Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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04/09/2012 (Nº 41) ESTRATÉGIAS DIDÁTICO-PEDAGÓGICAS PARA A DISCIPLINA DE PRINCÍPIOS DE ETNOBIOLOGIA E EDUCAÇÃO AMBIENTAL
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UTILIZAÇÃO DA INTERNET E OPERACIONALIZAÇÃO DE BIBLIOTECA COMO ESTRATÉGIAS DIDÁTICO-PEDAGÓGICAS PARA A DISCIPLINA DE

ESTRATÉGIAS DIDÁTICO-PEDAGÓGICAS PARA A DISCIPLINA DE

PRINCÍPIOS DE ETNOBIOLOGIA E EDUCAÇÃO AMBIENTAL

 

 

PINHEIRO-MESQUITA, S. F. ¹; MENDONÇA, A. D. S. ²; FERREIRA, C. M. L. ³

 

¹ Bióloga/ Universidade Estadual do Ceará e Especialista em Gestão Ambiental/UNIFRA;

² Biólogo/ Universidade Estadual do Ceará e professor do Ensino Médio da Secretaria de Educação do Estado do Ceará;

³ Professor de Educação Ambiental e Princípios de Etnobiologia/ Universidade Estadual do Ceará.

 

¹ sheridapinheiro@gmail.com

 

 

RESUMO

 

A disciplina de Princípios de Etnobiologia e Educação Ambiental ministrada na Universidade Estadual do Ceará, é uma via para que os alunos desenvolvam consciência ambiental e assumam posições responsáveis para solucionar problemas ambientais. Durante o programa de monitoria acadêmica, os alunos foram incentivados a utilizar seus endereços eletrônicos para auxiliar na relação aluno-professor-monitor que era realizada através da formação do grupo de e-mails da disciplina. Todos os arquivos da biblioteca foram classificados, sistematizados, digitalizados e gerenciados de forma a se tornarem disponíveis para os alunos por meio da internet. O grupo de emails foi utilizado para enviar os materiais presentes na biblioteca assim como, tira-dúvidas e divulgação de eventos. Notou-se um crescente interesse dos alunos com a disciplina, perante a metodologia diferenciada das quais eles estavam acostumados em sala de aula.

Palavras-chave: Endereço Eletrônico, UECE, Monitoria Acadêmica.

 

INTRODUÇÃO

 

A causa ambiental se encontra vinculada aos processos socioeconômicos, responsáveis pela apropriação e o uso dos recursos naturais e pelos problemas ambientais. O desenvolvimento sustentável assumido no Relatório de Brundtland defende que a satisfação às necessidades presentes não pode comprometer às gerações futuras, garantindo eficiência econômica, equidade social e prudência ecológica.

A oficialização da Educação Ambiental no Brasil ocorreu através da sanção da lei de número 6.938, de 31 de agosto de 1981. Foi através dessa lei que foi criada a Política Nacional do Meio Ambiente – PNMA. Mais tarde, com a inclusão da questão ambiental na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira – LDB – de 1996, se passou a compreender que o ambiente deveria ser ingrediente fundamental para a educação básica.

No início, por conta do seu caráter interdisciplinar, muitos viam a educação ambiental como romântica e preservacionista. Com o passar dos anos, a educação ambiental é vista como ferramenta promotora de condutas sociais ambientalmente corretas, promovendo valores e visão crítica renovada (MORADILLO; OKI, 2004).

A Etnobiologia tem a função de desvendar, compreender e sistematizar, cientificamente, todo um conjunto de teorias e práticas relativas à vida, oriundas de experimentação empírica por culturas tradicionais. Enquanto a Educação Ambiental é um processo de reconhecimento de valores e clarificação de conceitos. Relaciona-se com a prática das tomadas de decisões e a ética que conduzem para a melhoria da qualidade de vida.

A disciplina de Princípios de Etnobiologia e Educação Ambiental – PEEA, é uma via para desenvolver a consciência ambiental nos alunos, para que estes compreendam os processos socioambientais que afetam o meio ambiente e assumam posições responsáveis para solucionar estes problemas.

