Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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04/06/2012 (Nº 40) PERCEPÇÃO SOCIOAMBIENTAL DOS MORADORES E PROFESSORES DO MUNICÍPIO DE PILAR EM RELAÇÃO AO RIO PARAÍBA DO NORTE, PARAÍBA, BRASIL
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PERCEPÇÃO SOCIOAMBIENTAL DOS MORADORES E PROFESSORES DO MUNICÍPIO DE PILAR EM RELAÇÃO AO RIO PARAÍBA DO NORTE, PARAÍBA, BRASIL

PERCEPÇÃO SOCIOAMBIENTAL DOS MORADORES E PROFESSORES DO MUNICÍPIO DE PILAR EM RELAÇÃO AO RIO PARAÍBA DO NORTE, PARAÍBA, BRASIL.

 

Gilberto de Freitas1, Carla Soraia Soares de Castro2

 

1 Bacharel em Ecologia - Universidade Federal da Paraíba – UFPB, Campus IV, Rio Tinto,PB. Rua Manoel Gonçalves, s/n. CEP: 58297-000, Rio Tinto, PB. (83) 88649276. ggilbertodefreitas@yahoo.com

 

2Doutora em Ecologia pela Universidade Federal de São Carlos, SP. Docente no Departamento de Engenharia e Meio Ambiente, UFPB, Campus IV, Rio Tinto,PB. csscastro9@gmail.com

 

RESUMO

Este trabalho consistiu em um estudo de percepção socioambiental dos professores e dos moradores do município de Pilar, Paraíba, Brasil, em relação ao rio Paraíba do Norte, um dos principais rios do estado da Paraíba. Foram aplicados questionários semi-estruturados contendo questões abertas e fechadas aos professores da escola municipal de Educação Infantil e Ensino Fundamental “Virgínio Veloso Borges” e aos moradores das margens do rio Paraíba do Norte. As questões fechadas foram analisadas pelo cálculo da percentagem e as questões abertas pela análise de conteúdo temático.  Professores e moradores têm percepções das questões ambientais referentes ao Rio Paraíba do Norte que se encaixam na visão antropocêntrica. Os resultados da pesquisa apontam para a necessidade de ampliação da percepção dos professores quanto as questões ambientais, contextualizando-as com ênfase na incorporação de aspectos social, econômico e cultural e da implantação de programas de educação ambiental que promovam a sensibilização dos moradores. 

Palavras-chave: Educação Ambiental, Percepção socioambiental, Rio Paraíba do Norte.

 

INTRODUÇÃO

De acordo com HOEFFEL et al. (2004) nas últimas décadas têm sido intensos e frequentes os debates sobre a problemática ambiental, os possíveis riscos que o seu agravamento pode trazer para a sobrevivência da humanidade e dos diversos ecossistemas do planeta. Ainda, segundo ele, problemas ambientais diversos tem sido o pólo de atenção, pesquisas e estudos de cientistas, educadores, políticos e mesmo da população em geral.

Sendo assim, pesquisas que abordem as relações ser humano-ambiente devem necessariamente incluir estudos de percepção como parte integrante da abordagem interdisciplinar (FIORE, 2002). A percepção é essencialmente egocêntrica, estando relacionada a posição do sujeito em referência ao objeto percebido. A percepção é individual e incomunicável, a não ser por meio da linguagem, do desenho ou de outra forma de comunicação (RIO & OLIVEIRA, 1999).                                                                                                                                   Para implantação de um programa de Educação Ambiental que não venha pronto e imposto ao seu público-alvo, se faz necessário e essencial um levantamento das várias formas de percepção do ambiente para obter a visão que cada indivíduo possui do seu lugar e do seu espaço (BEZERRA et al., 2008).                                                                                                                                                                                Esta pesquisa surgiu da preocupação com os impactos ambientais ocasionados por intervenções antrópicas no rio Paraíba do Norte, no município de Pilar, PB. O objetivo da pesquisa foi traçar um perfil socioambiental dos professores da escola municipal de Educação Infantil e Ensino Fundamental “Virgínio Veloso Borges” e dos moradores do município de Pilar, que vivem às margens do rio Paraíba do Norte.                                                                                  Mediante os sérios impactos ambientais no rio Paraíba do Norte se faz necessário que as comunidades que utilizam o rio busquem formas sustentáveis de usufruir desses recursos sem comprometê-lo.  Essa pesquisa pode ser o primeiro passo para a criação de políticas de conservação do rio Paraíba do Norte.

