Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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10/09/2018 (Nº 42) A ÁGUA NO AMBIENTE DE ENTORNO: UM ESTUDO COM ALUNOS DA EJA
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Julio - FURG

A AGUA NO AMBIENTE DE ENTORNO: UM ESTUDO COM ALUNOS DA EJA

 

Julio Mateus de Melo Nascimento

PPGECIM, ULBRA/Canoas-RS

 julio_mateus18_nascimento@hotmail.com

Maria Eloisa Farias

 PPGECIM, ULBRA/Canoas-RS

 mariefs10@yahoo.com.br

 

 

RESUMO

 

         Com o propósito de sensibilizar os alunos da Educação de Jovens Adultos (EJA), realizamos este estudo exploratório no quarto bimestre de 2011, envolvendo duas turmas de Escola Estadual da EJA, no município de Venâncio Aires – RS. Para ilustrar a realidade dos alunos com relação à Educação Ambiental, foi escolhida a água como tema gerador de pesquisa e de discussão.

 

Palavras Chaves: Educação de Jovens Adultos (EJA); Tema gerador; Água.

 

 

INTRODUÇÃO

 

Pensando em sensibilizar os estudantes para um trabalho que os envolvessem em pesquisa, realizamos este estudo com 45 alunos de duas turmas da Educação de Jovens e Adultos (EJA) no município de Venâncio Aires-RS. .

Iniciamos o processo de motivação trabalhando a importância da Educação Ambiental no cotidiano das pessoas, pois acreditamos que

                     A escola dentro da Educação Ambiental deve sensibilizar o aluno a buscar valores que conduzam a uma convivência harmoniosa com o ambiente e as demais espécies que habitam o planeta, auxiliando-o a analisar criticamente os princípios que tem levado à destruição inconseqüente dos recursos naturais e de várias espécies. Tendo a clareza que a natureza não é fonte inesgotável de recursos, suas reservas são finitas e devem ser utilizadas de maneira racional, evitando o desperdício e considerando a reciclagem como processo vital. EFFTING (2007, p. 7)

 

       A aproximação do conteúdo desenvolvido em aula, com as informações do aluno e a inclusão do conhecimento científico, estreita a relação da sociedade com a ciência. Essa aproximação aparece nos PCN (Brasil,1997, p. 28) quando trata que

 

É necessário que, no processo de ensino e aprendizagem, sejam exploradas: a aprendizagem de metodologias capazes de priorizar a construção de estratégias de verificação e comprovação de hipóteses na construção do conhecimento, a construção de argumentação capaz de controlar os resultados desse processo, o desenvolvimento do espírito crítico capaz de favorecer a criatividade, a compreensão dos limites e alcances lógicos das explicações propostas. Além disso, é necessário ter em conta uma dinâmica de ensino que favoreça não só o descobrimento das potencialidades do trabalho individual, mas também, e sobretudo, do trabalho coletivo.

 

Sendo assim é na escola em que muitos tem o seu primeiro contato com o conhecimento científico (Melo, 2010, p. 01). Principalmente em se tratando de alunos da EJA.

          Para muitos autores contemporâneos (LOUREIRO, 2004; SATO, 2004; TOZONI–REIS, 2004; CHAPANI e DAIBEM, 2003; REIGOTA,1995), a EA é fundamentalmente política e, corroborando este fundamento, Freire (1992) assegura que a educação e a qualidade de vida são sempre uma questão política, fora de cuja reflexão, de cuja compreensão não nos é possível entender nem uma nem outra. (FREIRE, 1992, p. 41).

          Como referência utilizada no processo ensino aprendizagem nos embasamos em temas geradores, que segundo Andreola (1999) constituem excelentes paradigmas interdisciplinares para a pesquisa, para a integração dos diferentes campos do saber científico e para a organização dos currículos escolares.

          Sato (2004) corrobora este entendimento, afirmando que a utilização de temas geradores em EA promovem a interdisciplinaridade e a desmistificação de que o tema ambiente só pode ser trabalhado nas áreas de Ciências. Aqui neste estudo a interdisciplinaridade aconteceu entre Artes e Biologia, envolvendo alunos e equipe de professores da turmas da EJA.

