Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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04/09/2012 (Nº 41) ANÁLISE DOS PROJETOS AMBIENTAIS DESENVOLVIDOS NUMA ESCOLA RURAL E A PARTICIPAÇÃO DOS(AS) DOCENTES NO I SEMINÁRIO DE PROJETOS EDUCATIVOS E EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM ESCOLAS RURAIS – UFSCAR
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Educação ambiental em Ação 41

 ANÁLISE DOS PROJETOS AMBIENTAIS DESENVOLVIDOS NUMA  ESCOLA RURAL E A PARTICIPAÇÃO DOS(AS) DOCENTES NO I SEMINÁRIO DE PROJETOS EDUCATIVOS E EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM ESCOLAS RURAIS – UFSCAR.

 

MAGRI,G.G.¹; FIGUEIREDO, R.A.²

¹ Pós-graduando, PPGADR/UFSCar, geisy_bortolucci@hotmail.com; Rua Bauru, 312 – Araras/SP. (19) 9796-5860;

² Docente, CCA/UFSCar

 

Resumo

 

            Analisando o cenário da educação ambiental realizada nas escolas, vemos crescer a incorporação de projetos educativos ambientais contínuos dentro dos conteúdos de aprendizagem, atuando na construção de um conhecimento que transforma e incentiva as práticas da cidadania, autonomia e da ética, através da realização de projetos que integram os conhecimentos escolares e a realidade ambiental dos(as) alunos(as). Pensando em articular a comunidade escolar  e a sociedade com os projetos educativos ambientais desenvolvidos, coloca-se que uma das atividades importantes e eficientes para difundir conhecimentos e experiências realizados são os eventos acadêmicos e profissionais realizados pelas academias e atividades de extensão. Este artigo traz a análise dos projetos educativos ambientais realizados na escola rural EMEIEF Ivan Inácio de Oliveira Zurita – Araras/SP, pelos(as) educadores(as) participantes de uma formação continuada em educação ambiental popular e agroecologia realizada no ano de 2011, com objetivos de analisar os projetos ambientais realizados e estudar a percepção dos(as) educadores(as) ao apresentarem seus projetos no I Seminário de projetos educativos e educação ambiental em escolas rurais, realizados no ano de 2011 pela UFSCar. Este estudo foi realizado através de  um acompanhamento da construção, aplicação e análise dos resultados obtidos durante o desenvolvimento dos projetos ambientais educativos realizados nesta unidade escolar, analisando as percepções dos(as) educadores(as) atuantes, as metodologias desenvolvidas e os resultados alcançados. Neste estudo também foram analisadas as percepção destes(as) educadores(as) sobre a participação, divulgação e apresentação de seus projetos realizados durante o evento I Seminário de Projetos Educativos e Educação Ambiental em Escolas Rurais, realizado em dezembro de 2011, realizado pela UFSCar Araras. Após a análise dos projetos realizados e das percepções coletadas, pode-se perceber que a educação ambiental foi utilizada em diferentes maneiras, sendo apresentada como objetivo da aprendizagem e  como metodologia de ensino, onde os(as) educadores(as) utilizaram várias metodologias adaptadas e específicas para aprendizagem socioambiental. Diante da análise dos resultados, conclui-se que os(as) educadores(as) vem desenvolvendo atividades diferenciadas durante as aprendizagens escolares, incentivando a participação e a troca de conhecimento entre profissionais e alunos(as), construindo uma rede de ação educativa, que além de desenvolver atividades ambientais, integram a realidade, os costumes e os conhecimentos de cada aluno(a) dentro do processo de aprendizagem, transformando os  conceitos e as ações voltadas para efetividade e a sustentabilidade dos projetos educativos.

 

 

Introdução

 

Analisando o cenário da educação ambiental realizada nas escolas, vemos crescer a incorporação de projetos educativos ambientais contínuos dentro dos conteúdos de aprendizagem, pois  as escolas devem trabalhar com a tomada de consciência, disposições, comportamentos e responsabilidades, buscando a  construção da sua personalidade (MOREIRA, 1995). Com isso, coloca-se que a educação ambiental vem transformando as práticas, incentivando que os(as) sujeitos(as) reflitam sobre as   questões cotidianas, suas responsabilidades e atuações dentro das comunidades e sociedades, em busca da sustentabilidade da vida e dos ambientes. 

