Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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04/09/2012 (Nº 41) Nosso Futuro: só depende de nossas ações hoje!
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Educação Ambiental em Ação 41

Nosso Futuro: só depende de nossas ações hoje!

 

 

Eduardo Beltrão de Lucena Córdula

 

Especialista em Supervisão Escolar (IESP/2009); Biólogo com Licenciatura Plena (UFPB/2002); Pesquisador do GEPEC-Grupo de Estudos e Pesquisas em Ensino de Ciências (UFPB/CE-CNPq); Professor de Educação Básica da Prefeitura Municipal de Cabedelo-PB. E-mail: ecordula@hotmail.com

 

 

1. A Origem

 

Desde o começo do universo, é sabido que houve o chamado “big-bang” (grande explosão), denominação dada a teoria da qual defende que houve uma concentração de matéria e energia numa proporção gigantesca e incalculável para nós leigos, mas que originou esta explosão. A partir dela, porções de matéria se concentrarão no espaço cósmico formando os sistemas solares. Cada sistema solar possui uma estrela (sol) e ao seu redor planetas, que por sua vez podem possuir um ou mais satélites naturais. Estima-se cerca de 10 milhões de sistemas solares no universo, que apesar de parecer infinito, é finito e possui o formato de um octaedro, segundo pesquisas mais recentes. Aliadas a esta teoria, têm a da expansão do universo que afirma que o universo surgiu desta explosão e que de do seu centro toda a matéria esta expandindo e se afastando deste ponto inicial, porém, chegará a um limite de afastamento, que levará bilhões de anos e haverá um retrocesso, sendo todos os corpos celestes criados a partir daí, serão atraídos novamente ao ponto inicial do big-bang e ocorrerá uma condensação e novamente um novo big-bang (CÓRDULA, 2010e; 2012d).

 

2. O Planeta

 

            A Terra, quarto planeta do sistema solar, também conhecido por planeta azul em virtude da quantidade de área coberta por água, quando vista do espaço, está segundo São Paulo (1999, p. 27), dividido em três sistemas de ser:

 

1. o planeta físico – atmosfera, hidrosfera (águas) e litosfera (montanhas e solos) – obedecendo às leis da física e da química; 2. a biosfera – com todas as espécies que obedecem às leis da física, da química, da biologia e da ecologia; 3. a tecnosfera e a sociosfera – o mundo criado pelo homem com edificações e máquinas, governos e economias, artes, religiões e culturas, obedecendo às leis físicas, químicas, biológicas e ecológicas, e também, às leis feitas pelos homens.

 

            Dentro da enorme complexidade que é nosso planeta, o foco principal será dado a questão do termo designado como “meio ambiente”, que ainda é palco de discussões.

 

O Meio Ambiente    

 

A definição de meio ambiente passou por muitos debates e discussões até chegar finalmente a um consenso, e que fosse aceito e assimilado rapidamente pela população global. Para Tanner (1978), mais importante que defini-lo é compreender sua real importância planetária. Sendo assim, definições podem ser citadas como:

 

Ambiente é genericamente, qualquer conjunto de coisas, forças ou condições em relação com algo que existe ou ocupa um lugar. Sociólogos, especificamente, distinguem entre ambientes naturais físicos e ambientes sociais (JOHNSON, 1997, p. 07).

 

Meio Ambiente é a reunião do ambiente físico e seus componentes bióticos. A expressão “meio ambiente” é considerada por alguns autores como dúbia e pleonástica e como tal, inclui dimensões muito amplas com conotações econômicas, sócio-culturais e de segurança, inerentes ao ambiente humano (GRISI, 2009, p. 197).

 

O termo ambiente não deve ser usado para designar apenas os locais onde a natureza está em perfeito equilíbrio, mas também aqueles que foram modificados para serem por nós explorados economicamente ou não, estabelecendo com eles uma relação de interdependência (SOUZA entre outros, 1999, p. 13).

 

Ambiente é (1) Soma dos inúmeros fatores que influenciam a vida dos seres vivos. O mesmo que meio e ambiência. (2) Conjunto das condições externas ao organismo e que afetam o seu crescimento e desenvolvimento. (3) Conjunto de condições que envolvem e sustentam os seres vivos no interior da biosfera, incluindo clima, solo, recursos hídricos e outros organismos. (4) Soma total das condições que atuam sobre os seres vivos. E Meio Ambiente é (1) Apresentam-se, para meio ambiente, definições acadêmicas e legais, algumas de escopo limitado, abrangendo apenas os comportamentos naturais, outras refletindo a concepção mais recente, que considera o meio ambiente um sistema no qual interagem fatores de ordem física, biológica e sócio-econômica. (2) O conjunto, em um dado momento, dos agentes físicos, químicos, biológicos e dos fatores sociais susceptíveis de terem um efeito direto ou indireto, imediato ou o termo, sobre os seres vivos e as atividades humanas (AMBIENTE BRASIL, 1999, p. 01).

