Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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Breves Comunicações
04/09/2012 (Nº 41) Desenvolvimento e Sustentabilidade: uma discussão socioeconômica e ambiental
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Educação ambiental em Ação 41

Desenvolvimento e Sustentabilidade: uma discussão socioeconômica e ambiental

  

Manassés dos Santos Silva*

 

 

 

* Técnico em Meio Ambiente

(Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia-IFBA)

* Graduando em Bacharelado em Biotecnologia

(Universidade Federal da Bahia-UFBA)

 

 

Resumo

Com o avanço do desenvolvimento tecnológico e econômico, surgiu por parte da sociedade, uma maior percepção em relação ao meio ambiente e a sustentabilidade. O conceito de desenvolvimento sustentável pode ser definido como o reconhecimento da insustentabilidade ou inadequação econômica, social e ambiental das sociedades atuais e a utilização de ferramentas de sustentabilidade podem ser aplicados para a busca do desenvolvimento adequado das sociedades. O objetivo dessa discussão é promover uma abordagem crítica sobre o conhecimento do Desenvolvimento Sustentável na sociedade, baseada em artigos relacionados.

 

Palavras-chave: Desenvolvimento, Sustentabilidade, Meio Ambiente, Biotecnologia, Sociedade.

 

Introdução

Com o avanço do desenvolvimento tecnológico e econômico, surgiu por parte da sociedade, uma maior percepção em relação ao meio ambiente e a sustentabilidade. Essa graduada transformação que segue a cada ano deste século XXI proporcionou o surgimento do conceito mais reflexivo de avaliar a sustentabilidade do desenvolvimento e assim propor o desenvolvimento sustentável como um fator social. O conceito de desenvolvimento sustentável pode ser definido como o reconhecimento da insustentabilidade ou inadequação econômica, social e ambiental das sociedades atuais, mas ainda pode-se também conceitua-lo como um projeto para a sociedade atual e do futuro para garantir a sobrevivência dos grupos sociais e do meio ambiente.

A utilização de ferramentas de sustentabilidade pode ser aplicada para a busca do desenvolvimento adequado das sociedades. Dentre as principais destacam-se: 1) Pegada ecológica (Ecological Footprint Method): onde considera que o espaço ecológico possui a capacidade de um sistema ou unidade e que contribui para a conscientização da sociedade em explicar a relação com o meio ambiente. Essa ferramenta utiliza cálculos que determinam uma área necessária para uma população, utilizando medias nacionais de consumo e produtividade da terra. Para alcançar a sustentabilidade a Pegada Ecológica propõe que o sistema precisa levar em consideração o tempo e a capacidade de regeneração do ecossistema tornando se assim a ferramenta mais utilizada em vários países; 2) Painel de Controle da Sustentabilidade ( Dashboard of Sustainability): é uma ferramenta que agrega três medidas de dimensão da sustentabilidade que são econômica, social e ambiental. Utiliza cálculos para obter a media das três medidas e assim estabelecer o Índice de Desenvolvimento Sustentável – DS. Porém, a dificuldade este em avaliar a sustentabilidade de um sistema em investigar as medidas envolvidas, contudo, a interação dessas medidas aumenta a complexidade do sistema; 3) Barômetro de Sustentabilidade ( Barometer of Sustainability): Auxilia agências governamentais e não governamentais, tomadores de decisões e indivíduos da área do desenvolvimento sustentável. Permite a combinação de vários indicadores por meio de índices utilizando muitos dados, que por muitas vezes são contraditórios e utilizam também apenas os indicadores eficazes para combinar os índices de dimensão.

Assim, para ser entendido o desenvolvimento sustentável, há á necessidade da existência de levantamento de questões, instituições reflexivas, foco nas pessoas, e que pessoas e ecossistemas tem igual importância no desenvolvimento.

 

A situação sustentável no meio urbano

 

O surgimento de assentamentos nas grandes cidades tem provocado diversos e frequentes problemas urbanos, para a sociedade atual, que cresce descontroladamente em termos de ocupação de território inadequado, comprometendo assim os recursos naturais e aumentando a precariedade da qualidade de vida das populações e inibindo a sustentabilidade eficiente. Para tal crise, a formulação e implantação de politicas públicas, podem promover um meio de alcançar com mais eficiência a sustentabilidade. Essa relação entre crescimento populacional e assentamentos urbanos, pode ser observada, principalmente, com o surgimento da indústria em décadas passadas, onde provocou diversas mudanças nos padrões de vidas das pessoas, como por exemplo, a migração do campo para a cidade, devido à busca por melhores condições de sobrevivência e assim provocou uma desordem social neste período.

Essas questões tem despertado a consciência pública nas últimas décadas, promovendo o surgimento de agendas e documentos para investigação e avaliação relevante dessa problemática urbana. A discursão sobre os centros urbanos sustentáveis só tomou espaço nos últimos anos com a estratégia de construir cidades ecologicamente corretas. O padrão insustentável urbano está diretamente relacionado com a capacidade de cada cidade e pensando dessa forma como um ecossistema construído e com pouco recurso natural para utilizar e que ainda atende ou suportam outros centros urbanos. Dessa forma, exigir das cidades reorganização para ter um sistema de gestão adequado e sustentável e de fundamental importância.

O desenvolvimento urbano implica de um lado o crescimento de todos os segmentos e do outro do desperdício e da desigualdade social. Para isso a Agenda XXI é uma ferramenta fundamental que tem como proposta promover a melhoria social e a redução da degradação ambiental. Outras agendas semelhantes podem ser destacadas como a Agenda Verde que enfoca a preservação dos recursos naturais e a Agenda Marrom que estabelece os problemas urbanos relacionados ao crescimento desordenado das cidades.