            Segundo Sato (2002), existem várias formas de incluirmos a temática ambiental nos currículos escolares, através de  atividades artísticas, práticas, aplicação de projetos e outras atividades que incentivem  os(as) alunos(as)  a se reconhecerem como agentes participativos(as) dentro do processo que norteia a formação sócio-ambientalista. Dentro desta questão coloca-se que a educação ambiental atua na construção de um conhecimento que transforma e incentiva as práticas da cidadania, autonomia e da ética, através da realização de projetos que integram os conhecimentos escolares e a realidade ambiental dos(as) alunos(as).

Segundo vários estudos, os projetos de educação ambiental desenvolvidos na escola devem apresentar  objetivos de sensibilização e  conscientização, buscando uma mudança comportamental para estimular e  formar um(a) cidadão(ã) mais atuante, sensibilizando os(as) professores(as) e profissionais da educação, promovendo uma formação que transforma  o(a) sujeito(a) participante em sujeito(a) promotor da educação ambiental.

Pensando em articular a comunidade escolar  e a sociedade com os projetos educativos ambientais desenvolvidos, coloca-se que uma das atividades importantes e eficientes para difundir conhecimentos e experiências realizados são os eventos acadêmicos e profissionais, que possuem o objetivo de reunir os atores e atrizes dos processos em andamento afim de divulgar e aperfeiçoar  os trabalhos e reflexões realizados, constituindo uma rede educativa de transmissão mútua de conhecimento e práticas voltadas para a efetividade da transformação da educação, (CAMPELLO, 2000), incentivando a interdisciplinaridade e atividades ambientais que integram os conhecimentos populares, as práticas sociais e a formação profissional.

Este artigo traz a análise dos projetos educativos ambientais realizados na escola rural EMEIEF Ivan Inácio de Oliveira Zurita – Araras/SP, pelos(as) educadores(as) participantes de uma formação continuada em educação ambiental popular e agroecologia realizada no ano de 2011, com objetivos de analisar suas metodologias de aplicação, avaliação e resultados, além de estudar a percepção dos(as) educadores(as) ao apresentarem seus projetos no I Seminário de projetos educativos e educação ambiental em escolas rurais, realizados no ano de 2011 pela UFSCar.

 

 

Referencial Bibliográfico

 

1.0  – A implantação da educação ambiental no cotidiano escolar

 

Diante desta questão de ampliar os ambientes formadores e conscientizadores, coloca-se que a incorporação da educação ambiental dentro dos conteúdos disciplinares de aprendizagem escolar venha trazer a agregação de novos conhecimentos e práticas que resultem em novos valores e comportamentos, incentivando a comunidade escolar à se  reconhecer como membros atuantes das comunidades e sociedades em que vivem. Segundo Giesta(1994), a educação para o ambiente é realizada através da interação entre os(as) indivíduos, suas comunidades, sua cultura e o meio em que vivem.

Dentro desta questão, coloca-se que a educação ambiental deve ser analisada como  uma aliada na busca de um conhecimento que vem integrado com novas práticas e conceitos, proporcionando o desenvolvimento de uma educação emancipatória, que sustenta e  impulsiona os aspectos físicos, biológicos, sociais e culturais dos seres humanos dentro das atividades (SATO, 2002).

Segundo Dias(1992), para promover a inclusão da educação ambiental no cotidiano escolar, é preciso que seja criadas condições favoráveis ao desenvolvimento de um processo contínuo e permanente, buscando  educar e ensinar através de ações interdisciplinares, realizando a  integração entre a escola e as comunidades, resultando numa formação sócio-ambiental que busca trabalhar com a conscientização sobre a proteção ambiental e a sustentabilidade humana e da natureza.

Diante desta reflexão, é necessário que a educação ambiental esteja integrada e sintonizada com os objetivos pedagógicos desenvolvidos na escola, pois segundo Freitas (2005), os objetivos propostos, os conteúdos, os métodos de ensino e a avaliação à serem desenvolvidos, devem ser  concebidos baseados na construção de conhecimentos que ajudem os(as) alunos(as) à terem uma leitura crítica da realidade, contribuindo para harmonia das relações e do planeta em geral. E Segundo Sorrentino (2000),  desenvolver a educação ambiental no cotidiano escolar é incentivar a realização de novas práticas pedagógicas que contribuem na construção e formação dos(as) sujeitos ecológicos(as), idealizando a existência de uma sociedade formada por indivíduos(as) que contemplam uma consciência ecológica plena.

