Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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04/09/2012 (Nº 41) Educação ambiental no controle de aedes aegypti, uma estratégia de combate e prevenção
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Educação ambiental no controle de aedes aegypti, uma estratégia de combate e prevenção

 

Nilton Cesar Pasquini

Químico Industrial, Black Belt, MBA Gestão e Engenharia da Qualidade, MBA em Gestão de Pessoas.

Rua Fernando Luis Baldin, 430, ap 17, Vila Mariana, Americana SP.

(19) 34785893 (19) 91760109

nc.pasquini@ig.com.br

Centro Universitário Salesiano Dom Bosco – Unisal – Americana – Campus Maria Auxiliadora.

nc.pasquini@ig.com.br

 

Resumo

O presente trabalho propõe a avaliação de ações educativas realizadas no bairro Antonio Zanaga, situado no município de Americana, local favorável à proliferação do vetor, pois a área estudada fica próximo a represa Salto Grande, que em sua margem tem muito aguapé. A diferença do programa abordado neste artigo com os demais é o tempo de duração, o incentivo e as palestras de motivação. Talvez estes itens sejam os fatores de sucesso do programa. A análise dos dados obtidos através do questionário revelou que os moradores da área estudada assimilaram a relevância da doença. Pode-se afirmar que houve ganho de conhecimento da população local em termos da doença, seus vetores e criadouros e medidas adotadas para prevenir. Estes ganhos de conhecimentos favoreceram a mudanças das práticas da população local. Com relação aos criadouros, houve alterações significativas em suas quantidades antes e após a implantação do projeto.

 

Palavras-chave: Educação Ambiental, Dengue, Vigilância Entomológica

 

 

Introdução

Os criadouros oficialmente são divididos em grupos de recipientes, segundo os tais: o Grupo de Armazenamento de Água que se subdivide em depósitos de água elavados ligados à rede pública ou ao sistema de captação mecânica em poço, cisterna ou mina d`água, tambores e depósitos de alvenaria; e depósitos ao nível do solo para armazenamento doméstico, como tonel, tambor, barril, tina, depósitos de barro, caixas d`água, captação de água em poço, cacimba ou cisterna. O outro grupo é dos Depósitos Móveis como vasos com água, pratos, garrafas, pingadeiras, recipientes e degelo em geladeiras, bebedouros em geral, pequenas fontes ornamentais, materiais em depósitos de construção e objetos religisos. Há também o grupo de Depósitos Fixos como tanques em obras, borracharias e hortas, calhas, lajes e toldos em desníveis, ralos, sanitários em desuso, piscinas não tratadas, fontes ornamentais: vasos em cemitérios, cacos de vidro em muros e outras obras arquitetônicas. Grupo dos Passíveis de Remoção, também subdivididos em pneus e outros materiais rodantes; e subgrupo lixo com recipientes plásticos, garrafas, latas, sucatas em pátios e ferros-velhos e entulhos de construção. E por último o grupo de naturais, com plantas que acumulam água em suas axilas, como bromélias, ou buracos em árvores ou rochas e restos de animais (BRASIL, 2005).

O mosquito adulto vive de 30 a 35 dias e, nesse período, as fêmeas põem ovos de quatro a seis vezes. Em cada vez, ela põe cerca de 100 ovos, sempre em locais com água limpa e parada. Se não encontra recipientes apropriados para depositar seus ovos, a fêmea pode voar distâncias de até três quilômetros até localizar um ponto que considere ideal. A temporada de chuva é fator de complicação já que um ovo de Aedes aegypti pode sobreviver até 450 dias (um ano e dois meses) mesmo que o local em que ele foi depositado fique seco. Se esse local receber água novamente (quando há uma chuva, por exemplo), o ovo volta a ficar ativo, podendo se transformar em larva e depois em pupa, atingindo a fase adulta num prazo curtíssimo, entre dois e três dias (CABRAL, 2008).

