Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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10/09/2018 (Nº 42) A CONCEPÇÃO SOBRE O LIXO ENTRE ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL DE UMA ESCOLA ESTADUAL DA CIDADE DE BELÉM (PA)
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A CONCEPÇÃO SOBRE O LIXO ENTRE ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL DE UMA ESCOLA ESTADUAL DA CIDADE DE BELÉM (PA)

A CONCEPÇÃO SOBRE O LIXO ENTRE ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL DE UMA ESCOLA ESTADUAL DA CIDADE DE BELÉM (PA)

 

 

Autores:

Fabrício Lemos de Siqueira Mendes (Universidade da Amazônia – UNAMA)

Edenize Gonçalves Araújo (Universidade da Amazônia – UNAMA)

Patrícia Shyrlene Pereira (Universidade da Amazônia – UNAMA)

Priscila da Silva Gomes (Universidade da Amazônia – UNAMA)

 

Email para contato: bio@unama.br

 

 

RESUMO

Este trabalho foi desenvolvido durante a disciplina educação e meio ambiente do Curso de Pedagogia da Universidade da Amazônia (UNAMA), onde foi possível analisar a concepção, a cerca do lixo, de alunos do Ensino Fundamental de uma Escola Estadual da Cidade de Belém (PA). Dentre os aspectos analisados foram questões relacionados à coleta seletiva, reciclagem, impactos ambientais causados pelo lixo, dentre outras. A metodologia utilizada foi à aplicação de questionário que conteve 11 questões objetivas e diretas, acerca da conscientização da coleta, tratamento do lixo e reciclagem. Os resultados obtidos neste trabalho demonstraram que os alunos da referidas escola apresentam um nível de consciência ambiental satisfatório, apesar da dificuldade em diferenciar lixo orgânico e inorgânico, acrescentando a falta de conhecimento da importância desta classificação. Neste sentido, o trabalho vem contribuir para que projetos escolares sejam desenvolvidos pelos educadores em suas escolas como forma de minimizar os impactos ambientais causados pelo lixo.

 

1 Introdução

 

Considera-se lixo todos os tipos de resíduos sólidos resultantes das atividades humanas ou do material considerado imprestável ou irrecuperável pelo usuário, seja papel, papelão, restos de alimentos, vidros, embalagens plásticas afirmam Oliveira e Carvalho (2004). Embora o termo lixo se aplique aos resíduos sólidos em geral, muito do que se considera o lixo pode ser reutilizado ou reciclado, desde que os materiais sejam adequadamente tratados. Para autores como Teixeira e Bidone (1999), o lixo é definido de acordo com a conveniência e preferência de cada um.

Segundo Azevedo (1996), o ser humano tem o hábito extrair da natureza matéria-prima para suas necessidades, e depois de utilizada, são descartadas em lixões, caracterizando uma relação depredatória com o seu habitat. Assim, grande quantidade de produtos recicláveis que poderiam ser reaproveitados a partir dos resíduos, é inutilizada na sua forma de destino final. Resultado disso é a implicação em grande parte da perda ambiental, em decorrência do alto potencial poluidor do mau gerenciamento dos resíduos sólidos gerado, comprometendo deste modo a qualidade do ar, do solo e, principalmente as águas subterrâneas.

Para Wiebeck e Harada (2005), a reciclagem, além de gerar emprego e renda, proporciona uma redução da demanda de matérias-primas e energia, contribuindo também para o aumento da vida útil dos aterros sanitários. A reutilização e a reciclagem são práticas bastante antigas. “Sucateiros” da antiguidade recolhiam espadas nos campos de batalhas para fazer novas armas. Deste modo já se mostrava a importância da reciclagem causando a redução do consumo e reutilização de materiais eliminados favorecendo uma diminuição da degradação do meio ambiente.

De um modo geral, Schult (2008) afirma que as cidades não possuem serviços públicos adequados de coleta de lixo seletivo que favorece a reciclagem. Alguns resíduos sólidos quando misturados com outros não podem ser reciclados, como por exemplo, o lixo hospitalar. Todavia, muito se tem discutido sobre as melhores formas de tratar e eliminar o lixo, seja ele industrial, comercial, doméstico, hospitalar ou nuclear.