          A escolha da água como tema gerador de pesquisa e de discussão se justifica pelo fato de esta estar sendo tratada como unidade ideal de manejo e de gestão ambiental nas políticas públicas, inclusive para o desenvolvimento da Educação Ambiental (RODRIGUES, 2000).

Este estudo que iniciou com o tema água, teve como objetivos introduzir na comunidade escolar, representada pelos alunos da EJA, a iniciação à pesquisa através da construção do conhecimento experimental e científico sobre a realidade local. Assim, posteriormente pretendemos continuar com o estudo e elaborar com a equipe de professores participantes, materiais específicos para a construção do conhecimento, investigação do meio natural e social do entorno escolar.

 

CIÊNCIAS NO COTIDIANO DOS ALUNOS DA EJA

 

Estamos em uma era onde a Ciência e a Tecnologia todos os dias surgem com novas descobertas a cada dia que se passa. Temos que estar preparados para vivermos em um mundo cada vez mais complexo, com rápidas mudanças científicas e tecnológicas. Desenvolver a capacidade de entender a ciência e de pensar que nos permitam adaptar à contínua da evolução do Mundo e uma das características que a ciência deve desenvolver. Através da ciência é que vamos conseguir adquirir os conhecimentos que poderão nos ajudar a resolver os problemas da vida real.

E quando falamos em vida real, os alunos das turmas de EJA estão fortemente ligados a essa temática devida a sua trajetória de vida. As turmas de EJA em sua grande maioria são caracterizadas por serem grupos de estudantes heterogêneos em se tratando das idades, das visões de mundos, da cultura e da bagagem de conhecimento prévios que eles trazem.

Também são muitas as circunstâncias que fazem os alunos abandonarem a escola fundamental e retornarem para a EJA anos mais tarde, trazendo para as salas de aula toda sua bagagem conquistada durante um certo período “a imersão, por vezes precoce, no mundo do trabalho e a experiência social fizeram com que esses alunos acumulassem uma bagagem rica e diversa de conhecimentos e formas de atuar no mundo em que vivem.” BRASIL (CADERNO TRABALHANDO COM EJA, 2006, p. 8).

            Os alunos da EJA depois que voltam a estudar encontram na escola um espaço de recolocação social, de desenvolvimento social e auto-estima. É nesse sentido que esses estudantes diferem dos demais grupos, como por exemplo, as crianças ou os adolescentes. Os jovens e adultos precisam ver a escola como um lugar que poderá suprir muitas de suas necessidades como pessoa, como cidadão e como um aprendiz em potencial. Somente assim eles ingressarão em sala de aula com motivação para participar de m processo de aprendizagem. 

Com todo este perfil, por que trabalhar Educação Ambiental na EJA? Os alunos das turmas da EJA carregam consigo uma influencia do seu entorno através de traços culturais e da vivência com o mundo em que vivem e que os rodeia. Assim,

 

 

Podemos dizer que eles trazem uma noção de mundo mais relacionada ao ver e ao fazer, uma visão de mundo apoiada numa adesão espontânea e imediata às coisas que vê. Ao escolher o caminho da escola, a interrogação passa a acompanhar o ver desse aluno, deixando-o preparado para olhar. Aberto à aprendizagem, eles vêm para a sala de aula com um olhar que é, por um lado, um olhar receptivo, sensível, e, por outro, é um olhar ativo: olhar curioso, explorador, olhar que investiga, olhar que pensa.  (BRASIL, 2006, p. 5)

 

Observamos que os alunos possuem toda uma experiência que os outros adolescentes não possuem e esta é acumulada durante anos de vivências. Buscamos entender essa visão sobre um tema tão comum no dia-a-dia que é a água e que inúmeras vezes ninguém dá a devida atenção ao assunto. Nesta pesquisa queremos conhecer o ponto de vista da EJA, proporcionar momentos de discussão para que os participantes sejam capazes de refletir e avaliar de forma responsável os diferentes aspectos que envolvem a temática trabalhada, de maneira crítica e autônoma.

            Assim com a troca de experiências que ocorre nas muitas salas de aulas da EJA espalhadas pelo Brasil, queremos que ocorra também uma reflexão maior sobre o âmbito ambiental local do seu bairro, seu distrito, seu município, utilizando dois blocos de perguntas ligado a temática para fazermos o raio-x da temática segundo a EJA.