 

 

 

Educação Ambiental

 

De acordo com Dias (1994), Educação Ambiental se caracteriza por incorporar as dimensões sociais, políticas, econômicas, culturais, ecológicas e éticas, o que significa que ao tratar de qualquer problema ambiental, devem-se considerar todas as dimensões e considerar o meio ambiente em sua totalidade, em seus aspectos naturais e criados pelo homem.

A educação consiste em um campo adequado para prover o desenvolvimento de novos conhecimentos mediante as transformações ocorridas nas diversas esferas da vida. Por se tratar de uma ferramenta fundamental no processo de formação de gerações, é que se acredita que modelos educativos poderão ser mediadores de iniciativas que possibilitarão minimizar os impactos futuros de doenças, como a dengue (MADEIRA et al. 2002).

A solução para a problemática da Dengue não está necessária e exclusivamente nas campanhas públicas do governo nem na criação de legislação rígida e fiscalização punitiva. O caminho para o combate ao vetor estaria então no binômio ciência e educação, o qual poderia fornecer conhecimento acerca da biologia do mosquito e persuadir a comunidade a uma mudança de comportamento (ANDRADE; BRASSALOTT, 1998).

A escola é ambiente privilegiado para mobilização da comunidade no combate ao vetor da Dengue. O ambiente escolar é de fundamental importância da educação voltada para saúde pública pela representatividade da escola, uma vez que nela encontram-se membros da maioria das famílias da comunidade; pela oportunidade de aproximar a escola de um problema existente na sociedade e de associar o problema ao conteúdo programático, além da oportunidade de trabalhar com crianças e adolescentes, que são mais fáceis de mudar de atitude que adultos (REGIS et al., 1998).

Metodologia

No período de fevereiro a abril de 2010, foi realizada uma pesquisa de densidade larvária e o grau de informação sobre o mosquito e a doença na região do Bairro Antonio Zanaga na cidade de Americana SP, através do Levantamento de Índice de Infestação proposto pelo Programa Nacional de Controle da Dengue (Ministério da Saúde 2009). Em seguida, através do levantamento das instituições locais mais representativas da comunidade, procurou-se estabelecer contato com as entidades de maior influência na região e representantes dos diversos segmentos da população como escolas, associações de bairro e lideranças comunitárias, identificando pessoas e grupos formadores de opinião (representantes de organizações sociais, políticas, religiosas, conselheiros, agentes comunitários, produtores culturais, setor de produção, associações, empresas, setor de prestação de serviços, além das instituições públicas) para que os mesmos pudessem fornecer informações sobre a comunidade e participar das ações educativas sugeridas pelo pesquisador. Para tanto, um grupo de oito estagiários, composto por estudantes dos cursos de Engenharia Ambiental, Serviço Social, Psicologia do Centro Universitário Salesiano São Paulo da cidade de Americana, e por um técnico da Prefeitura de Americana especializado na área biológica do Programa de Prevenção à Dengue, passaram a freqüentar semanalmente as reuniões populares, visando estabelecer parcerias que facilitassem a inserção do grupo na comunidade local, esta parte do projeto foi adaptada de CAREGNATO et al. (2008).

O trabalho educativo ocorreu no período de 1 de maio de 2010 a 30 de novembro de 2010, através de oficinas e palestras que tiveram como público principal a comunidade escolar seguida pela comunidade do distrito, sobre ações integradas de Educação em Saúde, Educação Ambiental e Vigilância em Saúde como medidas de controle e prevenção de doenças veiculadas por roedores e vetores, principalmente, o da dengue. Nas palestras procurou-se esclarecer à população a relação entre cuidado com meio ambiente e a saúde, expondo aos moradores a importância da destinação correta de resíduos e do cuidado ao meio ambiente. Além das palestras foram realizadas duas gincanas. Dividiram-se os estudantes em grupos, sendo os mesmos formados com alunos de todas as séries, acompanhados de um professor e um membro da equipe do projeto. O objetivo era percorrer toda a área urbana do bairro recolhendo material que pudesse servir de criadouro para a reprodução de mosquito e, principalmente, do Aedes aegypt, esta parte do projeto foi adaptada de LEMOS et al. (2010). A equipe que recolheu o maior número de material foi premiada com um jantar no melhor restaurante de Americana e um passeio em um parque de diversão. A equipe que ficou em segundo lugar ganhou um passeio com esporte radical em Brotas SP e o terceiro lugar um jantar em uma churrascaria. Semelhante premiação foi oferecida a equipe que melhor palestra criou focando medidas de controle e prevenção de doenças veiculadas por roedores e vetores, principalmente, o da dengue. As premiações foram obtidas através de patrocinadores.

