Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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04/09/2012 (Nº 41) VISÃO DE ALUNOS E PROFESSORES DE INSTITUIÇÕES DE MÚSICA NO RECIFE – PE SOBRE OS PROBLEMAS QUE A MÚSICA CAUSA A SUA SAÚDE
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VISÃO DE ALUNOS E PROFESSORES DE INSTITUIÇÕES DE MÚSICA NO RECIFE – PE SOBRE OS PROBLEMAS QUE A MÚSICA CAUSA A SUA SAÚDE

 

Ozires Costa de Albuquerque1

Arthur Vinicius de Oliveira Marrocos de Melo 2

 

  1.  Técnico em Meio Ambiente; Técnico em Música – Centro Profissionalizante de criatividade Musical do Recife (CPCMR) rua da Aurora, 439 – Boa Vista – Recife – PE CEP 50.050-000 – Email: ozires.pe@hotmail.com

2.       Programa de Pós-Graduação em Biologia Animal – UFPE, Centro de Ciências Biológicas - Av. Professor Moraes Rego, s/n Cidade Universitária, Recife – PE CEP: 50670-420.

Professor da rede Municipal de Barreiros – PE. Email:  arthur_marrocos@yahoo.com.br

 

 

RESUMO

 

A música esteve sempre presente na vida humana desde seu início, assim trazendo oportunidades de discutir a música e sua relação com o Meio Ambiente. Conservatórios de música são locais procurados por músicos e pessoas para um aprendizado na área, mais adequado pra seu desenvolvimento na carreira artística. Tendo como objetivo desse trabalho entender o conhecimento dos alunos e dos professores na sua interatividade com a música em seu local de estudo e trabalho e os possíveis danos a sua saúde. A percepção prévia demonstrou que os alunos e professores das instituições de música têm um conhecimento parcialmente satisfatório sobre a definição de poluição sonora e os riscos de saúdes geradas através da atividade musical, porém insatisfatório em relação a medidas preventivas à saúde e seu comportamento. Sugerimos o desenvolvimento de atividades educativas nas escolas de música para uma melhor qualidade de vida dos músicos e dos estudantes, pois a qualidade de vida está basicamente ligada ao conhecimento que temos sobre as temáticas que nos rodeiam.


Palavras Chaves: Ensino e Ambiente, Poluição Sonora, Saúde, Audição Inteligente, Ensino de Música.

 

INTRODUÇÃO

Para Rodrigues & Colesanti (2008) a Educação Ambiental tem sido um tema bastante abordado, tentando sensibilizar e informar as pessoas sobre a realidade ambiental, bem como mostrar e/ou indicar o papel e a responsabilidade da sociedade sobre o que ocorre no meio ambiente. A expansão da Educação Ambiental tem se dado não apenas pelo crescimento do número de profissionais que tratam do tema, mas também por ter sido incorporada como componente importante em ações de diversas áreas tais como saúde, direitos sociais, gestão ambiental em unidades de conservação e setor industrial, e na educação baseado nas legislações ambientais dentre outras.

A poluição sonora, seja ambiental ou ocupacional, é uma forma de poluição bastante disseminada nas sociedades industrializadas e é a causa de perdas auditivas em adultos e crianças. Acarreta também comprometimentos não auditivos que afetam a saúde física geral e emocional dos indivíduos (SANTOS, 1994). Várias doenças já foram relacionadas às poluições sonoras em vários lugares no mundo.

Um dos fatores que compromete a qualidade do ambiente de estudo é o ruído ocupacional excessivo. Os ruídos chegam a provocar uma redução de até 60% da produtividade por dificultar a concentração, propiciando erros musicais, desperdícios ou acidentes por distração. A exposição excessiva ao ruído pode comprometer outros órgãos e funções do organismo, além de causar perturbações no sono acarretando em efeitos como irritabilidade, cansaço, elevando os níveis de estresse e dificuldade de concentração. ABNT (  ), através da NBR-10.152, definiu os níveis de ruído compatíveis com o conforto acústico em diversos ambientes, bem como as Norma Regulamentadora NR 15, em seu anexo 1, regulamentos o tempo de exposição que um trabalhador deve ficar exposto aos ruídos.