METODOLOGIA

Área de estudo

Distante 52 km da Capital paraibana, o município de Pilar tem uma área de 106,6 km quadrados e está situado a sudoeste do estado da Paraíba, na Mesorregião da Mata Paraibana e na Microrregião de Sapé. Limita-se ao Norte com Riachão do Poço (20km); ao Sul com Juripiranga (18km) e Itabaiana (15km); a Leste com São Miguel de Taipú (6km); Pedras de Fogo (51km) e Juripiranga (18km) e a Oeste com São José dos Ramos (15km) e Caldas Brandão a 18km (Figura 1). A sede municipal está localizada a 35m de altitude do nível do mar (7°18’01”S e 35°15’38”O). O clima é tropical quente e seco, com máxima de 27° e mínima de 22°. O inverno tem seu início em março, terminando em julho, com índice pluviométrico médio de 200 mm/ano (SILVA, 2007). De acordo com o IBGE, censo 2010, o município de Pilar possui aproximadamente 11.191 habitantes.

        

Figura 1-Localização de Pilar no mapa da Paraíba. Fonte: Confederação Nacional de municípios.

 

          O foco de estudo dentro do município de Pilar foi o rio Paraíba do Norte, especificamente o baixo curso do rio que tem seu início no município de Pilar descendo até a foz do rio em Cabedelo, numa extensão de aproximadamente 80 km (Figura 2).

          O rio Paraíba do Norte, levando em conta seus auto, médio e baixo cursos, tem extensão total de cerca de 380 km, com nascentes na região semi-árida conhecida como Cariri Paraibano, nas proximidades da fronteira com Pernambuco (CARVALHO, 2009).  Ele nasce na Serra Jabitacá, no Município de Monteiro, com o nome de rio do Meio, sendo sua mais alta vertente originária do Pico da Bolandeira, a 1.079 metros de altitude. Seus 18.000 quilômetros quadrados se encontram inteiros no Estado da Paraíba de cuja área territorial esse valor corresponde a 32% (ANDRADE, 1997). Tem papel muito importante no desenvolvimento passado e presente da História da Paraíba, uma vez que a sua fundação se deu com a instalação dos engenhos nas margens do rio Paraíba com as atividades açucareiras e pecuárias (SILVA, 2007).

          A sua ocupação deu-se inicialmente na região da várzea, próxima ao litoral, ainda no século XVI, sendo o restante de suas margens ocupadas nos séculos seguintes. Ainda hoje, quase cinco séculos depois, o Rio Paraíba do Norte possui uma importância social, econômica e ecológica muito grande para o Estado da Paraíba, principalmente para as pessoas mais carentes que usufruem dos benefícios oferecidos pelo rio por meio do seu uso nas atividades domésticas, na agropecuária, na pesca e no lazer como é o caso do município de Pilar, no qual ele abrange as zonas rural e urbana.

Figura 2-Bacia hidrográfica do rio Paraíba do Norte com suas regiões de alto, médio e baixo curso.