 

 

2.0  – Construção e aplicação de projetos educativos ambientais

 

O censo escolar 2004 (BRASIL, 2005) mostrou que 94% das escolas de ensino fundamental no Brasil desenvolvem a educação ambiental, porém, o que se nota é que a realização desta educação, quase sempre vem sendo desenvolvida desvinculada dos projetos pedagógicos trabalhados dentro das escolas. Então, diante desta questão coloca-se que além do desenvolvimento de atividades ambientais, é preciso pensar em sua efetividade pedagógica e formadora, transformando atividades ocasionais em contexto contínuo do cotidiano escolar.

Diante disto, coloca-se que construir e desenvolver  projetos educativos que objetivam o trabalho dentro da educação ambiental nos currículos escolares, é uma questão que engloba a necessidade de desenvolver atividades que transformem as práticas educativas e os conhecimentos de aprendizagem, buscando pela formação crítica e emancipatória, onde os(as) alunos(as) e educadores(as) deixam de se localizarem em “ classes” diferenciadas e passam a permear a mesma situação de formação, a qual o(a) educador(a) e o(a) educando(a) se misturam e alternam diante de diferentes situação de aprendizagem.

Coloca-se que desenvolver projetos ambientais no cotidiano escolar deve ser voltado para formação de conhecimento e conscientização, fazendo com que o(a) aluno(a) reconheça o seu meio e o seu papel dentro da sociedade em que vive, participando de forma responsável e crítica diante das situações que lhe são impostas. Segundo Souza (2000), o contexto das atividades de educação ambiental desenvolvidas em projetos educativos, tem o objetivo de viabilizar a realização de novas práticas e experiências,  desenvolvendo a formação sócio-ambiental de alunos(as) e profissionais, transcendendo o ambiente escolar, até às comunidades, bairros e a sociedade em geral, transformando os(as) indivíduos(as) em potenciais multiplicadores de informações e atividades ambientais implementada na escola.

 De acordo com Andrade (2000), as práticas de construção e desenvolvimento de projetos ambientais no cotidiano escolar devem ser voltadas para trabalhar a interdisciplinaridade, através de atividades sócio-educativas, resultando em construção do conhecimento, formação de consciência e empoderamento da posição dentro da  ação, transformando o(a) indivíduo em um ser coletivo que busca sua sustentabilidade de forma econômica, social, cultural e ambiental.

Para construir projetos educativos ambientais, Andrade (2000) coloca que se deve pensar em várias condições que fortalecem a efetividade da formação, como o tamanho da escola, número de alunos(as) e de professores(as), o conhecimento do profissional em relação aos conhecimentos ambientais, a disponibilidade e o interesse da diretoria em implementar um projeto ambiental que realmente irá alterar a rotina na escola, além de analisar a intervenção educacional que será desenvolvida, relacionando a transformação da realidade socioambiental, propondo um movimento que resulta em transformações individuais e coletivas (GUIMARÃES, 2005), transformando o ambiente escolar em um ambiente de formação de aprendizagem educativa, social e ambiental.

Para Leff (2003), estes projetos educativos atuam na construção e no entrecruzamento de saberes, articulando uma dialética social construída das reflexões coletivas, que constituem a complexidade ambiental, construindo novos conceitos e ideias, incentivando novas estratégias de produção sustentável e democracia participativa.

Enfim, de acordo com Carvalho (2004), Layrargues (2002), Sauvé (2005) e Sorrentino (2000), ao desenvolver um projeto educativo ambiental, a comunidade escolar deve ter o fundamento de  construir  uma aprendizagem educativa baseada em relações humanitárias, dialógicas e participativas, buscando  a construção do conhecimento baseada em  saberes culturais, científicos e populares, fazendo com que as escolas realizem uma ação educativa  de qualidade social e de descobrimento  da cidadania.