Três meses após o final das ações educativas, em fevereiro de 2011 teve início a avaliação do trabalho. Através do sorteio aleatório 195 residências da região foram sorteadas para serem avaliados. Em cada domicílio, entrevistou-se um morador da residência, aplicando-se um questionário e realizando-se a investigação dos criadouros domésticos. O questionário aplicado foi composto por campos de identificação (quarteirão, endereço e tipo de imóvel), caracterização (idade, escolaridade e gênero) e investigação sobre a doença, sobre o vetor e sobre as medidas de prevenção, além de um campo específico sobre a participação de qualquer morador da residência nas oficinas ou palestras sobre a dengue.

As perguntas abertas foram analisadas através da técnica de análise de conteúdos temáticos e codificadas, possibilitando a análise estatística. Foram realizadas investigações dos criadouros potenciais para o vetor no domicílio, de acordo com a metodologia usada pelo Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD) (Ministério da Saúde 2002).

Nas palestras foi passado um filme do mosquito Aedes aegypti e levado o mosquito em um tubo de ensaio, para que as pessoas visualizem, com o auxílio de uma lupa. O filme “O mundo macro e micro do mosquito Aedes aegypti” (Fiocruz, 2006), explica as diversas fases da vida do mosquito transmissor da dengue por meio de imagens com cenas inéditas no mundo científico, mostrando o ciclo de vida deste vetor, que a cada verão vem causando enormes transtornos à população brasileira. As imagens reais mostram a transformação das formas imaturas, numa seqüência de eventos morfológicos: o ovo, a fase larvária, a diferenciação de larva para pupa e a emergência do mosquito adulto caracterizando o seu ciclo de vida. O filme contribuiu para ilustrar a palestra e para que as pessoas observassem que a falta de conhecimento dos hábitos desse mosquito constitui num grande entrave, que dificulta o controle de seus criadouros naturais e artificiais nas residências. O filme exibido pode ser assistido na página http://www.fiocruz.br/ccs/templates/htm/template_ccs/aedes_video/aedes_baixa. swf.

Área estudada

A área de estudo fica próxima a Represa do Salto Grande (Foto 1). A área da represa foi alagada em 1949 para a construção da Hidroelétrica de Salto Grande. Esta buscava atender principalmente a demanda crescente por recursos energéticos e hidrológicos na região, decorrente do crescimento urbano e populacional no contexto do processo de industrialização e urbanização do interior do Estado de São Paulo (PUPO, 2002; CAPORUSSO et al., 2009).

Na área de estudo tem 1 escola, 2 creche e aproximadamente 6 mil habitantes. Em 2009 houve 9 casos sendo 5 sorotipo Den-2 e 4 Den-3, 2 caso de febre hemorrágica, 2 casos envolvendo escorpião, 2 rato, 1 aranha, 35 casos de crianças abaixo de 3 anos que foram medicadas por apresentaram alergia  a picada de inseto.

Resultados

A pesquisa de densidade larvária, realizada junto com o questionário antes das intervenções educativas, revelou a presença do mosquito Aedes aegypti em 7 residências e em 4 pontos da Avenida Vitalino, vale ressaltar que estes pontos fica perto da área do matagal mas dentro do circulo de estudo. O Aedes albopictus foi encontrado em 1 residência.