Fonte: AESA

Coleta e análise dos dados

Foram aplicados questionários semi-estruturados (modelo em anexo) contendo questões abertas e fechadas aos moradores de Pilar cujas residências estão localizadas as margens do rio Paraíba do Norte e aos professores da escola Municipal de Educação Infantil e Ensino Fundamental “Virgínio Veloso Borges”. As respostas foram analisadas pelo cálculo da percentagem e pela análise de conteúdo temático (BARDIN, 1977), técnica que consiste na busca do sentido contido nos conteúdos de várias formas de textos, de forma a propiciar a compreensão do acesso à informação de certos grupos e a maneira como esses grupos a elaboram e a transmitem, ou seja, analisa dentro do texto, termos chaves que compreendem um conjunto de significados ligados a certas categorias determinadas previamente.

 

RESULTADOS

Perfil Profissiográfico dos Professores

As entrevistas foram realizadas com 26 dos 28 professores que lecionam nos níveis Fundamental I (do 1o ao 4º ano) e Fundamental II (do 5o ao 9º ano). Tais entrevistas foram realizadas nos dias 25 e 26 de abril de 2011 nos turnos matutino e vespertino.

 Dos 26 professores entrevistados 34,61% estão na faixa-etária de 36 a 40 anos; 69% dos professores são do sexo feminino e 31% do sexo masculino; 42% são naturais de Pilar e 58% nasceram em outros locais, no entanto, 96% dos professores residem no município de Pilar e apenas 4% residem em outros municípios. 38,46% possuem mais de 20 anos de magistério; 3,84% possuem o 2º grau completo; 65,38% possuem o 3º grau completo e 30,76% realizaram algum curso de especialização. 50% deles afirmaram lecionar mais de uma disciplina, enquanto que os outros 50% lecionam apenas uma disciplina, mostrando que metade dos professores pesquisados são polivalentes e 50% são graduados em pedagogia. 

O fato de quase todos os professores possuírem o 3° grau e uma especialização se deve a existência da Universidade Vale do Acaraú (UVA) no município de Itabaiana, vizinho a Pilar. Essa instituição oferece cursos de licenciatura e de especialização.                                                                     Quando questionados se sabiam o que são temas transversais, 96% disseram que sim e 4% não conhecem. Em contra partida, 69% afirmaram ter recebido, durante sua formação, alguma capacitação para a inclusão de temas transversais, mas 31% informaram que não receberam qualquer tipo de capacitação. Sobre o conceito de Educação Ambiental, 96% afirmaram saber e 4% disseram que não sabiam o conceito de Educação Ambiental.

 

Percepção Ambiental dos Professores

Os professores foram incentivados a emitir as suas opiniões quanto aos processos de dragagem de areia e de desmatamento da mata ciliar no rio Paraíba do Norte. 100% dos professores entrevistados afirmaram que tais processos provocam impactos negativos. 100% também afirmaram ser positiva a abordagem interdisciplinar de temas ambientais e informaram já ter abordado o tema Meio Ambiente em suas aulas. 76,92% afirmaram conhecer alguma lei ambiental, enquanto que 23,07% afirmaram nunca ter ouvido falar de leis ambientais. Dos que informaram conhecer alguma lei ambiental, quando solicitados a citar uma lei ambiental, apenas 20% disseram recordar. Dos que recordavam de alguma lei, 50% confundiram o IBAMA, órgão Federal de fiscalização ambiental, com uma lei; 25% citaram a lei 9.395 da Política Nacional do Meio Ambiente e 25% citaram a Conferência Mundial de Meio Ambiente, que ocorreu no Rio de Janeiro em 1992, como uma lei.

REIGOTA (2007) identifica e caracteriza três visões: a naturalista, visão que evidencia apenas os aspectos naturais; antropocêntrica, visão que evidencia a utilidade dos recursos naturais para a sobrevivência do ser humano e globalizante; visão que define as relações recíprocas entre natureza e sociedade.

A percepção ambiental dos professores foi categorizada nas visões antropocêntrica, relacionada a utilidade dos recursos naturais para sobrevivência do homem, ou um lugar ou espaço que existe para que o ser humano viva; e naturalista limitada principalmente aos fatores bióticos e abióticos, restrita a dimensão ecológica e aos termos de conservação dos recursos naturais.