Os alunos da EJA trazem consigo um conhecimento variado adquirido ao longo de anos. Segundo BRASIL (2006, p. 6) em um manual lançado para professores que trabalham com a EJA pode-se classificar em dois tipos os conhecimentos que os alunos da EJA trazem consigo para a sala de aula.

O saber sensível, aquele saber que está ligado ao nosso corpo e aos sentidos, esse saber é pouco valorizado na vida moderna, muitos professores de artes exploram esse saber. Já o saber cotidiano é uma parte reflexiva do aluno por ser parte da vida vivida de cada aluno, está internalizado nele pelas conquista e dificuldades vividas até o momento. Esse saber cotidiano é fortemente ligado ao senso comum e para minimizá-lo devemos investir no trabalho cientifico com os alunos.

            Estes por terem maior vivência sobre trabalho, família, sociedade já são mais críticos porem queremos trabalhar o ser critico de cada aluno para desenvolver a capacidade de participação e relacionamento com o mundo em que estamos inseridos através de outro olhar.

No caso da vida escolar, este objetivo é conhecer melhor o mundo e “aprender a organizar o seu comportamento social para resolver questões”. Com isto, cresce a cidadania de uma maneira organizada e democrática, sem perder de vista em nenhum momento a existência do “outro”, porque se aprende a participar, a entrar em relação social de maneira organizada. E isto é condição para sermos capazes de organizar nossos comportamentos de maneira a aplicar e diversificar a participação de pessoas, nas tomadas de decisões.  (Penteado, 2007, p. 56)

 

Assim mudamos o conhecimento do senso comum que os alunos e alunas da EJA estão acostumados a trabalharem, de um cunho imediatista e não questionador, para um conhecimento mais elaborado, reflexivo e questionador.

            E para trabalhar a reflexão e a o senso crítico dos alunos foi proposto para eles o trabalho ligado a educação ambiental pois é um movimento que vem crescendo a cada dia mais no Brasil, seja nas escolas, na mídia, no serviço. Educação ambiental esta invadindo todos os espaços do nosso cotidiano. Os problemas ambientais não são assunto recente, essa temática já vem sendo debatida há anos por escritores e pesquisadores que alertam sobre o cuidado com o meio ambiente. 

Mas do que adianta estudarmos desenvolvimento sustentável e vermos ele cada dia mais na mídia, mas se não compreendermos o seu significado? Segundo o Relatório da Comissão Mundial sobre o meio ambiente e Desenvolvimento, podemos definir como desenvolvimento sustentável o que “atende às necessidades da geração atual sem comprometer a capacidade de as gerações futuras atenderem as suas próprias necessidades” (relatório Brundtland, 1987, apud Penteado, 2007, p. 33).

Assim fica firmado a tentativa de esgotarmos os recursos do presente para que as futuras gerações tenham acesso a essa diversidade, nem nenhum dano.

Desenvolvimento sustentável também é muito bem definido por PENTEADO (2007) quando ela diz o seguinte:

 

O que podemos entender por desenvolvimento sustentável? Chegamos a que “desenvolvimento sustentável é um processo de ampliação do campo de oportunidades oferecido à população de um país às necessidade das gerações atuais, se preserve a capacidade e as possibilidades de as gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades”.

 

Para desenvolver essa capacidade de preservação do presente para as gerações futuras, percebemos o papel importante da escola, como meio de trabalhar direto com as crianças, jovens e adultos através da pesquisa. Pesquisa essa que deve ser habito do cotidiano dos professores, mas que sabemos que não é assim. O professor de hoje esta com um perfil de instrutor, assim se limita apenas a repassar conhecimento e procedimentos, sabendo passar ideias prontas, qualquer pessoa pode ser professor, pois é trabalhar com mera transmição de uma cópia.

A idéia de que a pesquisa é exclusiva de mestres e doutoresdeve, que a pesquisa é atividade especiail, deve ser superadas e devem ser incorporadas ao cotidiano. É importante e necessario que a pesquisa se torne cotidiana tanto na vida do professor e do aluno, assim desmistificar a pesquisa com algo especial, feita por pessoas especiais. Tanto o aluno que entende a pesquisa cientifica como sendo um trabalho a mais para ele como também o professor que não se sente parte da pesquisa como pesquisador, pois trabalha em sala de aula, devem mudar seus conceitos e começar a entender que educar pela pesquisa é uma das maneiras de tornarmos nossos alunos cidadãos criticos e autonomos.