As palestras ocorreram em sala de aula, centro comunitário, sede da associação de bairro e na quadra da escola com auxílio de material ilustrativo e didático, procurando interagir com o publico através de teatros, jogos e brincadeiras educativas. Este projeto foi encaixado dentro do Programa Amigos da Escola.

Participaram das oficinas 799 pessoas. A participação da população no controle do mosquito é considerada fundamental. Portanto, entre os desafios da educação em saúde, está a criação e o aperfeiçoamento de técnicas de intervenção que contribuam para redução da infestação por este vetor (CAVALCANTE et al., 2007).

           O sucesso do programa de educação ambiental na escola deveu-se, segundo avaliação dos professores, à integração escola/comunidade. Donalisio et al. (2001) afirmam que tal tarefa exige criatividade das equipes e flexibilidade dos programas de controle nas várias instâncias técnicas, e que este tem sido o desafio de grande parte dos programas de prevenção e de controle da dengue em todo o mundo.

A investigação dos criadouros, realizada juntamente com a aplicação do questionário antes da realização do projeto, revelou que 113 (58%) residências não apresentaram nenhum tipo de depósito potencial, enquanto que, em 82 (42%) domicílios, foi identificado pelo menos um tipo de criadouro. A pesquisa feita 6 meses após o inicio do projeto revelou que 189 (97%) residências não apresentaram nenhum tipo de depósito potencial, enquanto 6 (3%) domicílios, foi identificado pelo menos um criadouro.

            Entretanto, no caso da dengue, cujo controle pode ser feito através da participação comunitária, a educação deve ter como objetivo uma eliminação mensurável de criadouros pelo cidadão, e não simplesmente um acréscimo de conhecimento (Brassolatti & Andrade 2002).

 


Figura 1. Nível de conhecimento antes e depois.

 

Quando questionados aos participantes do projeto se as informações sobre a dengue e seu vetor mudaram sua maneira de organizar sua casa, 133 (68%) dos entrevistados afirmaram que havia alterado seus hábitos e 62 (32%) responderam negativamente à questão, ou seja, não haviam mudado o modo de organizar suas residências devido às informações recebidas. No entanto, foi possível observar que os participantes das oficinas e palestras que afirmaram terem adotado novas medidas com relação à organização doméstica como resultados das informações que receberam sobre a doença, realmente apresentaram menos criadouros em suas residências. Cabe salientar que muitas das pessoas que afirmaram não terem mudado sua maneira de organizar a casa, responderam afirmando que já possuíam o hábito de cuidar da sua residência com relação aos depósitos. O tempo de atuação dos estagiários na região, por um período de um ano, deve ser assim considerado como um dos fatores fundamentais para obtenção, em parte, dos resultados satisfatórios observados. Assim, a atuação constante no cotidiano da comunidade possibilitou que a questão dengue fosse, ao mesmo tempo, amplamente debatida por diversos segmentos da população CAREGNATO et al. (2008).

 

Mês

Aedes aegypti

Aedes albopictus

Culex quinquefasciatus

Março

31

17

198

Abril

12

7

125

Maio

7

8

99

Junho

5

0

65

Julho

0

1

236

Agosto

7

9

49

Setembro

12

0

86

Outubro

3

1

66

Novembro

6

0

37

Dezembro

8

3

83

Janeiro

0

1

36

Fevereiro

3

1

133

Março

0

0

14

Abril

1

7

29

Maio

5

5

11

Junho

0

0

57

Julho

0

5

19

Agosto

1

3

37

Setembro

4

7

69

Outubro

5

2

16

Novembro

9

3

19

Dezembro

0

0

26

Janeiro

4

6

16

Fevereiro

3

3

27

Março

5

1

19

TOTAL

131

90

1572

 

Figura 2. Quantidade de insetos coletados na mosquiteca.

