PERCEPÇÃO DE ALUNOS DO CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE SOBRE O ECOSSISTEMA MANGUEZAL - RECIFE – PE

Arthur Vinícius de Oliveira Marrocos de Melo ¹

1. Programa de Pós-Graduação em Biologia Animal – UFPE, Centro de Ciências Biológicas - Av. Professor Moraes Rego, s/n Cidade Universitária, Recife – PE CEP: 50670-420. Professor da rede Municipal de Barreiros – PE. E-mail – arthur_marrocos@yahoo.com.br

RESUMO

Os manguezais fazem parte direta das relações exercidas pelos moradores da cidade de Recife, já que estamos rodeados pelos manguezais em nossa cidade, mas também o ecossistema esta extremamente degradado pela falta de consciência dos moradores da cidade, com a busca de uma sustentabilidade e melhoria ambiental as questões ambientais estão em evidência, por busca de uma capacitação profissional muitas pessoas estão buscando a formação técnica, com a crescente preocupação ambiental destacamos o curso técnico em meio ambiente, para tanto buscou-se conhecer a percepção dos alunos de um curso dessa área sobre o ecossistema manguezal, foram inquiridos 63 alunos com idade variando entre 17 e 45 anos, sendo aplicado um questionário subjetivo como técnica para obter a percepção dos alunos como preconizados por vários autores como uma das melhores técnicas para tanto. Como resultados notamos que o uso de questionário demonstrou ser uma boa forma de buscar o conhecimento dos alunos, a percepção foi considerado em geral parcialmente satisfatória, já que os mesmo respondem de forma bem genérica., deve-se realizar atividades de educação ambiental buscando melhorar a qualidade das respostas do alunos e buscar um aprimoramento dos conhecimentos já demonstrados nas respostas.

Palavras chaves: Percepção ambiental, manguezal, Meio Ambiente, curso técnico, Recife.

INTRODUÇÃO

Del Rio (1996) afirma que a percepção ambiental se trata de uma experiência sensorial direta do ambiente, que se dá a partir de mecanismos perceptivos e cognitivos, não sendo considerada como um processo passivo de recepção informativa, uma vez que envolve a interpretação da estimulação ambiental antrópica para compreender melhor as inter-relações entre homem e o meio ambiente.

            Para Shaeffer–Noveli (1999) o manguezal é como um ecossistema costeiro, de transição entre os ambientes terrestre e marinho, característico de regiões tropicais e subtropicais, sujeito ao regime das marés. É constituído de espécies vegetais lenhosas típicas (angiospermas), além de micro e macroalgas (criptógamas), adaptadas à flutuação de salinidade e caracterizadas por colonizarem sedimentos predominantemente lodosos, com baixos teores de oxigênio. Segundo esta autora, ele ocorre em regiões costeiras abrigadas e apresenta condições propícias para alimentação, proteção e reprodução de muitas espécies animais.

De acordo com CPRH (2006) o manguezal é importante porque apresenta condições ideais para reprodução, berçário, criadouro e abrigo para várias espécies da fauna aquática e terrestre, de valor ecológico e econômico, produzindo mais de 95% do alimento que o homem captura do mar. A vegetação de mangue serve para fixar as terras, impedindo assim a erosão e ao mesmo tempo estabilizando a costa. Para Coelho Júnior e Novelli (2000) os manguezais são importantes também porque evitam o assoreamento dos corpos d’água adjacentes, previnem inundações e protegem contra tempestade, absorvem e imobilizam produtos químicos, filtram poluentes e sedimentos, além de tratar efluentes. Todas essas características colocam os manguezais entre os ecossistemas mais produtivos e conseqüentemente muito frágeis à agressão antrópica. Com essa preocupação buscou–se conhecer a percepção de um grupo de estudante do curso técnico em meio ambiente, já que os mesmo trabalharam diretamente com o ambiente e sua conservação.

MATERIAL E MÉTODO

            Foram Inquiridos 63 alunos do curso técnico em meio ambiente de uma escola técnica no Recife – PE, com idade variando entre 17 e 45 anos, sendo aplicado questionário subjetivo como técnica para obter a percepção dos alunos como utilizado por outros autores: Bezerra et al. (2008) e Melo et al. (2008). Na presente pesquisa o questionário tinha quatro questões com: 1ª) O que é manguezal? 2ª) Cite cinco animais característicos do manguezal? 3ª) Qual a diferença básicas entre uma planta de mangue e uma planta terrestre?  4ª) Quais as importâncias ecológicas desses ecossistema?

            Os dados foram sistematizados e representados percentualmente em gráficos. Para tanto, agruparam-se as expressões similares e, considerando a variedade de respostas dos alunos nos questionários, utilizou-se à técnica proposta por Pereira et al (2006), estas foram classificadas em três categorias de respostas:

• “Satisfatórias” (S), para as respostas completas, nas quais os alunos demonstraram ter um conhecimento significativo do assunto abordado;
• “Parcialmente satisfatórias” (PS), para as respostas nas quais os alunos demonstraram ter um conhecimento mínimo do assunto abordado;
• “Insatisfatórias” (I), para as respostas onde os alunos demonstraram ou declararam nada saber sobre o assunto, ou ainda, quando os mesmos deixavam a questão em branco.

Os resultados foram registrados qualitativamente, como preconizado por La France (1987) que destaca que a qualidade dos dados depende da distinção dada pelo pesquisados. Na abordagem qualitativa predomina o tratamento descritivo dos dados. Ao optar por essa abordagem para a realização deste estudo foi levado em consideração que o pesquisador não é um mero espectador dos fatos e das relações estabelecidas.