O trabalho que o professor pesquisador realiza, é um trabalho que visa o coletivo entre professor/aluno para que os dois trabalhem em parceria na busca das soluções dos problemas. Demo (2005, p. 2) ressalta que a busca não é pelo “profissinal da pesquisa”, mas um profissional da educação pela pesquisa. Para isso o professor deve fazer com que a pesquisa seja um a atitude cotidiana dele e do aluno sendo que no estudo incluimos o aluno da Eja..

 

METODOLOGIA

          

No projeto desenvolvido no Município de Venâncio Aires-RS, e descrito neste artigo, trabalhamos a comunidade escolar, representada por duas turmas e seus professores da EJA, a partir do seu próprio entorno, aproveitando ao máximo as possibilidades didático-pedagógicas do ambiente natural e social, gerando recursos e material de apoio necessário para interpretação e continuidade com as investigações.

          Articulamos diferentes atividades interdisciplinares, utilizando principalmente os temas das disciplinas de Ciências e Artes (sob a forma de resolução de problemas), tendo recursos como: a cidade, o bairro, a comunidade e investigações que envolveram o entorno do aluno da EJA no município onde ele reside, trazendo as suas pesquisas para discussão e socialização em sala de aula.

          Procuramos ao longo deste estudo, gerar alternativas educativo-ambientais que tratassem de superar o reducionismo e as limitações que frequentemente emergem de recursos pontuais que são geralmente oferecidos nas atividades de Educação Ambiental na escola.

          Para a obtenção dos dados foram ministradas 12 aulas teóricas e práticas sobre o tema água, sendo distribuída uma ficha com dois blocos de perguntas, para que a partir dessa análise tivéssemos um panorama geral da realidade da EJA no município de Venâncio Aires – RS.

           Por fim, houve um momento de socialização com todos os participantes, onde foi mostrado o material da pesquisa como gráficos, idéias sugeridas, pesquisas realizadas pelos estudantes, proporcionando assim momentos de discussão sobre tudo o que vivenciamos na temática abordada.

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO 

         

A turma de EJA participante da pesquisa é heterogênea, pois apresenta alunos de diferentes profissões e com idades entre 18 e 48 anos, representadas no quadro 1. Este perfil evidencia que cada vez mais as pessoas vem procurando as turmas de EJA para terminarem seus estudos. 

 

Idade

18

19

21

23

24

26

28

30

31

32

%

6%

3%

9%

9%

6%

3%

6%

6%

3%

6%

Idade

33

43

35

36

37

41

44

45

48

Sem idade

%

6%

3%

7%

3%

3%

3%

3%

3%

3%

9%

Quadro 1 – Representação das idades dos estudantes da EJA.

 

Quanto ao sexo dos indivíduos participantes, 55% são mulheres e 45% são homens sendo o público feminino com a porcentagem mais elevada. Este fato confirma os dados do IBGE (2009) onde aparece que aEJA é mais procurada por mulheres e pessoas com menor rendimento, sendo mais frequentada no Sul”. Outra informação que se confirma é a do alto numero de discentes apresentando diferentes profissões, procurando nas salas de aula de cursos noturnos, o retorno ao estudo, a fim de conquistarem a sobrevivência econômica, muitas vezes, por exigência do próprio emprego para que possam permanecer nele.

Nossos alunos, das classes de EJA, são muitas vezes pessoas que administram sua sobrevivência econômica: fazem “bicos”, são autônomos, circulam por diferentes profissões como auxiliares ou ajudantes de pintura, construção, serviços domésticos, venda ambulante etc. .  (TRABALHANDO COM EJA, 2006, p. 21 – CADERNO ALUNAS E ALUNOS DA EJA)

 

Quanto aos bairros onde residem, a maioria dos alunos (81%) pertencem ao distrito sede e o restante estão distribuídos pelos demais distritos da cidade. Se tratando do tema gerador abordado, podemos afirmar com base nos

Quanto aos bairros onde reside, a maioria dos alunos (81%) pertencem ao distrito sede e o restante estão distribuídos pelos demais distritos da cidade. Se tratando do tema gerador abordado, podemos afirmar com base nos dados fornecidos pelos estudantes que mais da metade (71%) afirma que água que estão ingerindo ou utilizando no dia-a-dia, no seu bairro é de boa qualidade e encanada, algumas manifestações de água suja ocorreram na pesquisa.

