Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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Entrevistas
04/09/2012 (Nº 41) Entrevista com Eduardo Sejanes Cezimbra para a 41ª Edição da Educação Ambiental em Ação
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Educação Ambiental em Ação 41

Entrevista com Eduardo Sejanes Cezimbra para a 41ª Edição da Educação Ambiental em Ação

 

Apresentação – O entrevistado desta edição é Eduardo Sejanes Cezimbra, Dentista comunitário, homeopata, terapeuta floral e hipnólogo habilitado pelo CFO - Conselho Federal de Odontologia em práticas integrativas e complementares. Além de tudo isto, Eduardo é Facilitador  da RETRANS - Rede Transcultural Holista Tecendo -  Redes Vivas pela Cura de Gaia, desde 2001.  E foi da RETRANS que capturei sua apresentação pessoal, que já nos conta um pouco da sua trajetória:

 

Eduardo Cezimbra - Tenho 53 anos de vida, natural do Alegrete, cidade localizada na região da Campanha do RS (a Pampa gaúcha), onde vivi por 17 anos. Graças à biblioteca da minha escola pude ampliar minha visão de mundo, por isto sou muito grato aos livros, que me permitiram saber que há mais mistérios entre o céu e a terra do que supúnhamos os alegretenses, isolados naquele pampa aberto, fustigado pelo vento minuano. Graduei-me em Odontologia na UFPel (julho de 1983) e sempre brinco em minhas palestras, dizendo que são 30 anos deformado e que fui me reformando e me desdoutorando com as terapias alternativas que comecei a praticar e estudar graças ao empurrão de amigos e até de desconhecidos que chegavam para mim e diziam: “Vamos almoçar na macrobiótica?; Porque não fazes Homeopatia?; Lê este livro de Biocibernética Bucal!, etc. Agradeço, de coração, a todos eles que me deram estes valiosos toques! Detalhe: não foram dentistas. Após isto, comecei a valorizar demais estes grupos de estudo e encontros com pessoas das mais variadas atividades, em um mesmo espaço e tratando de um ou vários temas de interesse comum, a exemplo da Homeopatia, onde estudamos juntos, um veterinário, uma psicóloga, duas farmacêuticas e um médico, e o quanto isto foi importante para a minha transformação pessoal e profissional. Surge daí o IPETRANS e suas reuniões transdisciplinares e holísticas, que originou esta rede de Amigos por afinidades e reciprocidades, como podemos desfrutar nos diversos grupos que tenho a maior honra e satisfação de facilitar. Ou melhor, facilitar-nos! E, venha visitar-nos na Casa Verde Veludo, Estação Biorregional do IPETRANS em Belém Novo, às margens do Rio/Lago Guaíba, Porto Alegre/RS,Brasil. 

 

Bere Adams – Adorei ler na sua apresentação a importância dos livros em sua vida. Eles são, sem dúvida, passaportes para descobrirmos que o mundo é bem maior do que podemos imaginar, e isto amplia nossa visão dando um sentido maior à vida, alcançando a imensidão do universo. Você fala, também, de um processo de “desdoutoramento” quando você se iniciou nas terapias alternativas. O que você sentiu, de mais significativo, quando ingressou para esta visão holística, tendo (como a maioria de nós) uma formação tão fragmentada? 

 

Eduardo Cezimbra – A abordagem transdisciplinar e holística foi-me apresentada pelo curso de Homeopatia que comecei em 1992, e que conto na minha apresentação. Para mim, que vinha de um curso da área da saúde extremamente tecnicista, foi um salto de consciência imensurável e um resgate de tudo que a literatura, a arte, o cinema e a poesia tinham me apresentado. Aquela sensação de frustração que me abatia depois de um dia inteiro entre as quatro paredes de um consultório dentário foi substituída por uma satisfação de poder novamente descerrar as cortinas que a deformação tecnicista tinha fechado sobre minha visão de mundo.

 

Bere Adams – Pode-se, então, afirmar que uma abordagem holística pode ampliar horizontes e trazer maior significação e satisfação para a vida, de uma forma geral? Para quem não está acostumado com o termo “holístico”, como você o define?