Nos últimos anos, os altos níveis de ruídos se transformaram em uma das formas de poluição que atinge grande número de pessoas. A poluição sonora não se restringe apenas às regiões de grande concentração industrial. A exposição ao ruído ocupacional é objeto de estudo de muitas pesquisas que visam classificar os níveis sonoros em certos ambientes de acordo com a atividade que é desenvolvida neste ambiente. A NBR 10.152 estabelece os níveis de ruído compatíveis com o conforto acústico em ambientes diversos. (PEREIRA, et al, 2011).

            Com tudo isso objetivou – se as considerações dos aspectos ambientais sobre a conscientização da população de duas instituições de música na cidade de Recife – PE relacionada à gravidade em nossa saúde e os incômodos causados pelos ruídos gerados por sua atividade musical.

 

MATERIAL E MÉTODO

 

            De acordo com a pesquisa realizada nas instituições de música do centro do Recife – PE, percepção prévia dos alunos e professores da turma do primeiro ano técnico foi avaliada através de questionário subjetivo contendo sete questões.

            Na primeira instituição existem 25 alunos matriculados, mas apenas nove alunos (sete homens e duas mulheres) e uma professora, com idades variando de 14 até 22 anos (alunos), pois estes eram os que estavam presentes no momento em que foi realizada a visita a instituição. Já na segunda instituição possui 20 alunos matriculados, mas apenas nove alunos (seis homens e três mulheres) e um professor, com idades variando de 12 a 23 anos (alunos) e a idade do professor 30 anos.

Para entender a percepção dos alunos e professores das duas instituições foram aplicados questionários subjetivos contendo sete questões: 1- Para você o que é poluição sonora?; 2- Você acha seu local de estudo adequado? Em sua opinião, como você poderia adequar?; 3- Quais os benefícios encontrados em seu estudo musical?; 4- Já teve algum problema de saúde por conta da música? Quais são?; 5- Já sentiu algum incomodo no aparelho auditivo devido o som gerado por instrumentos? 6- Em sua opinião quais os ricos que podem vir a lhe prejudicar devido à atividade musical?; 7- No contexto geral quais as medidas preventivas que podem ser tomadas à saúde em sua prática musical?.

As respostas dadas foram comparadas segundo a literatura científica. Os dados foram sistematizados e representados percentualmente em tabelas. As respostas dos alunos foram classificadas seguindo a metodologia sugerida por Pereira et al. (2006) que classifica as respostas em três categorias são elas:

·         “Satisfatórias” (S) são as respostas dos alunos que se apresentaram completas segundo a literatura científica consideradas para análise.

·         “Parcialmente satisfatórias” (PS), foram às respostas que os alunos apresentaram uma informação mínima sobre o assunto.

·         “Insatisfatórias” (I), para as respostas que apresentaram nenhuma informação sobre a pergunta em questão.

 

            RESULTADOS E DISCUSSÃO

 

As respostas dos alunos sobre a poluição sonora revelaram que eles detêm um conhecimento prévio sobre o assunto abordado foi satisfatório em relação à definição de poluição sonora e quanto ao local adequado para pratica musical é parcialmente satisfatório (Tabela 1 e 2).

     

Tabela 1- Classificação das respostas sobre a percepção prévia dos alunos da instituição CPCMR, sobre poluição sonora. S

QUESTÕES

Satisfatório

Parcialmente Satisfatório

Insatisfatório

1-      Para você o que é poluição sonora?

70%

30%

0%

2-      Você acha seu local de estudo adequado? Em sua opinião, como você poderia adequar?

20%

80%

0%

3-      Quais os benefícios encontrados em seu estudo musical?

0%

80%

20%

4-      Já teve algum problema de saúde por conta da música? Quais são?

10%

90%

0%

5-      Já sentiu algum incomodo no aparelho auditivo devido o som gerado por instrumentos?

60%

20%

20%

6-      Em sua opinião quais os ricos que podem vim a lhe prejudicar devido à atividade musical?

50%

30%

20%

7-      No contexto geral quais as medidas preventivas que podem ser tomadas à saúde em sua prática musical?

70%

30%

0%

 

Com relação às respostas dos alunos do 1º ano do curso técnico da primeira instituição de ensino musical de Recife. A pergunta em referencia dos benefícios encontrados em seu estudo musical foi respondida por 100% dos alunos, embora (80%) tenham respondido esta questão de forma parcialmente satisfatório, falando em questão do baralho gerado por veículos que passam na avenida próxima a sala. As respostas insatisfatórias (20%) colocaram assuntos em pro da tecnologia que não se enquadra em instituição de música, não teve respostas satisfatória.