 

3.0  – A participação de profissionais da educação em eventos acadêmicos           

Buscando a veiculação e divulgação dos projetos e atividades realizados nos ambientes profissionais e educativos, a tendência de participação em eventos de cunho acadêmico e profissional vem crescendo no Brasil e no mundo, resultando numa rede articulada de experiências, práticas e conhecimentos sobre várias áreas de atuação, assim como  acontece nas áreas de educação e ambiental. Segundo Campello (2000), estes eventos são considerados como uma fonte essencial de troca de conhecimentos e atuações, reunindo profissionais e estudantes, desempenhando a divulgação e o aperfeiçoamento dos trabalhos apresentados, resultando numa reflexão sobre um panorama da área de atuação, constituindo um canal informal de ação.

Atualmente a procura por estes eventos vem transcendendo o grupo de estudantes e acadêmicos, incentivando  os profissionais à procurarem meios de divulgar seus trabalhos e novos conhecimentos, constituindo um novo grupo de participantes que buscam transformarem suas práticas cotidianas. Segundo Severino(2000), estes eventos são importantes porque proporcionam e incentivam a vivencia fora da zona de atuação, trazendo vários benefícios aos(as) participantes, como segurança, autoestima e valores altruístas.

Dentro da área de educação, a participação de profissionais das unidades escolares nestes eventos se torna uma questão importante, pois eles(as) são responsáveis pela realização das atividades e projetos apresentados por estudantes e pesquisadores(as), comprovando na prática os resultados alcançados. Segundo Severino(2000), estas participações são importantes  porque resultam na ampliação do convívio destes(as) profissionais e despertam um envolvimento maior com as atualizações e descobertas da área, transformando as práticas diárias.

Para Meadows(2000), estes eventos articulam trocas de experiências, atualização dos progressos da área, sistematização das práticas, divulgação de novos conhecimentos e reflexão sobre novas metas de trabalho. Com isso, além de atuar em aspectos profissionais dos(as) participantes e da área educacional, divulgar os projetos realizados faz com que os(as) educadores e demais profissionais da educação se sintam valorizados, reconhecidos e gabaritados para o desenvolvimento de seus trabalhos.

  

Metodologia

 

Este estudo foi realizado na escola rural EMEIEF Ivan Inácio de Oliveira Zurita de Araras, estado de São Paulo, nos anos de 2011. Esta unidade escolar rural apresenta Ensino Infantil, Fundamental 1ª à 9ª Séries e oficinas do projeto Mais Educação (MEC, 2011), atendendo cerca de 300 crianças provenientes de bairros rurais, assentamentos, chácaras e sítios, oferecendo um ensino integral, formado por disciplinas do currículo oficial e oficinas técnicas, educativas e culturais.

            De acordo com os objetivos deste estudo, foi realizado um acompanhamento da construção, aplicação e análise dos resultados obtidos durante o desenvolvimento dos projetos ambientais educativos realizados nesta unidade escolar, analisando as percepções dos(as) educadores(as) atuantes, as metodologias desenvolvidas e os resultados alcançados.

Neste estudo também foram analisadas as percepção destes(as) educadores(as) sobre a participação, divulgação e apresentação de seus projetos realizados durante o evento I Seminário de Projetos Educativos e Educação Ambiental em Escolas Rurais, realizado em dezembro de 2011, realizado pela UFSCar Araras.

            A análise dos projetos foram realizadas  através de observação das atividades desenvolvidas, avaliando os conteúdos de aprendizagem e as metodologias de ensino, observando a efetividade da aprendizagem realizada e os resultados obtidos.

As percepções sobre os projetos e a participação do evento foram coletadas através de discussões em grupo e por aplicação de questionários individuais, compostos por perguntas abertas, pré – definidas de acordo com os objetivos da pesquisa (GIL, 2006). Estes questionários foram aplicados após a realização dos projetos e da participação dos(as) educadores(as) no evento.

            Ao todo, foram analisados 9 projetos diferenciados, desenvolvidos com alunos(as) do ensino infantil e fundamental da unidade estudada, trabalhando com diversas áreas dos conhecimentos ambientais, atuando na transformação do conhecimento dos(as) alunos(as) e na implantação da educação ambiental no cotidiano curricular desta escola.

            Para a apresentação dos trabalhos no evento, foram confeccionados resumos e banners com informações sobre as metodologias utilizadas e os resultados que foram alcançados, registrados  através de fotografias. A apresentação dos banners foram feitas pelos(as) educadores(as) realizadores dos projetos em forma oral, onde puderam confraternizar suas práticas e conhecimentos com outros(as) participantes que estavam apresentando seus projetos.