 

Eduardo Cezimbra - Sim, uma abordagem holística te permite ter uma maior amplitude na tua cosmovisão, pois integra a parte ao todo. Holística deriva de holos, que significa todo, inteiro, portanto holística é a totalidade integrada de um fenômeno, podemos dizer que é maior que a soma de suas partes.

 

 Bere Adams – Qual a importância da Homeopatia para os tratamentos de saúde, e qual a associação que você faz da Homeopatia com as questões ambientais? 

 

Eduardo Cezimbra – A Homeopatia tem uma importância primordial para a promoção da saúde em sua totalidade, lado a lado com as medicinas tradicionais orientais e as nativas. Faço esta ligação direta entre as terapias holísticas e as questões ambientais em minhas palestras e artigos. Isso se deve à visão de mundo destas tradições, que não separam a realidade em partes e que tem consciência da interligação de todas as formas de vida com o planeta e o universo. Assim, qualquer tratamento, seja uma cirurgia, medicamento ou psicoterapia, sempre age na totalidade do indivíduo, quer admitamos ou não. Da mesma forma, qualquer agressão local ao meio ambiente provoca desequilíbrios em todo o planeta, como atualmente podemos constatar em diversas regiões vitais do Planeta, como as florestas, principalmente a Amazônica, as calotas polares e os oceanos.

 

Bere Adams – É possível dizer que a Homeopatia trata das causas dos problemas de saúde ou ela, igualmente à Alopatia, trata apenas os sintomas? Se é que é possível, trace um rápido paralelo entre estas estas formas de tratamento.

 

Eduardo Cezimbra - A Homeopatia Unicista busca tratar as causas profundas, o que é digno de cura no indivíduo doente. Já a Homeopatia Organicista trata os sintomas, sempre buscando os modos característicos de adoecer. A Alopatia atua suprimindo ou bloqueando os sintomas através do princípio do contrário, enquanto a Homeopatia trata a partir do princípio do semelhante, a partir da experimentação no ser humano sadio. Vale destacar que, nestes tratamentos sintomáticos, a Homeopatia age até 3 X mais rápido que a Alopatia.

 

Bere Adams – Vejo, pelas redes que participamos juntos, uma forte atuação sua nos movimentos e ações socioambientais. São movimentos pela defesa das florestas, pela defesa dos povos indígenas, entre outros. Recentemente tivemos a Rio + 20, que foi muito criticada por não alcançar os objetivos propostos. Qual é, para você, o maior legado destes movimentos e destes eventos que a mídia insiste em desvalorizar e menosprezar (com raras exceções)? 

 

Eduardo Cezimbra – Para mim um dos maiores legados destes movimentos e eventos é a conscientização de que todos temos que fazer a nossa parte, sem esperar apenas pelas decisões governamentais e que juntos, em redes de cooperação temos condições de alcançarmos nossos propósitos de cura da terra. 

 

Bere Adams – O ideal é viver na prática aquilo que acreditamos e pregamos, mas nem sempre conseguimos isto por diversas razões. O que, para você, é mais difícil de ser praticado em relação às atitudes sustentáveis? 

 

Eduardo Cezimbra – É a questão economicista, ainda baseada na cultura da escassez e da dependência ao dinheiro que estimula o individualismo e o "salve-se quem puder".

 

Bere Adams – Realmente os contextos culturais nos quais estamos inseridos revelam uma forma de vida predatória, fragmentada, excludente e elitista. Precisamos mudar isto! Você concorda que uma das maiores dificuldades que o ser humano tem é de mudar hábitos e atitudes? Se sim, comente um pouco, por gentileza, sobre sua visão em relação a esta dificuldade.

 

Eduardo Cezimbra - Constato que os hábitos e atitudes são moldados pelo zeitgeist, o espírito de uma época, e a nossa época é decididamente influenciada pela "falsa religião do progresso", como diz Konrad Lorenz, levando "a demolição do homem", a partir da perda de suas características mais humanas, em especial a sua capacidade de auto-sustentabilidade e a dependência excessiva de especialistas, seja na saúde, educação, cultura, alimentação, habitação, etc. Isso tudo muito manipulado pelos meios de comunicação de massa.