A não existência de lagos, rios ou açudes no bairro também mostrou-se bem elevada, representando 75% das respostas. Os demais entrevistados que afirmaram da existência de outras fontes de água na sua localidade onde residem, tiveram que informa da qualidade da água (quadro 2), onde pode-se constatar que mais da metade das respostas, as águas estão limpas (53%), porém podemos observar que 27% dos alunos relataram a presença de poluição em arroios.

 

Qualidade da água

Não contaminada

Limpa

Encanada

Suja mas tratada

Arroio contaminada

%

7%

53%

13%

7%

20%

Quadro 2 – Qualidade da água consumida no município.

 

Quanto a fonte fornecedora de água (quadro 3), há no município a distribuição representada pela empresa CORSAN para a residência de 75% dos alunos, sendo que os outros estudantes afirmaram usar água do poço artesiano, de rio e  de arroio, representados no quadro a seguir.

 

De onde vem água utilizada no bairro

Arroio

Rio

Poço artesiano

Corsan

%

3%

8%

14%

75%

Quadro 3 – Fonte de fornecimento da água.

 

Quando questionados sobre as possíveis doenças veiculadas através da água, as respostas foram diversas porém a mais representativa foi à diarréia com 16%. Já da utilização da água, o ponto negativo mais destacado pelos alunos, com 31% de representação, foi lembrado que a água no bairro é desperdiçada lavando o carro e como segundo ponto com 20% foi a má utilização na lavagem das calçadas.

Um dado que deteve a nossa atenção foi que os estudantes na sua maioria paga a conta de água, mas nunca olhou e nem percebeu que a conta possui índices da análise da água que está sendo consumida. Quando questionados por que devemos pagar a água que consumimos 61% indicou que é para a realização do tratamento da água fornecida. Alguns outros pontos foram lembrados como por que causa de impostos (3%), para não causar doenças (3%) e para não desperdiçarmos (5%).

Os alunos surpreenderam quando colocaram na pesquisa que não desperdiçam água no banho ou escovando os dentes, mas sim lavando carro, calçadas e animais. Isso mostra que alguns atos negativos devem ser mudados e revistos. Quando questionados sobre como podemos economizar água varias foram as dicas, mas que mais apareceu nas respostas foi a de usar o necessário sem desperdiçar (22%). As dicas mais conhecidas como: não tomar banho com chuveiro aberto (12%), escovar dentes com torneira fechada (14%), não lavar carros ou motos com mangueira aberta (4%), também apareceram nas respostas.

Foi solicitado para finalizar o estudo exploratório que os alunos dessem um conselho para seus vizinhos e o conselho que mais apareceu nas respostas foi o preservar hoje para o futuro em 40% das respostas.  Este item é muito importante pois envolve a noção de sustentabilidade, evidenciando que os alunos pensam nas gerações futuras com responsabilidade demonstrando atitudes positiva sobre uma temática importante como  é a água.

 

 

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Sob o ponto de vista da construção do conhecimento que acontece na escola, para conduzir boas práticas pedagógicas, é necessário ter em mente que o conhecimento científico também é construído e sabemos da importância das atividades envolvendo a educação ambiental na escola para a formação de um sujeito crítico

Observamos que as respostas coletadas evidenciaram o envolvimento positivo dos alunos com os conceitos trabalhados na Educação Ambiental, porém o desperdício e a falta de cuidado com água foram relatados sem preocupação por eles em vários momentos, mostrando a necessidade de se continuar com o trabalho educativo.

          Assim, motivados pelas atitudes negativas apresentadas pelos estudantes, prosseguiremos com o projeto, pesquisando e trabalhando em sala de aula com situações problemas que envolvam o cotidiano dos estudantes da EJA.

          Pretendemos assim implementar uma proposta interdisciplinar entremeando as disciplinas de Biologia e Artes na EJA,  baseando-nos em estratégias diferenciadas que enfatizem a vivência cotidiana  buscando um ambiente sustentável onde os alunos de forma reflexiva, crítica, se direcionem em busca da autonomia e de melhor qualidade de vida.

 

REFERENCIAS

 

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Ilustrações: Silvana Santos