A pergunta referente aos ricos que podem vim prejudicar devido a atividade musical foi respondida por 100% dos alunos, mais penas 50% tiveram respostas positivas, com consciência nos ricos a saúde que podem gerar no decorrer de seu estudo ou carreira artística com seus respectivos instrumentos. Tendo em destaque satisfatoriamente a sua visão apresentada de um aluno “… Com relação à poluição sonora, há certas amplitudes sonoras quem com um tempo causa surdez, etc.”. As insatisfatórias (20%) e parcialmente satisfatória 30% em destaque de uma aluna “… Só se o instrumento for usado indevidamente, pode se obter danos corporais”.

Com uma porcentagem satisfatoriamente de 70% sobre as medidas preventivas que podem ser tomadas a saúde em sua prática musical, foi destacada a questão da acústica dos ambientes de estudo para menor esforço da audição, também medidas como o protetor auricular para diminuir a intensidade do som gerador pelos instrumentos e assim tendo um bem estar pra sua saúde e desenvolvimento de sua trajetória no ramo da música.

As respostas dos alunos da segunda instituição de ensino de musica revelaram os seguintes resultados sistematizadas na Tabela 2. Na pergunta sobre a definição de poluição sonora foram respondidas afirmativamente por 100%, embora não teve respostas satisfatórias. As parcialmente satisfatórias (80%) com definições simples e pouco conhecimento, como na visão do aluno “… Todo tipo de barulho ruim”. Respondendo insatisfatoriamente (20%) a definição “... São músicas com conteúdos pornográficos e barulhos em horários inapropriados”.

 Já na pergunta relacionada ao seu local de estudo se era adequado foi respondida 100% por alunos e professor, mais apenas (10%) tenham respondido de forma satisfatória. As respostas parcialmente satisfatórias (70%) e insatisfatórias (20%) como uma visão apresentada “… O problema é o estacionamento, não suporta muitos carros”.

Em relação aos benefícios encontrados em sua pratica musical no decorrer do estudo 60% responderam insatisfatoriamente. Colocando em destaque alguns relatos “… Paz e prazer”. “… bom gosto musical, amizade com os colegas, etc.”.

Relativamente ao conhecimento sobre os riscos que podem prejudicá-los devido à atividade musical 80% responderam ao questionamento, pois apenas (20%) responderam satisfatoriamente, como visão do aluno “… Pode ocorrer um pouco de perda auditiva, caso haja exposição a volumes altos”. Parcialmente satisfatórias (20%) e Insatisfatórias (60%) alguns não responderam outros alegaram que por música ser uma arte não vem a prejudicar seus sentidos “… Só se ficar perto de uma caixa de som”.

Quando perguntados sobra a questões da prevenção a serem tomadas à saúde em relação a pratica musical 90% foi respondida por alunos e professor, apenas (20%) responderam satisfatoriamente “... Tocar ou estudar música numa intensidade moderada”. Parcialmente satisfatórias (40%) em destaque “… tocar no tom agradável”. E Insatisfatórias (40%) como visão de um aluno “… Limpeza do instrumento (higiene)”.

 

Tabela 2- Classificação das respostas sobre a percepção prévia dos alunos da instituição CPM, sobre poluição sonora.

QUESTÕES

Satisfatório

Parcialmente Satisfatório

Insatisfatório

1-      Para você o que é poluição sonora?

0%

80%

20%

2-      Você acha seu local de estudo adequado? Em sua opinião, como você poderia adequar?

10%

70%

20%

3-      Quais os benefícios encontrados em seu estudo musical?

10%

30%

60%

4-      Já teve algum problema de saúde por conta da música? Quais são?

0%

100%

0%

5-      Já sentiu algum incomodo no aparelho auditivo devido o som gerado por instrumentos?

10%

70%

20%

6-      Em sua opinião quais os ricos que podem vim a lhe prejudicar devido à atividade musical?

20%

20%

60%

7-      No contexto geral quais as medidas preventivas que podem ser tomadas à saúde em sua prática musical?