 

Meio Ambiente é o conjunto de condições e influências naturais que cercam um ser vivo ou uma comunidade e que agem sobre ele(s) (FERREIRA, 2001, p. 454).

 

Meio Ambiente – o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordens físicas, químicas e biológicas, que permite, abrigam e regem a vida em todas as suas formas. Pode ser entendido também como produto das relações do ser humano com a natureza sofrendo constantes transformações no decorrer desse processo (GUERRA; ABÍLIO, 2006, p. 29).

 

Meio Ambiente é (...) o conjunto de condições, leis, influências, alterações e interações de ordem física, química e biológica, que permitem abrigar e reger a vida em todas as suas formas (GUERRA, 2007, p. 64).

 

Entende-se como meio ambiente o planeta e todos os seus constituintes, ou seja, um Meio Ambiente Global (VERNIER, 1994). O ser humano, parte integrante deste, há muito insiste em permanecer de fora deste sistema global, se colocando como manipulador e modificador, daí algumas definições não incluírem explicitamente a nossa identificação. No entanto, a história mostra que somos um membro integrante do meio ambiente.

Como se vê, uma definição mais esclarecedora do termo incluindo o ser humano está nos Parâmetros Curriculares Nacionais, nos Temas Transversais (BRASIL, 1998, p. 233), onde:

 

O termo meio ambiente tem sido utilizado para indicar espaço (com seus componentes bióticos e abióticos e suas interações) em que um ser vivo vive e se desenvolve, trocando energia e interagindo com ele, sendo transformado e transformando-o. No caso dos seres humanos, ao espaço físico e biológico soma-se o espaço sociocultural. Interagindo com os elementos do seu ambiente, a humanidade provoca tipos de modificação que se transformam com o passar da história. E, ao transformar o ambiente, os seres humanos também mudam sua própria visão a respeito da natureza e do meio em que vive.

 

E atualmente, a melhor definição para Meio Ambiente seria mais simples do que apresentam. Pode-se defini-lo com uma única palavra adjetivando-o como: TUDO, e este, epistemologicamente incluiriam como sinônimo o planeta Terra, do qual fazemos parte, onde cada ação gerada em qualquer parte corresponde a uma reação (CAPRA, 2001), integrando a natureza, suas forças e seres, e a sociedade humana com todas as suas virtudes e crises (CÓRDULA, 2010a).

O Meio Ambiente, por tanto, é um tudo que há muito foi dicotomizada em duas partes: em ambiente natural e o ambiente humano, mas que deveria nunca ter acontecido.

 

Ambiente – Conjunto de fatores naturais, sociais e culturais que envolvem um indivíduo e com os quais ele interage, influenciando e sendo influenciado (GUERRA; ABÍLIO, 2006, p. 30).

                                     

Da natureza, em que não há trabalho ou intervenção do homem, que segue a ordem natural das coisas.” Onde a Natureza são “todos os seres que constituem o universo. Força ativa que estabeleceu e conserva a ordem natural de tudo quanto existe. (FERREIRA, 2001, p. 481).

 

Portanto, é considerada a integração harmoniosa dos organismos com o ambiente em que estão inseridos, mantendo relações de dependência intrínseca, com necessidades de matéria orgânica e energéticas, que passam de um ser vivo para outro através do que é chamado de: cadeia alimentar. Nesse contexto, têm-se os principais conceitos como nicho, hábitat, ecossistema e cadeia alimentar para explicar o frágil equilíbrio que se mantém na natureza (ODUM, 1988; DIAS, 1998).

Na realidade a base do ambiente natural é o próprio ecossistema.  

 

Ecossistema, é um sistema ecológico natural constituído por seres vivos (componente biótico) em interação com o ambiente (componente abiótico), onde existe claramente um fluxo de energia que conduz a uma estrutura trófica, uma diversidade biológica e uma ciclagem de matéria, com uma interdependência entre os seus componentes (GRISI, 2009, p. 105).