Conforme Alencar (2005), as soluções encontradas pelo ser humano para o acondicionamento, coleta, transporte e destino final do lixo apresentam vários inconvenientes e requerem aprimoramento. Da mesma forma que o esgoto, a remoção e o destino final do lixo produzido em zonas de baixa densidade populacional podem ser solucionados individualmente.

Nos grandes centros urbanos é imprescindível a existência de um sistema público eficiente que colete, transporte e dê um destino final aos resíduos sólidos, afirmam Oliveira e Carvalho (2004). Neste modelo, muito se poderia fazer parar evitar o desperdício e o reaproveitamento de matérias. Vale salientar ainda, que o acondicionamento correto do lixo visa a atender a aspectos sanitários, onde se inclui controle dos vetores, proteção dos solos e da água, manutenção de moradias, estabelecimentos comerciais e industriais, vias públicas e áreas verdes limpas, que poderiam ficar livres de contaminação.

Para Damiani et al (2011), dentre as variedades que o lixo possui, o lixo orgânico tem origem animal ou vegetal. Nessa categoria inclui-se grande parte do lixo doméstico, restos de alimentos, folhas, sementes, restos de carne e ossos, etc. Este quando acumulado ou disposto inadequadamente, pode tornar-se altamente poluente do solo, das águas e do ar. A disposição inadequada desses resíduos podem criar um ambiente propício ao desenvolvimento de organismos patogênicos, gerado pelo estilo de vida da sociedade contemporânea.

No entendimento de Camacho (2008), o lixo é retrata o espelho fiel da sociedade, uma vez que quanto mais geradora de lixo mais rica e consumista é esta sociedade. Desta forma, qualquer tentativa de reduzir a quantidade de lixo ou alterar sua composição pressupõe mudanças no comportamento social. Logo, com o crescimento acelerado das metrópoles, do consumo de produtos industrializados, e mais recentemente com o surgimento dos produtos descartáveis, o aumento excessivo do lixo, e a falta de locais para o destino final, constituem um dos maiores problemas da sociedade moderna.

Percebe-se que esta preocupação descrita anteriormente deve ser amplamente trabalhada nas Escolas, visto que a escola é um espaço social, por onde transita pessoas de diversos níveis sociais, econômicos e culturais. Essas convivem, trocam conhecimentos, aprendem e ensinam principalmente assuntos relacionados à saúde do ser humano. Isso claro, com o complemento dos conhecimentos adquiridos nas residências por adultos que tiveram uma boa educação nas escolas, complementam Brumer e Mocelin (2004).

A escola é uma instituição social com poder e possibilidade de intervenção na realidade de cada ser humano. E, por este motivo deve está conectada com as questões mais amplas da sociedade incorporando-as à sua prática. Com isso, a ciência aplicada deve destinar-se a um conhecimento que colabora para a compreensão do mundo e suas transformações, para reconhecer o homem como parte do universo e como indivíduo.

A escola corresponde ao melhor ambiente para implementar a consciência de que o futuro da humanidade depende da relação estabelecida entre a  natureza e o uso pelo homem dos recursos naturais disponíveis.  Para isso, é necessário que, mais do que informações e conceitos, a escola se proponha a trabalha om atitudes, com formação de valores, habilidades e procedimentos. E esse é um grande desafio para a educação. Comportamentos “ambientalmente corretos”  serão aprendidos na prática do dia-a-dia na escola: gestos de solidariedade, hábitos de higiene dos diversos ambientes, conforme os preceitos do MEC (2000).

Dessa forma a educação contemporânea deverá buscar uma ciência contextualizada capaz de contribuir para uma aprendizagem significativa, que garanta a formação de cidadãos conscientes e comprometidos com a construção de uma sociedade sustentável (BRASIL, 1997). Informar e orientar são requisitos básicos para que haja sustentabilidade, onde a escola e o educador são peças fundamentais nesse processo. A compreensão dos aspectos científicos, tecnológicos e sociais relacionados ao lixo é de extrema importância, pois possibilita ao cidadão a reflexão crítica sobre seu papel como co-responsável pela geração e solução de problemas ambientais (MACHADO, 2001).