RESULTADO E DISCUSSÃO

             Os alunos possuem uma percepção boa sobre o ambiente, mas foram muitos genéricos nas respostas deixam muitas lacunas tendo um resultado extremamente negativo sobre a caracterização do ambiente natura, (Fig. 1).

Figura 1. Apresentação das respostas ao questionário de percepção dos alunos do curso técnico em Meio Ambiente de uma escola técnica em Recife – PE. Onde as Questões: 1ª= O que é manguezal?; 2ª= Cite cinco animais que vivem no manguezal 3ª= Quais as diferenças das plantas do manguezal e as terrestres?; 4ª= Quais as importâncias do manguezal?

            Pertinente a questão onde foi indagado sobre o que era o manguezal, os alunos em sua maioria não conseguiram descrevê-lo com 39,1%, destacamos: “é um conjunto de vivo em um ambiente natural” essa descrição pode ser atribuída a qualquer ecossistema. “é uma parte da natureza onde no passado o mar habitou nessa área” “ um tipo de ecossistema com plantas e algumas espécies de animais”  “ são vegetais que vivem numa área salinosa, onde vivem tantos animais para consumo dos pescadores” essa descrição mostra a confusão comum que algumas pessoas fazem em relação ao manguezal e as plantas do ambiente Esse resultado é corroborado por Melo et al. (2008) que obteve mais ou menos os mesmos resultados no seu estudo.

            Com relação à segunda pergunta que pedia para serem citados 5 animais a maioria (69,6%) responderam de forma satisfatória citando caranguejo, garças, aves, peixes, guaiamu, aratu, ostras dentre outros. Diferindo de Melo et al. (2008) os alunos dessa escola tiveram uma visão mais ampla e mais coerente.

            Quanto incutidos sobre as diferenças entre os mangues e as plantas terrestres os alunos apenas conseguiram destacar o sistema radicular como diferença com as plantas terrestres “as plantas terrestres tem as raízes na terra e as plantas do mangue tem raízes suspensas” um aluno destacou a forma reprodutiva demonstrando a questão da viviparidade dos mangues “as plantas de mangue se reproduzem através de plantas pré-desenvolvidas, enquanto as terrestres na maioria por frutas e sementes”.

            Com relação à importância do ambiente os resultados foram satisfatórios 73,9% onde os alunos demonstraram respostas complexas como: “o manguezal é um ecossistema muito importante para espécies marinhas, dulcícolas e comunidades ribeirinhas. É considerado um berçário natural para inúmeras espécies. É um ambiente altamente rico em espécies da fauna, contendo animais que servem de alimento para a comunidade e para o resto da cadeia alimentar”.

CONCLUSÕES

            Uso de questionário subjetivo demonstrou-ser uma boa forma de buscar o conhecimento dos alunos, a percepção dos alunos foi considerado em geral parcialmente satisfatória, pois os mesmo respondem de forma bem genérica, apesar de estarem cursando a disciplina de biogeografia, de alguns alunos terem visitados o ambiente natural na disciplina já referida, deve-se realizar atividades de educação ambiental buscando melhorar a qualidade das respostas do alunos e buscar um aprimoramento dos conhecimentos já demonstrados nas respostas, pois os mesmos atuaram na área ambiental e se continuarem com a percepção que tem não conseguiram desenvolver atividade de boa qualidade na área.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BEZERRA, T. M. O.; FELICIANO, A. L. O.; ALVES, A. G. C. Percepção de alunos e professore do entorno da Estação Ecológica de Caetés Região metropolitana do Recife – PE. Biotemas, 21 (1), 2008

COELHO JÚNIOR, C.; NOVELLI, Y. Considerações teóricas e práticas sobre o impacto da carcinocultura nos ecossistemas costeiros brasileiros, com ênfase no ecossistema manguezal. In: MANGROVE 2000: Sustentabilidade de estuários e manguezais: Desafios e perspectivas, 2000, Recife. Trabalhos completos… (CD-ROM) Recife: Universidade Federal Rural de Pernambuco, 2000. 11 p.

CPRH. Ecossistema manguezal. Recife: Agência Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos - CPRH, 2006. Disponível em: <www.cprh.pe.gov.br/frme-indexsecao.asp? idsecao=208> . Acesso em: 26 jan. 2009.

DEL RIO, V. “Cidade da Mente, Cidade Real. Percepção Ambiental e Revitalização na Área Portuária do Rio de Janeiro”. In: DEL RIO, V. & OLIVEIRA, L. (orgs.) Percepção Ambiental: a experiência brasileira.São Paulo: Universidade de São Carlos (SP)/ Studio Nobel, 1996.

LA FRANCE, M. Dados de observação e de arquivos. IN: SELLTIZ et al. Métodos de pesquisas nas relações sociais. V. 2. Medidas na pesquisa social. São Paulo: EPU, 1987

MELO, A. V. O. M.; FARRAPEIRA, C. M. R., PINTO, S. L. Estratégias de educação ambiental sobre o manguezal junto a uma comunidade estudantil de Olinda – PE. Revista eletrônica Mestrado. Educação. Ambiental, v. 21, julho a dezembro de 2008.

PEREIRA, E.M.; FARRAPEIRA, C.M.R.; PINTO, S.L. Percepção e educação ambiental sobre manguezais em escolas públicas da Região Metropolitana do Recife. Revista Eletrônica do Mestrado em Educação Ambiental, Porto Alegre, v.17, p. 244-261, 2006. Disponível em: . Acesso em: 26 fev. 2009.

SCHAEFFER-NOVELLI, Y. Avaliação e ações prioritárias para a conservação                  da biodiversidade da zona costeira e marinha. São Paulo: PROBIO- Programa           Nacional da Biodiversidade; PRONABIO- Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica Brasileira, 1999. Disponível em: , acesso em: 02/02/09