Atualmente é disciplina componente da grade curricular do curso de Ciências Biológicas da Universidade Estadual do Ceará – UECE, Campus do Itaperi, funcionando nas terças e quintas, para duas turmas. É composta de conteúdos como: Educação Ambiental (Histórico, Legislação Brasileira, Objetivos, Características, Fundamentos Filosóficos Estrutura dos Parâmetros Curriculares Nacionais, Princípios e Finalidades, Conferência de Tbilisi, Rio-92), Agenda 21 (Internacional, Nacional e Local), Desenvolvimento Sustentável (Pesquisas e Projetos), Ecopercepção, Definição de Ambiente etc.

É notável a dificuldade de acesso ao material didático como suporte ilustrativo e de consulta sobre os mais diversos assuntos, mormente na área específica de Etnobiologia e Educação Ambiental. A sistematização do acervo bibliográfico visa suprir em parte essa deficiência, utilizando a internet como meio facilitador, onde os alunos através desta ferramenta, podem realizar simulações em tempo real, descobrir novos conhecimentos por meio de pesquisas em sites e troca de e-mails, produzir textos e realizar outras atividades (BLATTMANN; DUTRA, 1999).

Este trabalho é resultado dos dois últimos semestres de monitoria em Educação Ambiental, pertencente ao Programa de Monitoria Acadêmica- PROMAC, da Universidade Estadual do Ceará- UECE, cuja estratégia pedagógica utilizada foi a internet como veículo para o fluxo de informações e a sistematização e gerenciamento da biblioteca didática do laboratório de Etnobiologia e Educação Ambiental – ETNOBIO.

Atualmente as bibliotecas tem ainda a função de gerenciar a informação e disponibilizá-la à uma comunidade específica. Por isso o trabalho possui o objetivo de disponibilizar as informações ao maior número possível de pessoas por meio dos estudantes. Também como, desenvolver as habilidades dos profissionais a se formarem biólogos e modificar suas atitudes em relação ao meio.

 

 

MATERIAL E MÉTODOS

 

No laboratório de Etnobiologia e Educação Ambiental - ETNOBIO existem cerca de 1.000 exemplares, incluindo livros, revistas, apostilas, anais, cartilhas, jornais, projetos, além de filmes e documentários relacionados com o tema abordado.

Inicialmente foi realizado um levantamento do acervo no qual foram cadastrados, etiquetados (com abreviação e numeração referente às seções respectivas) e inscritos no banco de dados, este por sua vez foi subdividido em seções: Educação Ambiental, Ecologia, Etnobiologia, Metodologia da Pesquisa, Legislação Ambiental e Botânica (Figura 1). Para a administração do sistema, foi implementado um plano de gerenciamento do banco de dados, incluindo a produção de material didático-pedagógico de apoio à disciplina.

 

Figura 1. Livros da biblioteca etiquetados de acordo com o cadastramento no banco de dados.

 

Posteriormente, procedeu-se o cadastramento eletrônico (em grupos) dos alunos matriculados na disciplina, estes por sua vez, fizeram uso do email - etnobio.ptea@gmail.com – como via de fluxo de informações: dúvidas, relatórios, questionários, projetos, divulgações de eventos etc. Quanto aos monitores, utilizavam a mesma ferramenta para esclarecimentos em relação à disciplina, envio de comunicados, bem como o envio de material didático-científico: capítulos de livros, textos, artigos, catalogados na biblioteca, além de slides.

Para os dois processos descritos anteriormente foram utilizado computador Semp Toshiba (processador Intel Celeron 2.4 GHz, memória 1 Gb, HD 80 Gb) com sistema operacional Linux no qual se fez uso do programa de planilha eletrônica e banco de dados.

 

RESULTADOS

 

Todos os alunos correspondentes aos dois semestres 2008.1 (agosto a novembro/2008) e 2008.2 (dezembro/2008 a abril/2009) participaram ativamente das práticas utilizadas em sala de aula com o uso da internet como meio facilitador entre professor e aluno.