Segundo o ECA (1990) verifica-se que um ambiente saudável é de suma importância para o pleno desenvolvimento físico e social das crianças. Deste modo, verifica-se a importância de desenvolver práticas que estimule nossos educandos a adquirirem bons hábitos de higiene. Com isso as boas maneiras passam a ser divulgadas dentro da própria escola como em suas residências e na comunidade em que este está inserido.

 

 

2 OBJETIVO

 

Este trabalho teve como objetivo analisar o nível da consciência ambiental e a concepção sobre o lixo e o impacto que este causa ao meio ambiente em alunos de 5ª série do Ensino Fundamental na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Rui Barbosa, localizada na cidade de Belém (PA).

 

3 METODOLOGIA

 

O trabalho foi realizado na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Rui Barbosa, localizada na Rua Joaquim Távora, no bairro da Cidade Velha, S/N, na cidade de Belém, no estado do Pará. Os dados foram obtidos por meio da aplicação de questionário, sobre a concepção acerca do lixo à 30 alunos do 5º ano do Ensino Fundamental.

O questionário continha 11 questões objetivas e diretas, acerca da conscientização da coleta, tratamento do lixo e reciclagem. Após aplicação do questionário os dados coletados foram tabulados e analisados.

 

4 RESULTADOS

 

No que se refere a coleta de lixo na rua ou no bairro em que residem, dos 30 alunos, 93% respondentes responderam que ocorre coleta de lixo. Porém, 7% responderam que não há coletade lixo. No que diz respeito a distinção de lixo orgânico e inorgânico, 67% responderam que não sabe distinguir lixo orgânico e o lixo inorgânico, e 33% responderam que sabem distinguir. Quando perguntados sobre o recolhimento do lixo em suas residências se são separados em orgânico e inorgânico, 70% responderam que o lixo não é separado, contra 30% que responderam que o lixo recolhido é separado em orgânico e inorgânico.

Foi perguntado aos alunos se eles já viram ou conhecem produtos reciclados provenientes do lixo. Dos 30 alunos, 73% dos responderam que já viram produtos reaproveitados/reciclados do lixo. E, 27% responderam que nunca viram produtos reaproveitados/reciclados do lixo. No questionamento a respeito do benefício que pode ser alcançado pelo aproveitameto do lixo, 87% responderam que são conscientes de que pessoas podem ser beneficiadas pelo aproveitamento do lixo. Mas, 13% responderam que desconhecem essa informação.

Todos os alunos responderam que sabem que a reciclagem serve para diminuir a quantidade de lixo produzida pela população e a poluição ambiental. Porém, ao serem questionados sobre o hábito da população de seu bairro jogar lixo na rua, 87% afirmaram que sim e apenas 13% responderam que na sua cidade as pessoas não possuem esse hábito. Também foi perguntado, se tinham conhecimento que a reciclagem amplia o desenvolvimento econômico. Dos 30 alunos, 90% responderam que sim e 10% responderam que não.

Quando se questionou sobre se na cidade ou escola que frequentam se há coletores seletivo para o lixo, 63% responderam que não há, e 37% responderam que há coletores seletivos de lixo. Infelizmente 73% dos alunos responderam que em sua escola ou em seu bairro não existem projetos que envolvam a coleta seletiva do lixo. Já 27% responderam que há projetos que envolvam a coleta seletiva do lixo, tanto na escola como no bairro residencial. Quanto ao surto de doenças na escola ou bairro, provocadas pelo acúmulo de lixo, 63% responderam que já ocorreu e 3% responderam que não ocorreu um surto de doenças causados pelo acúmulo de lixo.