Quando perguntados sobre o que é meio ambiente, 80,76% responderam e 19,23% não souberam responder. Dos professores que responderam 57,14% apresentaram visão antropocêntrica e 42,85% apresentaram visão naturalista (Tabela 1).  100% dos professores afirmaram se sentir parte do meio ambiente e destes, 96,15% justificaram suas respostas. Todos os professores tiveram suas justificativas categorizadas na visão antropocêntrica. Todos os 26 professores se sentem responsáveis pela conservação do meio ambiente, mas 3,84% não justificaram suas respostas (Tabela 1).

Ao serem questionados como vêem o rio Paraíba do Norte no futuro, 7,69% opinaram que o rio se encontrará melhor porque os Pilarenses aprenderão a cuidar dele, mas 92,30% acreditam que o rio se encontrará em situação pior. Sobre o que poderia ser feito para sensibilizar os Pilarenses da situação do Rio Paraíba do Norte, 7,70% não responderam e 92,30% afirmaram ser necessário um processo de reeducação e conscientização ambiental, pois a problemática ambiental do rio Paraíba do Norte se deve a falta de conhecimento.

 

Tabela 1: Percepção dos professores com relação ao meio ambiente categorizada nas visões antropocêntrica e naturalista.

 

Questões

Respostas

Nº professores

%

Visão

 

O que é meio ambiente

Lugar onde o homem vive e suas interações.         

 

É a natureza.

12

 

 

 

 

09

57,14%

 

 

 

 

42,85%

Antropocên-trica*

 

 

 

Naturalista*

 

Por que se considera fazendo parte do meio ambiente

Porque dependo dos recursos naturais.    

 

Porque moro e preciso dos recursos naturais.

 

 

 

25

 

 

 

 

 

 

 

 

100%

 

 

 

 

 

 

 

 

Antropocên-trica

 

 

 

 

Por que se sente responsável pela conservação do meio ambiente

Porque nossas ações podem interferir direta ou indiretamente no meio ambiente.

 

 

26

 

 

100%

 

 

Antropocên-trica

*Fonte: Reigota, 2007

 

Perfil Social dos Moradores

 As entrevistas com os moradores foram realizadas nos dias 24 de abril a 16 de maio nos turnos matutino e vespertino. O público alvo foi toda a comunidade que reside às margens do Rio Paraíba do Norte. De um total de 163 pessoas que foram convidadas apenas 150 se dispuseram a participar da pesquisa. Todas as pessoas foram entrevistadas em casa, em momentos em que todas as famílias se encontravam reunidas. De cada família foi escolhido um membro para ser entrevistado enquanto os demais ajudavam ao mesmo com as respostas.

 Em relação ao perfil dos moradores, 25,33% estão na faixa etária acima dos 50 anos; 34% pertencem ao sexo masculino e 66% ao sexo feminino. 67% são naturais do município de Pilar e 33% têm outra naturalidade. 66% afirmaram que residem às margens do rio há mais de 20 anos. Como o rio Paraíba do Norte abrange as áreas urbana e rural, 17% dos entrevistados residem na zona rural e 87% residem na zona urbana. 52% são agricultores, 0,66% são pescadores, 10% são donas de casa, 2% são professores e 35,33% têm outras profissões. 100% dos entrevistados possuem meios de comunicação em casa, como rádio e televisão. 

