Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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Breves Comunicações
04/09/2012 (Nº 41) TRILHA INTERPRETATIVA APLICADA À PERCEPÇÃO AMBIENTAL DE EDUCADORES
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TRILHA INTERPRETATIVA APLICADA À PERCEPÇÃO AMBIENTAL DE EDUCADORES

 

 

¹Alcione Pereira Martins, ²Rosana de Carvalho Cristo Martins, ³Kennya Mara Oliveira Ramos & 4Letícia Maria Antonioli

 

¹Pedagoga, Esp. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais (Universidade de Brasília, UnB); alcione.martins@hotmail.com

 

²Dra. Professora Titular do Departamento de Engenharia Florestal (Universidade de Brasília, UnB); roccristo@gmail.com

 

³Bióloga, Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais (Universidade de Brasília, UnB); kennyamaraoliveiraramos@gmail.com

 

4Antropóloga, Analista Ambiental do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBIO; lema22@hotmail.com

 

 

RESUMO

Desenvolver práticas de vivência ambiental não é tarefa fácil em função da resistência das pessoas em admitir ações incorretas e que contribuem para a devastação do meio ambiente. O presente trabalho teve como objetivo conscientizar a respeito de práticas ambientalmente corretas e sensibilizar através da prática das trilhas interpretativas, para que as pessoas repensem suas ações e se tornem mais preocupadas, conscientes e capazes de cuidar do meio ambiente, desenvolvendo a consciência ambiental. Em todas as ações os participantes mostraram curiosidade, interesse e participação. A trilha interpretativa é adequada por promover sensibilização acerca dos prejuízos causados ao meio ambiente pela ação do homem.

Palavras Chaves: Conscientização Ambiental, Trilha interpretativa, Sensibilização

 

 

1.      INTRODUÇÃO

 

As trilhas, enquanto instrumentos pedagógicos para a educação ambiental exploram o raciocínio lógico, incentivam a capacidade de observação e reflexão, além de apresentar conceitos ecológicos e estimular a prática investigatória, além de ser uma estratégia utilizada para maior integração entre o ser humano e o meio natural, proporcionando um melhor conhecimento do ambiente local.

Muitos são os que têm consciência da necessária mudança de postura e atitudes, tanto pessoais como globais, porém, sentem-se acorrentados aos paradigmas impostos pela sociedade consumista que se generaliza na humanidade. Por outro lado, há os que se mantêm alienados a todas essas questões, achando-as puramente românticas e ilusórias, assumindo uma postura de descaso, gerada, talvez, pelo próprio medo do enfrentamento da questão. Segundo Leff (2001, P. 56-57), a problemática ambiental abriu um processo de transformação do conhecimento, expondo a necessidade de gerar um método para pensar de forma integrada e multivalente os problemas globais e complexos, assim como a articulação de processos de diferente ordem de materialidade. Deste modo, o conceito de ambiente penetra nas esferas da consciência e do conhecimento, no campo da ação política e na construção de uma nova economia, inscrevendo-se nas grandes mudanças do nosso tempo.

O presente trabalho teve como objetivo conscientizar educadores de escolas públicas e privadas do Distrito Federal, que participaram do curso de Educação Ambiental para Educadores do Núcleo de Educação Ambiental do Parque Nacional de Brasília – ICMBio a respeito de práticas ambientalmente corretas, para que repensem suas ações e se tornem mais preocupadas, conscientes e capazes de cuidar do meio ambiente, desenvolvendo a consciência ambiental através da trilha interpretativa.

 

2.      METODOLOGIA

O estudo orientou-se  com um caráter exploratório, mas, ao longo de sua aplicação,  descortinou-se de forma descritiva caracterizando-se como uma pesquisa qualitativa (Minayo, 2000). Essa pesquisa foi desenvolvida no Parque Nacional de Brasília com educadores de escolas públicas e privadas que participaram do curso de Educação Ambiental para Educadores, promovido pelo Núcleo de Educação Ambiental do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade – ICMBio.

Nesta pesquisa buscou-se traduzir e refletir sobre o sentido e as percepções que os educadores têm do meio ambiente. Para um melhor entendimento da construção metodológica para execução do estudo,  segue  o  desenvolvimento das etapas do processo.

Em um primeiro momento, os educadores tiveram uma aula expositiva sobre cerrado, na aula foram abordados pontos importantes vinculados ao bioma cerrado como: biodiversidade, matas ciliares, matas de galeria, cerradão e outros, além de se destacar a importância dos recursos naturais, e da conservação da natureza.

Logo, os participantes foram levados à atividade proposta que é a trilha interpretativa. A interpretação das trilhas oferece a possibilidade de perceber o ambiente ecologicamente e identificar plantas nativas além de ser um belo e agradável passeio, para contemplação da natureza e das diferentes paisagens que a trilha nos oferece.

No final da caminhada, houve a exposição das sensações vividas.

