stahnke – Biólogo

leosinos@gmail.com

 

 

 

ESPÉCIES EXÓTICAS INVASORAS: UM PROBLEMA À BIODIVERSIDADE MUNDIAL

Leonardo Francisco Stahnke – Biólogo

 

 

A introdução de espécies exóticas é a segunda maior causa da perda de biodiversidade mundial (ficando atrás apenas de destruição e alteração de hábitats), entretanto pouca atenção ainda é dada a essa temática, fazendo com que mais introduções sejam realizadas a cada dia, de forma proposital ou não. Quantos de nós, por exemplo, nunca compramos uma bromélia que julgamos bonita em determinada região e a trouxemos para dentro de casa? Ou outra planta cujas flores, formatos, sabor ou propriedades medicinais nos fosse interessantes? Pois bem, quando fizemos isso estamos, provavelmente, introduzindo alguma espécie exótica em outra região.

A bromélia que trazemos pode ter, na água que acumula em suas axilas foliares, ovos ou larvas de mosquitos potencialmente causadores de doenças àquelas pessoas que outrora nunca teriam tido contato com estas, se não fosse o seu descuido. Do mesmo modo, as propriedades medicinais de uma planta podem ter função alelopática (inibidora ou deletéria) ao crescimento de outras plantas, fazendo com que sucumbam em sua presença e deixem de executar as importantes funções que até então desempenhavam naquele local, como alimento e abrigo para animais, proteção de encostas, etc.

Chamamos de espécie exótica toda espécie que foi introduzida em uma região diferente daquela de onde evoluiu naturalmente (ou seja, sem a influência antrópica). Esta pode se tornar potencialmente invasora, se seu potencial reprodutivo obtiver vantagens na nova região, fazendo com que seu tamanho populacional cresça rapidamente. Sua introdução pode ocorrer de forma acidental, como no exemplo citado anteriormente, ou intencional, para fins alimentares, madeireiros, ornamentais, etc., dos quais muitos trazem em si aspectos de caráter socioeconômico e cultural.

Algumas espécies exóticas que merecem destaque no Brasil são o búfalo (Bubalus bubalis), o javali (Sus scrofa), a lebre (Lepus europaeus), o pombo-doméstico (Columba livia), o pardal (Passer domesticus), a tartaruga tigre-d’água americana (Trachemys scripta), a rã-touro (Lithobates catesbeianus), a tilápia (Oreochromis sp.), a abelha-africana (Apis mellifera) e o mexilhão-dourado (Limnoperna fortunei), dentre os animais. Em relação às plantas, destacam-se o pinheiro-americano (Pinus sp.), o eucalipto (Eucalyptus sp.), a acácia-negra (Acacia mearnsii), a uva-do-japão (Hovenia dulcis), o tojo (Ulex europaeus), o capim-anoni (Eragrostis plana) e a maria-sem-vergonha (Impatiens walleriana), todas espécies originárias de outros continentes, sendo danosas à nossa biodiversidade nacional.

Mas exposta essa situação, o que nós podemos fazer em relação a isso? Bem, a primeira questão passa pela criação de um Plano de Ação Nacional para o conhecimento e controle dessa situação, devendo-se identificar os diferentes níveis taxonômicos das espécies (reino, filo, classe, ordem, família, gênero e espécie), sua denominação popular, sua origem, suas características morfológicas e ecológicas (hábitat, potencial reprodutivo, taxa de natalidade e mortalidade, reprodução, dieta, ciclos de vida, área de vida e mecanismos de dispersão), situação atual ou potencial, distribuição geográfica e ecológica, seu histórico de introdução, possíveis usos econômicos, bem como seus principais prejuízos e benefícios nas dimensões ambientais, sociais e econômicas.

Para tanto, a Educação Ambiental focada no esclarecimento da população em relação à presença dessas espécies em solo nacional e aos impactos que provocam é fundamental. Todos devem saber reconhecê-las inicialmente, de forma que mais introduções sejam evitadas e que aqueles indivíduos, já em liberdade, tenham suas populações manejadas de modo a reduzir os danos causados por estes. Políticas públicas adequadas e fundos de financiamento para a erradicação dessas espécies também devem sair do papel e virar realidade no Brasil, de forma que ainda consigamos proteger nossa rica biodiversidade, atualmente insegura até mesmo dentro de Unidades de Conservação.

Para saber mais vale a pena conferir o site do Instituto Horus (www.institutohorus.org.br), referência no assunto em âmbito nacional.

 

 

 

 

 

 

ALGUMAS ESPÉCIES DE FLORA E FAUNA EXÓTICAS NO BRASIL.

 

Ilustrações: Silvana Santos