 

Todo o globo, ou biosfera, é em verdade um sustentáculo da vida, que está poeticamente em movimento, um balé constante neste nosso "Planeta Água", onde a vida brota, se modifica evolui, prospera e entra em extinção (MATURANA; VARELA, 1997; VERNIER, 1994).

 

Biosfera é o espaço do globo terrestre ocupado pelos seres vivos. Portanto, refere-se à toda superfície terrestre (litosfera), às águas e sedimentos de ambientes aquáticos (hidrosfera) e à porção da atmosfera habitada pelos organismos que voam (pássaros) ou que flutuam (bactérias) (GRISI, 2009, p. 46).

 

Na biosfera tem-se, portanto, a tão discutida biodiversidade. Para muitos, simplificadamente, é a quantidade de espécies de um determinado hábitat de uma região ou bioma (GRISI, 2009, p. 42). Mas, para outros autores, compreende fatores como o potencial biotecnológico.

 

O Brasil é um país megadiverso abrigando cerca de 20% de toda a diversidade biológica mundial. Isso confere ao país extraordinária competitividade diante de demandas ambientais e biotecnológicas nas quais o capital natural pode gerar, se bem administrado, grandes benefícios econômicos e sociais (LIMA, 2007, p. 83).

 

Assim, conhecer a biodiversidade deve ser um dever de todos os governos federal, estadual e municipal e claro, de toda a sociedade (LIMA, 2007, p. 85).

 

A conservação e preservação do meio ambiente, da biosfera e dos ambientes naturais estão para o nosso modo de vida, já que ele é baseado na exploração destes recursos, sendo dever do ser humano hoje, encontrar uma forma sustentável de coexistência. Como exemplo, atualmente a ciência conhece cerca de 280 mil espécies de plantas com flores no planeta e destas, apenas 0,5% tiveram suas substâncias para uso medicinal identificada (LIMA, 2007).

 

3. A Vida

 

            A vida surge das condições mais improváveis e, inexplicávelmente ela sobrevive, se desenvolve e evolui apesar dos ambientes inóspitos que possam existir. Ao falarmos de vida, não estamos tratando especificamente de um ser vivo específico, mas qualquer organismo que esteja apto a surgir ou sobreviver em tais circunstâncias (CÓRDULA, 2010a).

            A ciência avançou inexplicavelmente nos últimos 50 anos, conseguimos façanhas que serão comentadas por décadas, mas o que não descobrimos ainda são outras formas de vida em outros planetas. Por esta razão, nosso planeta é tão especial e único, e, mesmo assim, continuamos a negar esta importância e a dádiva que aqui ocorre diariamente, em todos os lugares, à nossa volta. Uma explosão de vida, das mais variadas formas, tamanhos, cores, movimentos, exalando odores, emitindo sons e encantando os olhos atentos de seres humanos capazes de compreender que fazemos parte desta grandeza, interagimos e estamos interligados a esta maravilha única que é a vida (CÓRDULA, 2012b).

Tempo é crucial, pois nele a vida surgiu, evoluiu e se adapta. Porém, o tempo é diferente para todo no universo. Um dia para uma bactéria é muito, para o ser humano é pouco, mas ano para o nosso planeta é nada, já que ele evoluiu em milhões de anos e, para o universo é ínfimo, pois nele as coisas acontecem em bilhões de anos. Para nós, que surgimos (nascemos), crescemos, constituímos famílias e transcendemos a realidade, podemos, durante a nossa existência, ver como todos os organismos integrantes do sistema vital planetário cumprem com seu papel na inexplicável teia que mantém a vida (CAPRA, 2001; 2006; CÓRDULA, 2010a; 2012d).

           

4. O Fim da Humanidade?!

 

É de a natureza humana demorar a reconhecer seus erros e tomar decisões que mudem e corrijam as falhas cometidas. Estamos fadados a um futuro incerto, mas na certeza de que nossa espécie esta ameaçada de extensão, pelos danos que causamos a este planeta por considerarmos que somos dono dele (CÓRDULA, 2011a).

Durante a trajetória da história de nossa espécie, percebemos que somos motivados a conquistar, tomar posse e destruir tudo aquilo que nos rodeia. Somos fadados a autodestruição, na medida em que somos canibais pelo poder, e medimos forças através dos tempos, onde as civilizações se destroem pela ganância da dominação de demais nações subdesenvolvidas, em virtude do tamanho do ego de reis, governantes e ditadores que acreditam serem superiores, mas que na essência estão longe disto (CAPRA, 2006; CÓRDULA, 1999a; 2011a).