  

Resultados e Discussão

 

Após a análise dos projetos realizados e das percepções coletadas, pode-se perceber que a educação ambiental foi utilizada em diferentes maneiras, sendo apresentada como objetivo da aprendizagem e  como metodologia de ensino, onde os(as) educadores(as) utilizaram várias metodologias adaptadas e específicas para aprendizagem socioambiental. Como resultado de uma formação continuada desenvolvida com os(as) educadores(as) desta unidade escolar, foram desenvolvidos os seguintes projetos:

- projeto alimentação saudável;

- projeto coletar e reciclar óleo usado;

- projeto jardins comestíveis;

- brincando de reutilizar;

- tabuada consciente;

- trabalhando a diversidade ambiental no ensino infantil;

- plantas e árvores frutíferas da escola;

- atividades educativas na escola rural;

- passeio ao horto florestal de rio claro/SP.

O projeto Alimentação Saudável, foi desenvolvido com os alunos do 1º ao 5º ano do ensino fundamental, durante as aulas de educação física, com objetivo de desenvolver uma ação educativa incentivando o consumo da alimentação saudável, o desenvolvimento de práticas saudáveis, o estabelecimento e equilíbrio da saúde e diminuição de transtornos alimentares, através de atividades de educação ambiental. Foram utilizadas variadas metodologias, onde os(as) alunos(as) puderam construir seus conhecimentos e conceitos através de práticas como a construção de um jogo da velha adaptado, atividades de conhecimento sobre a pirâmide alimentar, noções de higiene e cuidados com os alimentos e o preparo de uma salada de fruta, que resultaram na substituição de lanches industrializados por alimentos saudáveis, atividades de monitoramento e conscientização feitas pelos(as) alunos(as) participantes e presença de novos comportamentos, comprovando a efetividade dos conhecimentos trabalhados, como mostra a figura 4.0. e  figura 4.1.

O projeto Coletar e Reciclar óleo usado foi desenvolvido com todos(as) os(as) alunos(as) e profissionais da escola, de forma interdisciplinar, onde os pais e familiares puderam participar, arrecadando e doando óleo usado para a escola. Este projeto foi realizado em forma de uma gincana ambiental, onde os(as) alunos foram divididos(as) em equipes para arrecadação de garrafas pet, para armazenagem, e também do óleo usado em casa e com os vizinhos das suas comunidades. Através deste projeto os(as) alunos(as) puderam aprender sobre o descarte correto de lixo e substancia poluentes e transformaram a escola num ponto de recolhimento de óleo usado. Estas atividades ajudaram os(as) alunos(as) a reconhecerem seu papel no ambiente escolar e dentro do processo de conscientização, conforme mostra as figuras 4.2 e 4.3.

O projeto dos Jardins Comestíveis foi realizado com os(as) alunos(as) do 1º, 3º e 5º ano do ensino fundamental durante as aulas de agroecologia e de língua inglesa, com o objetivo de desenvolver a Educação Ambiental, voltado para o aprendizado do Inglês. Durante este projeto foram trabalhados os conhecimentos sobre os alimentos naturais, grupos alimentares e como produzi-los de forma agroecológica. As atividades foram desenvolvidas com materiais reciclados e técnicas de produção orgânicas, trabalhando os conhecimentos de maneira visual, prática e fonética, treinando os conhecimentos técnicos ambientais e os de inglês. Como resultados, este projeto apresentou novas técnicas de trabalho com a terra e uma metodologia de ensino dinâmica, voltada para a realidade dos(as) alunos(as) rurais, conforme mostra as figuras  4.4 e 4.5.

O projeto Brincando de Reciclar foi desenvolvido com os(as) alunos(as) do 6º ano do ensino fundamental durante as aulas de ciências, com objetivo de trabalhar com conceitos de reutilizar, reciclar e reduzir o consumo e a geração de lixo, através da transformação  do pote de sorvete numa maleta de porta treco. A partir deste projeto, os(as) alunos puderam se posicionar diante das questão da geração de lixo e também da poluição de ambientes, descobrindo que são peças importantes no processo de conscientização ambiental. Além de trabalhar com temas ambientais, este projeto pode incentivar a criatividade e a coletividade dos(as) participantes, como mostra a figura 4.6.