20%

40%

40%

 

DISCUSSÃO

O uso de questionários com perguntas aberta para avalizar a percepção sobre a poluição sonora dos alunos e professores das instituições de música evidenciou ser uma metodologia satisfatória, como destacado por Melo et al. (2008) e Melo (2008).

Segundo Chasin (1996) a música e o ruído industrial são similares em alguns aspectos e distintos em outros. Ambos têm alcance similar de intensidade, quando comparado o nível espectral do ruído de fábricas e umas música no estilo rock and roll. Porém a música é significativamente mais intermitente em natureza do que o espectro do ruído industrial.

            Em relação à saúde dos alunos, muitos fazem a pratica musical sem conhecimento, pois podendo trazer ricos no futuro e interferindo diretamente no rendimento das atividades de ensino, tantos para alunos como para professores.

Além das alterações vocais o ruído pode ser causador de outros efeitos à saúde do homem. Dentre eles, os mais comuns são: perda auditiva, insônia, alterações hormonais, estressa, problemas cardíacos, digestivos, nervosismo e dificuldades de comunicação.

Na prática musical um ambiente acústico são locais ideais para um estudo adequado para menor produção do som, com isso, impedindo a saída e entrada de qualquer tipo de som indesejado, trazendo uma boa qualidade. Um local acústico são desenvolvidos também para diminuir o nível de ruído que passa de um ambiente para outro, com revestimentos em madeira de boa resistência, assim como em paredes, piso e forro, o isolamento acústico tem que atuar também em portas, janelas dutos de ar condicionados proporcionando maior consistência sonora ao ambiente. Pois se os alunos tivessem uma conscientização apropriada, seria bem satisfatórias as repostas de acordo com as perguntas elaboradas (Fig.1).

 

Figura 3. Centro Profissionalizante de Criatividade Musical do Recife, professor e aluno em uma sala acústica.

 

CONCLUSÃO

            Dessa forma podemos concluir que os alunos e professores das instituições de música do centro do Recife/PE apesar de não terem um envolvimento constante em relação a poluição sonora, ricos e seus benefícios encontrado na pratica musical, eles tem um conhecimento positivo, que ate possam  trabalhar na conscientização de forma parcialmente satisfatória, por ter facilidade a aprendizagem significativa da exposição a poluição sonora do ambiente em que estuda e os seus benefícios, mencionar mudanças conceituais na escola sobre  poluição sonora e colaborando para sua formação como agente multiplicador.

Dentre as visitas para elaboração das questões feitas para a pesquisa nas escolas de musica agiu como um meio dinâmico para uma construção do conhecimento da poluição sonora e cuidados com a saúde tornando os alunos mais conscientes e sensíveis à problemática ambiental e a tabela se mostrou mais compreensiva para saber o potencial e conhecimento. Por isso as atividades de educação ambiental sobre o ambiente que vivemos são bastante positivas para uma visão melhor e aplicação das informações para o bem estar do ser humano.

 

REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. Níveis de ruído para conforto acústico. 1987. Disponível: < http://www.cabreuva.sp.gov.br/pdf/NBR_10152-1987.pdf>. Acesso em: 05 Abr. 2012

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MELO, A. V. O. M.; FARRAPEIRA, C. M. R., PINTO. S. L. Estratégias de educação ambiental sobre o manguezal junto a uma comunidade estudantil de Olinda – PE. Rev. eletrônica Mestrado em Educação Ambiental v. 21, julho a dezembro de 2008.

PEREIRA, C. A. L.; SILVA, L. C. S.; SALES, F. H. S. Análise do Nível de Conforto Acústico na Biblioteca de uma Escola Pública. . Acesso em 30/Out.2011. Pub.2011.

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RIBEIRO, M. E. R.; OLIVEIRA, R. L. S.; SANTOS, T. M. M.; SCHARLACH, R. C. A Percepção dos Professores de uma Escola Particular de Viçosa sobre o Ruído nas Salas de Aula. . Acesso em 22/Nov.2011.

RODRIGUES, G. S. S. C.; COLESANTI, M. T. M. Educação ambiental e as Novas Tecnologias de Informação e Comunicação. . Acesso em: 15/Nov.2011. Pub. 2008

SAUVÉ, L. Educação Ambiental: possibilidade e limitações. . Acesso em 20/Nov.2011.

Ilustrações: Silvana Santos