Percepção Ambiental dos Moradores

Ao serem questionados de qual imagem vem as suas mentes ao lembrarem do rio Paraíba do Norte, 71,33% dos moradores responderam a poluição. 75% dos moradores afirmaram já ter ouvido falar de meio ambiente e 25% afirmaram que não. A respeito do termo Educação Ambiental, 58% já ouviram falar e 42% não conhecem tal termo. 93% se sentem responsáveis pela conservação do meio ambiente e 7% não se sentem responsáveis. Quando questionados se as casas construídas próximas as margens do rio poderiam prejudicá-lo, 47% disseram que sim e 53% disseram que não. 95% concordam que o processo de dragagem e o desmatamento da mata ciliar, prejudicam o rio Paraíba do Norte e 5% não têm essa opinião                                  Quanto ao conceito de meio ambiente, 65,33% souberam responder enquanto 34,66% não responderam. Dos que responderam 25,51% apresentaram visão antropocêntrica, relacionando a utilidade dos recursos naturais para a sobrevivência do homem ou um lugar ou espaço que existe para que o ser humano viva. 74,48% apresentaram visão naturalista, limitados aos fatores bióticos e abióticos e restritos a questões ecológicas como limpeza, plantas, animais, conservação e preservação (Tabela 2).                             Quando questionados a respeito de se sentirem fazendo parte do meio ambiente, 96,66% disseram que sim, enquanto que 3,33% afirmaram não fazer parte do meio ambiente. Dos moradores que responderam fazer parte do meio ambiente 73,10% justificaram suas respostas e 26,89% não souberam justificar. Dos moradores que justificaram sua resposta 97,16% apresentaram visão antropocêntrica por se limitarem a dependência da natureza para sua sobrevivência, alimentação e moradia. 2,83% apresentaram visão naturalista por se restringirem a beleza da natureza (Tabela 2).                                                   Ao serem questionados se o rio Paraíba possuía alguma importância, 98,66% responderam que sim e 1,36% que não. 97,29% justificaram suas repostas e apresentaram visão antropocêntrica centrada na importância agrícola, pecuária e doméstica no uso do rio e 2,70% não justificaram suas respostas.                                                                                                                                Os resultados mostraram que 97,33% dos entrevistados se preocupam com a saúde ambiental do rio Paraíba do Norte e 2,66% não se preocupam. Dos que se preocupam com o rio 95,89% justificaram o motivo da preocupação e 4,10% não souberam responder. Foi identificada nas justificativas a visão antropocêntrica voltada para uma preocupação pessoal de perder os recursos naturais oferecidos pelo rio e a visão naturalista centrada na preocupação com a beleza do rio. 95,89% apresentaram visão antropocêntrica e 4,10% visão naturalista (Tabela 2).                                                                                                         Diante da questão de como eles enxergavam o rio Paraíba do Norte no futuro, 98,66% responderam e 1,33% não souberam responder. Destes, 10,81% acreditam que o rio vai está melhor porque os Pilarenses cuidarão dele. Já 89,18% afirmaram que no futuro o rio não existirá devido a intensificação das atividades poluidoras.                                                   Quando perguntados o que poderia ser feito para sensibilização dos Pilaenses quanto a problemática ambiental do rio Paraíba do Norte, 99,16% sugeriram a reeducação da comunidade e 0,86% afirmaram não haver solução para os problemas ambientais no rio Paraíba do Norte.

 

Tabela 2: Parâmetros analisados para elaboração da percepção ambiental dos moradores.

Questões

Respostas

Nº de Moradores

%

Visão

 

 

 O que é meio ambiente

Tudo que está relacionado com o ser humano.

 

É a natureza e tudo vivo e não vivo que há nela.

 

25

 

 

 

73

 

25,51%

 

 

 

74,48%

 

Antropo-cêntrica

 

 

Naturalista

 

 

Por que se considera fazendo parte do meio ambiente

Porque dependo da natureza para sobrevivência, alimentação, moradia etc.

 

Por achar a natureza linda.

103

 

 

 

 

 

03

97,16%

 

 

 

 

 

2,83%

Antropo-cêntrica

 

 

 

 

Naturalista

 

Por que se preocupa com a saúde ambiental do Rio Paraíba.

Porque nós dependemos e precisamos de seus recursos naturais

 

Por temer perder essa beleza natural que é o rio.