 Temos o potencial de comandar nosso próprio destino, mas a individualidade e a ganância gerada durante o alicerce da sociedade, que a todo custo se apoderava de bens materiais, degradou e inferiorizou a vida, dando-lhe valores irrisórios (CÓRDULA, 1999d). Acumulamos riquezas fúteis, que para muitos valem mais que uma vida e o mundo se tornaram capitalista-selvagem, ou seja, movido, ostentado e sustentado pelo capital (minérios “preciosos”) (CÓRDULA, 2012c).

Somos movidos por uma tentativa vão de organizar um sistema social, político e econômico que determine a vidas de todos os seres humanos, mas infelizmente, quem nos representa, estão mais interessados em acumular benefícios próprios e esquecem-se do essencial que é a valorização acima de qualquer coisa da dádiva da vida. E, nesta roda de ganância, percebemos o fim trágico que isto irá nos levar. Sentimos, percebemos e sabemos, mas muitos continuam a vagar suas mentes por um universo particular ínfimo, mínimo, que não conseguem ainda entender que dependemos uns dos outros para conseguirmos sobreviver (CAMPOS, 2011; CAVALCANTI, 2010; CÓRDULA, 2012d).

No dia em que conseguirmos evoluir psico-sócio-economicamente e dissociar a questão monetária que controla nossas vidas, para passarmos a vivermos como uma verdadeira sociedade, contribuindo para o nosso contínuo desenvolvimento e entendimento de que o universo interior e exterior são correlatos e interdependentes, passaremos a criar um nirvana terrestre, onde os avanços tecnológicos serão inimagináveis, que respeitem o ser e não o ter (BOFF, 1999; CÓRDULA, 2011b).

Temos urgência em construir um modelo de desenvolvimento que se baseia no padrão sistêmico dos fenômenos planetários e do universo. Um modelo que insurgisse em poucas décadas, a mudança total do modo de vida e do consumo no planeta. Para isto, haveria de termos a retomada da produção de ecotencologias verdadeiramente duráveis, com menor consumo de energia e menor produção de calor – tecnologias frias – o que diminuiria a necessidade de produção energética elétrica e pouparia os recursos naturais. Além da necessidade de desativação da produção de energia por hidroelétricas, termoelétricas, e principalmente as nucleares, que poderiam e já deveriam terem sido substituídas por energia solar, eólica, maremotriz e tantas outras que não agridem de forma alguma o ambiente. E abandono imediato da utilização dos combustíveis fósseis, e SIM, utilização de motores movidos a hidrogênio ou eletricidade; redução na produção de resíduos e reciclagem total dos resíduos domésticos e industriais, para, definitivamente, revertermos o quadro de degradação dos ambientes que nós mesmos causamos por gerações a finco, e avivarmos uma consciência planetária para utilização destas novas tecnologias e concepção de vida (CAPRA, 2001; 2006; CÓRDULA, 2009; 2010b; 2010d; 2011b, 2011c; DIAS, 1998; 2006).

Enquanto isto não ocorre, alguns dão toda a sua vida para melhorar a humanidade, são seres humanos holostêmicos, ou seja, verdadeiramente humanos (CÓRDULA, 2012b). Por isso nada muda, ou quando uma mudança ocorre é tímida ou desacredita, porque, no final, o que importa para muitos é a ganância pelo capital e que nunca dará uma qualidade de vida, da qual precisamos verdadeiramente (CAPRA, 2006). Pessoas perdem todos os dias sua qualidade de vida; perdem suas vidas em diversas partes do planeta, por diversos motivos, muitos deles banais (CÓRDULA, 2010c). A sociedade se fragmenta e consome junto com ela ambientes naturais, que sofrem pelo avanço egoísta da humanidade na tentativa de sobreviver ao caótico sistema criado pela humanidad. Porém, para cada ação que a humanidade dá em direção aos avanços tecnológicos para melhoria da qualidade de vida, fragiliza mais ainda o equilíbrio planetário, e, como uma enfermidade que atinge parasitando e provocando distúrbios, espalhando a doença do progresso à custa ambiental, o planeta vem há décadas, com seu sistema linfático reagindo e produzindo os anticorpos para expurgar o mal que lhe aflige (CAPRA, 2001; 2006; CÓRDULA, 2012b). Não somos nós que estamos sofrendo e sim, o planeta, projetar analogicamente as enfermidades que acometem nosso corpo.