E não seria diferente, ao relacionar o desenvolvimento sustentável aplicado à agricultura e zona rural. Para isso é importante compreender que a agricultura está inserida em grande proporção nas zonas rurais e que a sua finalidade é atender as necessidades, principalmente, da alimentação humana exigindo assim a dependência de muitos fatores climáticos, sócias, econômicos e técnicos.

 

Agricultura sustentável

 

A agricultura sustentável não constitui um conjunto de práticas especiais, mas um objeto capaz de alcançar um sistema produtivo de alimentos, aumento da produtividade dos recursos naturais e dos ecossistemas agrícolas, produzir alimentos sadios, integrais e nutritivos, garantir uma renda suficiente para o nível de vida de cada trabalhador rural. Uma pauta a ser mencionada nesta discursão é a agricultura orgânica que não utiliza sementes melhoradas geneticamente, fertilizantes e defensivos agrícolas tornando-se assim uma agricultura também sustentável.

A agricultura familiar cujas características são de diversificação produtiva, subsistência e relação com o meio ambiente, possui condições que promovem a passagem de uma agricultura de exploração para outra e nova de sustentabilidade. E sendo assim a está agricultura deve ser à base de um novo modelo capaz de alcançar o desenvolvimento sustentável rural, com a atuação das politicas públicas.

A conservação e preservação de florestas e da biodiversidade não ficariam de lado ao falar-se de sustentabilidade e relatar essa questão torna-se necessário, por que tem como ferramenta o interesse social a partir do Código florestal que emprega leis que vetam a ocupação urbana inadequada e áreas de riscos, mantendo uma determinada parcela da vegetação nativa nas propriedades urbanas e rurais, sendo que nessas ultimas, essas são denominadas de Áreas de preservação Permanentes (APPs). O Código Florestal passou por diversas mudanças nos últimos anos e que atualmente não é totalmente praticável o que prejudicando a agricultura, principalmente, a familiar. O Código atual é um documento que visa harmonizar minimamente o homem com o meio ambiente, buscando dar a esta relação uma sustentabilidade ambiental, social e econômica também, pois não preservar os ecossistemas é destruir a base de produzir riquezas pelos humanos.

 

Biotecnologia sustentável

 

Contudo, técnicas sustentáveis para a busca do desenvolvimento adequado para a população podem ser obtidas por meio da Biotecnologia, área essa que cresce rapidamente devido ao avanço tecnológico aperfeiçoado. A Biotecnologia tem a capacidade de aumentar a saúde humana, a sustentabilidade ambiental e o bem-estar dos consumidores segundo diversos pesquisadores da área.

As vantagens da Biotecnologia vão muito além de benefícios ambientais e agrícolas. Os consumidores já estão experimentando os benefícios de alimentos mais saudáveis e a previsão é de que esses benefícios cresçam ainda mais rápidos. Plantas com Biotecnologia enriquecidas com nutrientes, e no caso de grão de soja, uma grande variedade de benefícios de saúde provenientes de aprimoramentos no conteúdo de proteínas e óleos poderão ser conhecidas por diversos produtores, pois assegurar a segurança do consumidor é um fator crucial.

 

Considerações Finais

Portanto, existe uma base científica e infraestrutura sólida e crescente no Brasil, nas diferentes áreas do conhecimento científico e tecnológico, o que fundamenta as possibilidades de desenvolvimento de produtos da Biotecnologia com base na biodiversidade nacional. Entretanto, é necessário um arcabouço político e jurídico mais ágil, capaz de entender a imperativa necessidade da introdução de novas tecnologias nos sistemas produtivos, que constituem opções viáveis de avanço econômico com significativos benefícios da sociedade, buscando dessa forma a sustentabilidade por técnicas biotecnológicas, mesmo competindo com técnicas convencionais que visam principalmente o setor econômico.

 

 

Referências

BELLEN, Hans Michael Van. Desenvolvimento Sustentável: Uma Descrição das Principais Ferramentas de Avaliação. Ambiente & Sociedade – Vol. VII nº. 1 jan./jun. 2004.

 

CORREIA, Vitor Guimarães; FILHO, Reubes Valério da Gama; GUIMARÃES, Marco Cesar Cunegundes. Biotecnologia e Desenvolvimento Sustentável no Brasil. Revista Visões 4ª Edição, Nº4, Volume 1 - Jan/Jun. 2008.

 

MACIEL, Caio. Reforma Agrária, Movimentos Sociais e Agricultura Sustentável no Brasil. Disponível em < http://www.ufpe.br/revistageografia/index.php/revista/article/viewFile/33/5 >. Acesso em 06 de Março de 2012.

 

PATERNIANI, Ernesto. Agricultura Sustentável nos Trópicos. Estudos Avançados 15 (43), 2001.

 

SCHENBERG, Ana Clara Guerrini. Biotecnologia e Desenvolvimento Sustentável. Estudos Avançados 24 (70), 2010.

 

SILVA, Lucia Sousa; TRAVASSOS, Luciana. Problemas ambientais urbanos: desafios para a elaboração de políticas públicas  integradas.   Cadernos metrópole 19 pp. 27-47 10 sem. 2008.

 

VÁSQUEZ, Silvestre Fernández. Possíveis impactos da Biotecnologia no meio ambiente, especialmente na população humana. Revista Biociências, UNITAU. Volume 14, número 1, 2008. Disponível em periodicos.unitau.br .

 

WWF, Brasil. Código Florestal: Entenda o que está em jogo com a reforma da nossa legislação ambiental. Disponível em < http://www.wwf.org.br/informacoes/?27443/Codigo-Florestal-Entenda-o-que-esta-em-jogo-com-a-reforma-de-nossa-legi

Ilustrações: Silvana Santos