Durante o período de 28/10/2008 a 20/04/2009, foram recebidos 110 emails, estes distribuídos em assuntos variados, tais como estudos dirigidos, textos, resumos, tira-dúvidas e divulgação de eventos. E no período de 30/09/2008 a 20/04/2009 foram enviados 44 emails para o grupo de endereços dos alunos. Totalizando um fluxo de 154 emails entre os 49 contatos eletrônicos (Figura 2).

 

Figura 2. Email sobre estudo dirigido enviado por aluno para o endereço eletrônico da disciplina.

 

Sobre o fluxo de atividades da operacionalização da biblioteca obteve-se um banco de dados sistematizado, no qual contém campos descrevendo cada título, com as seguintes descrições: código do livro, área, título, autor, editora, edição, ano de publicação, estante e prateleira (Quadro 1).

Quadro 1. Catálogo referente ao banco de dados da biblioteca com as descrições dos livros presentes.

 

 

CONCLUSÃO

Foi observada uma relação intrínseca entre os alunos e os monitores. Alguns estudantes até afirmaram que por meio da metodologia diferenciada, as aulas ficaram mais interessantes, pois eles foram estimulados a pesquisarem e descobrirem as próprias respostas. Como previsto por Zapata-Ros (1998), que afirma que a internet pode ser sim uma ótima ferramenta didática, ligando não só os alunos com os professores, mas também com a rede docente, fazendo assim, os professores trocarem ideias e experiências entre si, deixando de ser isolados em seus grupos.

Ainda segundo Zapata-Ros (1998), a internet como ferramenta pedagógica, é impactante pois promove trabalhos colaborativos, aumenta a rede de contatos e elimina a barreira de espaço e tempo.

A utilização dos computadores na sala de aula favoreceu a inclusão digital para aqueles que não tinham acesso direto com o equipamento, possibilitando a globalização de informações. A própria informação deve ser vista como um bem social e um direito coletivo, tão importante como direito à educação, à saúde e à moradia, à justiça, entre outros direitos do cidadão (GONÇALVES, 2003).

Além disso, as atividades da monitoria proporcionaram melhorias na qualidade do processo de ensino-aprendizagem entre os discentes, bem como, possibilitou aos monitores agregarem considerável lastro de experiência na docência superior, já que os mesmos estavam cursando licenciatura em Ciências Biológicas, e como futuros professores de Ensino Fundamental e Médio foi uma ótima oportunidade para aproveitar e fazer despertar uma composição de Educação Ambiental e Etnoconhecimento, já que faz-se tão necessária a formação de professores em Educação Ambiental e que esta, segundo Sato (2000) seja feita de forma apaixonante e motivadora no sentido mais profundo da palavra.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

BLATTMANN, U; DUTRA, S. K. W. Atividades em bibliotecas colaborando com a educação à distância. São Paulo: Associação Paulista dos Bibliotecários, 1999.

 

GONÇALVES, T. A importância da biblioteca para a promoção de hábitos de leitura. Revista da Escola Superior de Educação Castelo Branco. “Moinhos de vento, moinhos do pensamento”, v. 9, n. 14, junho, 2003.

 

MORADILLO, E. F.; OKI, M. C. M. Educação ambiental na universidade: construindo possibilidades. Química Nova, São Paulo, SP, v. 27, n. 2, p. 332-336, 2004.

 

SATO, M. Formação em Educação Ambiental – da escola à comunidade. In: COEA/MEC (Org.). Panorama da Educação Ambiental, Brasília, p. 5-13, 2000.

 

ZAPATA-ROS, M. Internet y Educación. In: Contextos de Educación. Revista da Universidad Nacional de Río Cuarto, Córdoba, v. 1, n. 2, p. 27 – 43, 1998.  Disponível em: <http://www.unrc.edu.ar/publicar/cde/2h2.html>. Acesso em 07/04/2009.

 

Ilustrações: Silvana Santos