 

5 CONCLUSÃO

 

A análise dos resultados referentes à concepção sobre o lixo, a coleta seletiva e a reciclagem entre alunos da 5ª série do Ensino Fundamental da Escola em questão foi satisfatória. Os alunos em suas respostas mostraram que são conhecedores dos benefícios da reciclagem e de comportamentos e condutas que não são corretos, como por exemplo, jogar lixo nas ruas e os impactos ambientais que o lixo pode causar ao meio ambiente.

O que se pode ressaltar de negativo é que há uma deficiência de informação acerca da coleta seletiva e da classificação de lixo orgânico e inorgânico, e o quanto essa classificação é importante e facilitadora no processo de seleção do lixo reaproveitável que se destina a reciclagem. Este trabalho vem de forma simples, aos educadores, contribuir de que forma é importante a Educação Ambiental nos ambientes escolares. Além disso, pode servir de base, a partir dos dados analisados, de quais principais aspectos podem ser abordados na elaboração de projeto escolares interventivos que visem à melhoria da qualidade de vida e do nível de consciência ambiental dos educandos. Deste modo cabe aos educadores despertar a consciência ambiental dos educandos, de formar a formar cidadãos que irão zelar pelo ambiente em que vivem.

 

 

REFERÊNCIAS

 

ALENCAR, M. M. M. Reciclagem de Lixo numa Escola Pública do Município de Salvador. Candombá. Revista Virtual, v. 1, n. 2, p. 96–113, jul–dez, 2005.

 

AZEVEDO, C. J. C. Concepção e prática da população em relação ao lixo domiciliar na área central da cidade de Uruguaiana (RS). Monografia. Pós-graduação em Educação Ambiental. PUCRS. 1996. 68p.

 

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Meio Ambiente/Saúde. Brasília: Secretaria de Educação Fundamental / MEC, 1997.

 

BRUMER, A.; PAVEI, K.; MOCELIN, D. G. Saindo da “escuridão”: perspectivas da inclusão social, econômica, cultural e política dos portadores de deficiência visual em Porto Alegre. Sociologias, Porto Alegre, ano 6, n. 11, jan/jun, p. 300-327, 2004.

 

CAMACHO, C. L. Gestão Ambiental na Saúde Pública: um estudo sobre a percepção ambiental de gerenciamento de resíduos sólidos de serviços de saúde, dos servidores do hospital universitário Onofre Lopes do Rio Grande do Norte. Dissertação. Mestrado em Ciências de Engenharia de Produção. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. 2008. 91p.

 

DAMIANI, C.; SILVA, F. A.; RODOVACHO, E. C.; BECKER, F. S.; ASQUIERI, E. R.; OLIVEIRA, R. A.; LAGES, M. E. Aproveitamento de Resíduos Vegetais para Produção de Farofa Temperada. Alimentos e Nutrição, Araraquara, v. 22, n. 4, 2011.

ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei 8.06 de 13.07.90.

 

MEC. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: meio ambiente: saúde. 2ª ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2000.

 

OLIVEIRA, M. V. C; CARVALHO, A. R. Princípios básicos do saneamento do meio. 4ª ed. São Paulo: Senac, 2004.

 

SCHULT, J. L. N. A Questão dos Resíduos Sólidos no Município de Itaguaçu. Faculdades Integradas de Jacarepaguá. Monografia. Pós-Graduação em Geografia do Brasil. 2008, 66p.

 

TEIXEIRA E. N. Redução na fonte de resíduos sólidos: Embalagens e matéria orgânica. Em Bidone, F.R.A. (org.). Metodologias e técnicas de minimização, reciclagem e reutilização de resíduos sólidos urbanos. Rio de Janeiro: PROSAB, 1999.

 

TEIXEIRA, E. N; BIDONE, F. R. A. Conceitos básicos. Bidone, F.R.A. (org.). Metodologias e técnicas de minimização, reciclagem e reutilização de resíduos sólidos urbanos. Rio de Janeiro: PROSAB, 1999.

 

WIEBECK, H.; HARADA, J. Plásticos de Engenharia. Artliber: São Paulo, 2005.

Ilustrações: Silvana Santos