 

Bere Adams – O que você pensa sobre a Educação Ambiental quanto a sua inserção em todos os espaços sociais? 

 

Eduardo Cezimbra – A Educação Ambiental contribui muito para que alcancemos uma visão holística necessária para sairmos dos bretes setoriais que dividem e governam nossas atitudes e objetivos. 

 

Bere Adams – Como você lida com as questões tão contraditórias que nos rodeiam, como por exemplo, falar em excluir ou diminuir o uso de carnes para uma população que tem a carne como prato principal em suas comidas tradicionais (churrasco, galeto, salsichão...) ?

 

Eduardo Cezimbra – Vejo como uma questão de saúde pública, quando a carne é originária de nossos campos, e se faz a correlação do seu consumo excessivo com câncer e doenças cardíacas. Já, esta carne obtida pela destruição do Cerrado e da Floresta Amazônica é um crime ambiental e como tal deveria ser tratado.

 

Bere Adams – A forma como a maioria das pessoas se alimenta é um sério problema que também está ligado às questões ambientais e pouca gente consegue fazer esta associação, infelizmente. Além dos problemas de saúde física, esta má alimentação também causa problemas de ordem psíquica, tornando as pessoas nervosas, irritadas e deprimidas. A depressão, atualmente, atinge desde crianças até idosos. O que você recomenda, além de mudanças na alimentação, em termos de atitudes, para que as pessoas se sintam mais integradas e mais alegres?

 

Eduardo Cezimbra - Muito destes sintomas influenciam a escolha dos alimentos. Na Homeopatia se pergunta aos pacientes a quais alimentos estão tendo aversão ou desejo, pois ajuda muito a descobrir que emoção está desequilibrada. Por exemplo, o medo aguça o desejo de sal, assim como a preocupação desperta o desejo de doces, e assim com todos os sabores. Aliás, em todas as medicinas tradicionais, como a medicina chinesa e a ayurveda esses desejos e aversões são sempre considerados.

 

Bere Adams – O que você indica para se ter uma vida mais saudável?

 

Eduardo Cezimbra – Para a grande maioria da população mundial espremida em megalópoles fica difícil, muito difícil ter uma vida saudável. O que se pode recomendar é procurar se desintoxicar cotidianamente com própolis verde, homeopatia, florais e acupuntura, incluo aqui o do-in e, óbvio, uma alimentação sem agrotóxicos, saudável e diversificada. 

 

Bere Adams – Em quem você se inspira para buscar um mundo melhor? 

 

Eduardo Cezimbra – Na Mãe Terra e na espiritualidade como sentido e propósito de vida. 

 

Bere Adams – Como você aplica a sustentabilidade no seu dia-a-dia, em sua casa e em seu trabalho? 

 

Eduardo Cezimbra – Sustentabilidade no meu dia-a-dia é dispensar os apelos da propaganda e a pressão social e política para o consumismo e procurar viver com muita simplicidade, sem se endividar e sem desperdício. 

 

Bere Adams – Agora, antes de encerrar esta entrevista, indique os links (endereços eletrônicos) para que as pessoas possam conhecer mais sobre você, seu trabalho, e o trabalho na RETRANS-Rede Transcultural Holista, e também para fazer contato:

 

Eduardo Cezimbra -http://transnet.ning.com/

                                 http://www.facebook.com/eduardo.sejanescezimbra

                                 https://twitter.com/Edu_Cezimbra     

 

 

Bere Adams – Finalizando, então, deixe um recado para nossa equipe e para todas as pessoas que prestigiam esta publicação, por gentileza: 

 

 

Eduardo Cezimbra – Prossigamos cada vez mais juntos tecendo as nossas redes de saberes e cooperação pela Cura da Mãe Terra! Grato por tudo! 

 

Bere Adams – Prezado Eduardo, foi um prazer realizar esta entrevista com você e conhecer mais a fundo seu trabalho e sua visão em relação às questões tratadas. Agradeço, em nome de toda equipe da revista, por sua disponibilidade de compartilhar sua experiência conosco, que certamente dá um brilho todo especial para esta edição, muito obrigada,

Bere Adams e Equipe da Educação Ambiental em Ação!

Ilustrações: Silvana Santos