 Como método para a coleta e análise dos dados referentes à percepção ambiental foram utilizados questionários com questões semi-estruturadas, Para a avaliação dos questionamentos adotou-se o seguinte critério: as respostas que obtiverem as notas 10 e 9 foram consideradas satisfatórias; as notas 8 e 7, boas; 6 a 4, regulares; e 3 a 1, ruins.

Para analisar os dados utilizou-se a estatística descritiva e o método da análise de conteúdo que se destacam em pesquisas de percepção ambiental (FREITAS, 2009; FREITAS et al., 2009. A estatística descritiva se apresenta como um conjunto de métodos que auxilia na organização, sumarização e apresentação dos dados para a análise teórica, a análise de conteúdo é útil na categorização de textos.

3.      RESULTADOS E DISCUSSÕES

            Durante as apresentações, os educadores demonstraram interesse pelo  assunto tratado, o que pode ser confirmado com base no comportamento dos mesmos,  no que se refere ao silêncio, participação e interação; ainda  participaram de discussões coletivas, respondendo aos questionamentos apresentados  de forma oral ao final das sessões.

 


Figura 3.1 – Participantes da metodologia – Trilha interpretativa

Concordando com o que define Galvão (1996),  durante as discussões que aconteceram posteriormente à apresentação, os educadores ficaram livres para colocarem  seus comentários  e observações sobre o assunto. O índice de participação desses educadores nas discussões coletivas foi razoável, demonstrando interesse pelo assunto. Ao final das sessões, foi entregue aos educadores  um roteiro de questões que visaram analisar a proposta metodológica e o grau de entendimento em relação ao tema apresentado, suas percepções sobre a aula assistida e, ainda, se os  mesmos  entenderam o  objetivo principal da metodologia apresentada.

 

 

Metodologia – Trilha Interpretativa

 

10

9

8

7

6

5

Nível de importância

65%

35%

 

 

 

 

Entendimento do assunto

67%

11%

11%

 

 

 

Explicar a outra pessoa

100%

 

 

 

 

 

A metodologia foi interessante?

59%

35%

6%

 

 

 

Nota da aula

59%

29%

12%

 

 

 

 

 

Nesse estudo conceituamos a trilha interpretativa como um trajeto de curta distância, onde buscou-se otimizar a compreensão das características naturais e/ou construídas e culturais da sequência paisagística determinada pelo seu traçado (LIMA, 1998), com finalidades ludo-pedagógicas direcionadas a educação ambiental, funcionando como fator de integração, de adaptação e de valoração, de tomada de consciência em relação ao meio ambiente. As vivências na Natureza constituíram-se em atividades de sensibilização ambiental, envolvendo multi-estimulação da acuidade perceptiva, cognitiva e afetiva, sendo incluídas ou não durante a realização das trilhas, onde é desenvolvido um processo de educação através de valores, de identificação com a paisagem, onde são enfocados aspectos relativos ao sentir-se e ser parte. Envolve atividades cooperativas e anti-estresse, tais como relaxamento, meditação, visualização de paisagens, atividades de sensibilização ambiental e perceptiva (LIMA, 1998).

4.      CONSIDERAÇÕES FINAIS

            Em todas as ações os educadores mostraram-se curiosos, interessados e participativos, efetuando constantes perguntas sobre o tema abordado. Com o Roteiro de Questões aplicado percebeu-se que grande parte dos educadores gostaram da metodologia e ficaram sensibilizados com a questão ambiental. O “método trilha interpretativa” foi de grande aproveitamento, atingido o objetivo principal do estudo, que  era de sensibilizar os educadores sobre os prejuízos causados ao meio ambiente pela ação do homem. A educação ambiental é, de fato, um passo essencial para incentivar atividades que visem à defesa, conservação e proteção do meio ambiente.

            Vale ressaltar que a trilha interpretativa é uma metodologia excelente para qualquer público.

REFERÊNCIAL BIBLIOGRAFICO

BACHA, M.L. Leitura na Primeira Série. Rio de Janeiro: Livro Técnico, 1975. 263 p.

 

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Língua Portuguesa. Brasília, V 2, 1997, 144 p.

 

FREIRE, P. Educação: o sonho possível. In: BRANDÃO, C. O Educador: vida e morte. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1986. p. 100.

 

FREIRE, P. A importância do Ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo: Cortez, 1982. 96 p.

FREITAS, M. R. Conservação e percepção ambiental por meio da triangulação de métodos de pesquisa. Lavras: Universidade Federal de Lavras. (Dissertação), 2009, 82p.

GALVÃO, M. N. C. Possibilidades Educativas do Teatro de Bonecos nas escolas públicas de João Pessoa. Dissertação de Mestrado em Educação.  Centro de Educação, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 1996, 13p.

 

LIMA, Solange T. Trilhas Interpretativas: a aventura de conhecer a paisagem, Cadernos Paisagem.Paisagens 3, Rio Claro, UNESP, n.3, pp.39-44, maio/1998.

 

MINAYO, Maria Cecília de Souza. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 7ª. ed.,  Rio de Janeiro: Hucitec-Abrasco, 2000, 3p.

 

 

Ilustrações: Silvana Santos