O projeto Tabuada consciente, foi desenvolvido durante as aulas de matemática com os alunos do ensino fundamental, com objetivo de integrar os ensinos de matemática com as metodologias dinâmicas e transformadoras da educação ambiental. Durante a realização deste projeto foram trabalhados a importância da tabuada e dos conhecimentos matemáticos e a questão do consumo e geração de lixo. O resultado foi a construção de uma tabuada feita com tampinhas de garrafa pet e barbantes, trabalhando a questão numérica, a criatividade e a reutilização de materiais,  conforme mostra a figura 4.7.

O projeto Trabalhando a diversidade ambiental foi desenvolvido com os(as) alunos do ensino infantil, com intuito de apresentar os diferentes seres vivos e seus habitats, desvendando e conhecendo as complexidades que existem na natureza. As atividades foram abordadas de forma dinâmica e lúdica, resultando no reconhecimento dos diferentes seres vivos e ambientes, mostrando que todos nós fazemos parte do ambiente e que devemos cuidar e preservar seus recursos naturais, como mostram as figuras 4.8 e 4.9.

O projeto Plantas e árvores frutíferas da escola foi desenvolvido com os(as) alunos(as) da 1ª série do ensino fundamental de maneira interdisciplinar, com objetivo de desenvolver o conhecimento das árvores frutíferas da área escolar, afim de incentivar os alunos a se alimentarem de forma natural através do consumo de frutas e se conscientizarem sobre a importância de preservar e conservar o meio ambiente e seus recursos naturais. Este projeto foi desenvolvido através de passeios pela escola observando as diferentes árvores presentes, identificando as características de cada espécie, resultando numa maior compreensão através do conhecimento e da observação. Além do passeio, o tema também foi abordado dentro da sala de aula, interligando várias disciplinas do cotidiano escolar, maximinizando a aprendizagem realizada, como mostra a figura 4.10.

.           O projeto Atividades educativas na escola rural vem sendo desenvolvido com todos(as) os(as) alunos(as) da escola , realizando atividades de construção de minhocário, compostagem, produção de mudas, hortas e pomares, jardins e arborização do estacionamento. Este projeto tem um caráter interdisciplinar e coletivo, onde os(as) educadores(as) trabalham com conhecimentos ambientais, sociais, econômicos e culturais dentro destas atividades. O resultado deste projeto são crianças com conhecimento sobre o meio rural e seus recursos, articulando a conscientização e a ação diária em busca da prática sustentável do campo, como mostram as figuras 4.11 e 4.12.

            O projeto Passeio ao Horto florestal de Rio Claro foi desenvolvido com os(as) alunos(as) do 2º ano do ensino fundamental, com objetivos de trabalhar conhecimentos sobre as florestas, suas espécies da fauna e flora, visando informar e conscientizar sobre sua preservação.Este projeto foi desenvolvido através de um passeio ecológico pelo horto de rio claro, observando e discutindo sobre as espécies que vivem por lá e sua importância para o equilíbrio do meio e da vida. O resultado foi uma aprendizagem dinâmica e que transformou o pensamento dos(as) participantes, que começaram a observar de maneira diferente o meio em que vivemos, como mostra a figura 4.13.

Analisando a realização destes projetos, pode-se perceber que foram construídos para desenvolver a educação ambiental através de metodologias de aprendizagem educativa interdisciplinar, incentivando os(as) alunos(as) e profissionais a integrarem seus conhecimentos vivenciais, com a realidade e as questões ambientais importantes, transformando a ação do ensinar em uma ação formativa, construindo novos conceitos e comportamentos diante das questões trabalhadas. Segundo  Mayer (1998), desenvolver projetos educativos na escola com visão de formar o conhecimento e os conceitos, vem sendo um processo educativo que ajuda a resolver a origem dos problemas causados pela falta de conhecimento, onde as soluções estão implantadas nos processos de informação.

            Estudando os dados perceptivos coletados através da aplicação dos questionários, pudemos perceber que os(as) educadores(as) participantes ao desenvolverem seus projetos, puderam entrar  em contato com os saberes e realidades de seus(suas) alunos(as), realizando uma integração entre conhecimentos, conceitos, comportamentos e a realidade, constituindo uma formação de aprendizagem entre educador(a) e educandos(as), como mostra a figura 4.14

Quando questionados(as) sobre os objetivos propostos pelos projetos realizados, os(as) educadores(as) participantes foram unânimes em alegar que foram alcançados, relatando um desenvolvimento efetivo da transformação do conhecimento, onde seus(suas) alunos(as), pouco a pouco, estão incorporando as informações trabalhadas, modificando seus conceitos e comportamentos.  Os(as) educadores(as) colocaram que para avaliar seus resultados, foram usadas metodologias de discussão em grupo e observações diárias, identificando as questões que foram incorporadas após as atividades.  De acordo com Currie (1998), os resultados obtidos dentro de um processo educativo são consequências de uma ação efetiva e contínua, onde a aprendizagem é integrada com o contexto real, influenciando o comportamento e as mudanças conceituais.