Por acharmos que a Terra não e um organismo, estamos consumindo tudo e ferindo-a, pois assim como nós, ela se refaz, se regenera e evolui ao longo do tempo: Gaia (LOVELOCK, 2006). Ela também reage, que, para nós, é a nível global e, como consequência, nossa sociedade não está preparada para lidar com isto, pois, não somos uma entidade coesa e preocupada com os demais de nossa própria espécie, e pior ainda, com as demais populações que forma a comunidade viva de Gaia (CÓRDULA, 2010c).

Da mesma forma que fomos condicionados, podemos nos descondicionarmos a mediada em que adquirimos conhecimentos, pois o saber é o verdadeiro poder que liberta a mente, o corpo e a alma para um novo mundo repleto de novas possibilidades (CÓRDULA, 1999b). Mas nem todos durante sua pequena estadia no planeta, conseguem atentar para isto, e passam a vida sem saber que existem maravilhas e vislumbres acessíveis a todos, através do conhecimento criado e desenvolvido por mentes brilhantes que perceberam que havia muito mais do que há por trás do alcance dos seus olhos. Perceberam que no horizonte do universo interior o início para mudarem o universo exterior (CÓRDULA, 1999a).

Mudar é uma garantia de nossa sobrevivência, pois estamos infelizmente fadados a destruir a humanidade (CÓRDULA, 2012d).

 

5. O Futuro da Humanidade

 

O Aquecimento Global é motivo de preocupação para muitos cidadãos conscientes e para a comunidade científica, mas para poucos governantes e detentores capitalistas da economia mundial. Porém, não precisamos mais nos preocupar com a Terra em si, pois ela possui seus processos naturais de regeneração e cura, pois o aquecimento está agora, se revertendo no Resfriamento Global. De alguma forma, Gaia não sucumbe à força impetuosa da humanidade, que é guiada por mãos egoístas e controladoras do destino de todos que nela habitam. Este planeta, do qual fazemos parte, e corriqueiramente chamamos de nosso, é que nos possui, e não podemos simplesmente lutar contra ele, modificando-o, intoxicando e destruindo a vida que nele brota, evolui e é prospera em todas as suas formas e complexidades sistêmicas de interação. (CÓRDULA, 2010d).

Infelizmente, este processo de autorefazimento do planeta – reação as mudanças brutais impomos a ele ao longo dos séculos – se refletem em escala global, delineando um novo mapa abiótico (geológico, climático, aquífero, etc.) e biótico (todos os seres vivos ou biosfera), que está entrando novamente em um equilíbrio ecossistêmico. No meio deste, estamos nós, e apesar de sermos os organismos mais adaptáveis, por modificarmos o ambiente, não estamos nos percebendo dentro deste processo e, consequentemente, as tragédias humanas ocorrem, onde centenas ou milhares de vidas são ceifadas rapidamente, por tsunamis, vulcões ativos, terremotos, enchentes, nevascas, etc. – e nos sentimos impotentes perante tal processo, mas o que temos que fazer é entender que isto continuará a ocorrer até a completa homeostase planetária, mas quando irá diminuir, isto não sabemos. O que sabemos é porque começou, qual momento de nossa história começou já que somos protagonistas deste processo que denominamos de caos ecológico (CÓRDULA, 2011a; MATURANA; VARELA, 1997).

Estamos em pleno século XXI, o tão esperado momento da humanidade, vislumbrado, sonhado e até temido por muitos ao longo da história, como o término ou renascimento áureo da nova era. Para alguns houve a decepção, mas para muitos a esperança de um tempo onde as mazelas que afligem o ser humano não mais existiriam, e sim, estaríamos em franco desenvolvimento harmônico, prospero e de plenitude de nossa espécie em nosso planeta (CÓRDULA, 2012a).  Utopicamente, uma sociedade sem medo do futuro, mais voltada para o presente e para contemplação da vida em todas as suas formas. Mas pelo contrário, estamos ainda caminhando opostamente a todo este cenário de nirvana social. Temos em verdade, que nos preocuparmos em curarmos a nós mesmos, para entrarmos em equilíbrio sistêmico com a nossa própria espécie, para consequentemente, com o meio ambiente. A humanidade busca incessantemente pela evolução tecnológica ao longo dos séculos, numa competição ilusória de poder e hegemonia que influenciou gerações a finco, e que foram levadas a esquecerem de evoluir espiritualmente e socialmente, nas relações interpessoais, o que garantiria uma humanidade mais humana, sustentável (CÓRDULA, 2012b; CÓRDULA, 2010a). Lembremos que sempre é tempo e há tempo para mudanças e novos paradigmas para a humanidade.

 

REFERÊNCIAS

 

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Ilustrações: Silvana Santos