 

 A análise dos dados obtidos através do questionário revelou que os moradores da área estudada assimilaram a relevância da doença, o mesmo não ocorreu com Caregnato et al. (2008) que apesar das ações de divulgação e educação sobre a dengue, os moradores da Ilha da Pintada ainda apresentam dificuldades em reconhecer a atual relevância da doença, onde afirma que apesar de serem capazes de estabelecer relação entre a doença e o mosquito, pois uma porcentagem satisfatória (49%) mostrou ter conhecimento sobre o modo de transmissão da doença, metade dos entrevistados não foi capaz de responder corretamente a questão sobre o que é a dengue, nem de citar mais de três sintomas da doença.         

           Embora muitos dos entrevistados tenham reconhecido as larvas que lhes foram apresentadas como larvas de mosquito, a falta de conhecimento sobre a morfologia do vetor foi constatada. No entanto, uma parcela satisfatória foi capaz de reconhecer os criadouros potenciais para oviposição do mosquito, mencionando, principalmente, aqueles que continham água CAREGNATO et al. (2008).

Nota-se que houve ganho de conhecimento estatisticamente significativo entre as fases antes e depois do projeto em todas as perguntas.

Considerando-se apenas a segunda fase da pesquisa, algumas perguntas atingiram níveis de respostas corretas que variavam de satisfatórios a bastante satisfatórios, como “como  é o mosquito da dengue? Como se cria? e Como combater?”, ver figura 1.

           Foi realizado oficina da mosquiteca, cujo inventor foi Cabral (2008), nesta oficina foi criada 425 armadilha, distribuído e instruído a comunidade como usar. Estas armadilhas tiveram o acompanhamento por 6 meses de um grupo treinado.

            Além dos Ae. Aegypti, Ae. Albopictus e Cx quinquefasciatus, outros culicídeos, foram capturados, identificados e contabilizados sendo estes: 12 Aedes fluviatilis, 2 Aedes sp, 6 Anopheles argyritarsis,  9 Culex chidesteri, 14 Culex coronator , 2 Limatus durhami, , 1 Psorophora discrucians e 36 Culex sp não foram identificadas porque estavam danificadas, ver figura 2.

 

Discussão

           

Na análise geral dos entrevistados, verificou-se pessoas com nível de conhecimento considerado bom apresentaram menos criadouros que os entrevistados que apresentaram nível de conhecimento insuficiente.

A alternativa mais viável para a eliminação dos criadouros do vetor é a participação efetiva da população. Segundo Leontisini et al. (1993), ela apresenta, além do incentivo à comunidade para  resolução de seus problemas, uma vantagem econômica, porque parte dos seus custos são assumidos pela própria comunidade. Muitos dos procedimentos de prevenção e eliminação não geram qualquer tipo de custo.

Mas, por outro lado, a aquisição dos conhecimentos não tem implicado a mudança de práticas da população em relação à eliminação de criadouros, ou esta mudança não tem sido suficiente para evitar a transmissão de dengue e dengue hemorrágico (Ayyamani et al., 1986; Swaddiwudhipong et al., 1992; Gratz, 1993; Leontisini et al., 1993; Rosenbaum et al., 1995; Neto et al., 1998; Caregnato et al. (2008).

Mesmo em programas de participação comunitária bem estruturado, com altos graus de comprometimento da população, as mudanças de hábitos, com reflexos importantes nos níveis de infestação dos vetores, são demoradas e nada fáceis de serem alcançadas (Gubler & Clark, 1994).

Para Clark (1995), o interesse reduzido da comunidade em participar de atividades de controle tem como razões a desconfiança, por parte da população, nos representantes governamentais; a existência de crenças colocando dengue como um acontecimento inevitável e também a apatia das comunidades.

A diferença do programa abordado neste artigo com os demais é o tempo de duração, o incentivo e as palestras de motivação. Talvez estes itens seja os fatores de sucesso do programa.

 

Referências:

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Anais do XIV Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, 2009, p. 1959-1966.

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Ilustrações: Silvana Santos