Ao responder sobre a participação dos(as) alunos(as) durante a realização dos projetos, os(as) educadores apresentaram vários resultados positivos, como mostra a figura 4.15. De acordo com Guerra (2000), as análises dos projetos educativos dentro da educação ambiental devem propor  um processo dialógico, que compreenda o valor educativo, a importância da ação, observando de maneira qualitativa os resultados obtidos.

            Quanto a  percepção dos educadores(as) sobre a participação e apresentação dos projetos no I Seminário de projetos educativos e educação ambiental em escolas rurais realizado na UFSCar em 2011, coloca-se que foi uma atividade muito positiva e gratificante, pois além de buscarem novos conhecimentos e novas práticas, eles(as) puderam divulgar suas práticas e experiências, mostrando a riqueza de trabalhos da unidade escolar. Quanto à importância de participar de eventos de divulgação e apresentação de trabalhos acadêmicos e profissionais, a maioria dos(as) educadores(as) alega ser uma atividade muito importante, pois além de enriquecer os conhecimentos pré-existentes, ajuda na valorização do trabalho profissional e da autoestima, conforme mostra a figura 4.16.

            Analisando a percepção dos(as) educadores(as) sobre a experiência de participar do evento, a maioria alegou nunca ter participado por não acreditar em sua capacidade ou até mesmo não achar esta atividade importante para sua carreira profissional, como mostra  a figura 4.17. O dado mais interessante foi que os(as) educadores(as) alegaram estarem incentivados à participarem de mais eventos e alguns(algumas) até se propuseram a voltar à estudar para se manterem sempre atualizadas, buscando a melhoria de suas atividades docentes.

Através da análises dos projetos apresentados e as percepções coletadas, pode-se perceber que realizar estes projetos foi importante para o desenvolvimento da formação de conhecimento dos(as) alunos(as) e também dos(as) educadores(as) desta unidade escolar, que a partir disso se encontram juntos no processo de aprendizagem e formação sócio-ambiental.

  

Conclusão

 

Diante da análise dos resultados, conclui-se que os(as) educadores(as) vem desenvolvendo atividades diferenciadas durante as aprendizagens escolares, incentivando a participação e a troca de conhecimento entre profissionais e alunos(as), construindo uma rede de ação educativa, que além de desenvolver atividades ambientais, integram a realidade, os costumes e os conhecimentos de cada aluno(a) dentro do processo de aprendizagem, transformando os  conceitos e as ações voltadas para efetividade e a sustentabilidade dos projetos educativos.

            Conclui-se  que a realização dos projetos foram bastante positivas, pois a partir destas atividades os(as) participantes puderam construir e aplicar novos conhecimentos em busca de uma educação formativa e esclarecedora, se reconhecendo dentro dos processos de formação e ação. Além disso, percebemos que a realização destes projetos transformaram  as atividades educativas desenvolvidas na unidade escolar, incentivando a integração da equipe de profissionais, buscando o desenvolvimento do conhecimento interdisciplinar e a formação sócio-ambiental de seus(as) alunos(as) através de atividades de educação ambiental.

            Quanto à participação em eventos, conclui-se  que incentivar a participação destes(as) docentes(as) é uma estratégia importante, pois a partir disto, as universidades, as unidades escolares e os(as) profissionais conseguem se conectar em busca da produção e viabilidade de uma educação transformadora e integrada nos conhecimentos e na realidade.

 

Agradecimentos

 

A autora agradece a CAPES pela concessão de bolsa e o autor agradece à FAPESP por apoio financeiro (Processo FAPESP no 2010/00620-0). Uma versão anterior deste texto recebeu as sugestões de duas(dois) revisoras(es) anônimas(os), que muito o aprimoraram.

 

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Ilustrações: Silvana Santos