     

140

 

 

 

 

06

 

95,89%

 

 

 

 

4,10%

Antropo-cêntrica

 

 

 

 

Naturalista

*Fonte: REIGOTA, 2007.

 

DISCUSSÃO

 

Conhecer as visões dos professores sobre meio ambiente e educação ambiental é apontada pela literatura como uma estratégia de fundamental importância para direcionar ações e propostas em educação ambiental (CARVALHO et al., 1996). No presente estudo os professores reconhecem a importância do rio Paraíba do Norte e de seus recursos naturais para o município de Pilar, PB. Tal reconhecimento pode ter relação com o grau de escolaridade dos professores. Considerando que a escola onde os professores lecionam apresenta estrutura para implantação de um programa de educação ambiental, tais resultados poderão subsidiar ações nesse sentido.

Ao analisar as respostas dos professores foram observadas duas visões distintas: uma naturalista e outra antropocêntrica, havendo uma maior predominância da visão antropocêntrica. Em um estudo realizado por BEZERRA et al. (2008) foi observada a presença das três visões apontadas por REIGOTA (2007), tendo como semelhança com o presente estudo o predomínio da visão antropocêntrica.

Em outro estudo realizado por FRAZÃO et al. (2010) com estudantes em uma escola estadual na praia de Pipa, RN, os resultados também apontaram para as três visões conceituadas por REIGOTA (2007), porém a visão predominante foi a naturalista, contrário aos resultados do presente estudo. É importante ressaltar que as semelhanças e diferenças nos resultados dos trabalhos de BEZERRA et al. (2008) e FRAZÃO et al. (2010) com os resultados obtidos no presente estudo podem expressar um aspecto local. Segundo GUIMARÃES (2003) os resultados de pesquisas de percepção ambiental realizadas em zona urbana poderão expressar a influencia dos fatores antrópicos e em zona rural a influencia do meio natural.          

Nas questões abordadas na pesquisa com os moradores, apenas em uma ocorreu a predominância da visão naturalista, restrita a dimensão ecológica. Nas demais questões, assim como constatados com os professores, predominou a visão antropocêntrica, limitada a importância dos recursos naturais do rio Paraíba do Norte para a sobrevivência dos Pilarenses.

Além da influência local outros aspectos estão envolvidos nas diferentes formas de percepção. Em um estudo de percepção ambiental realizado com a população ribeirinha, RODRIGUES (2008) observou a predominância da visão antropocêntrica. Já BONIFÁCIO et al. (2010) demonstraram a predominância da visão naturalista na percepção, sobre a bacia hidrográfica do rio Jaguaribe, de alunos de escolas públicas em João Pessoa, PB.

  As diferentes percepções obtidas nos estudos citados e no presente estudo refletem as características do público alvo e as suas diferentes formas de percepções. TUAN (1980) reforça esse pensamento afirmando que indivíduos em diferentes sociedades valorizam as percepções de maneiras distintas. A cultura tem, portanto, papel relevante na percepção e nos valores ambientais dos indivíduos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Professores e moradores têm visões predominantemente antropocêntricas, mas os professores demonstraram melhor entendimento das questões ambientais, provavelmente devido as suas formações e vivências. Mesmo assim, necessitam ampliar suas percepções contextualizando-as com ênfase na incorporação de aspectos social, econômico e cultural. Também se faz necessária a implantação de programas de educação ambiental que promovam a sensibilização dos moradores ribeirinhos. Por fim, a pesquisa tem potencial para subsidiar as políticas de conservação do Rio Paraíba do Norte, em Pilar, PB.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AESA: Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba. Disponível em: http://www.aesa.pb.gov.br/comites/paraiba/ Acessado em 12 de dezembro de 2011.

ANDRADE, Gilberto Osório de. O rio Paraíba do Norte. CONSELHO ESTADUAL DE CULTURA-SEC-.2ª ed. João Pessoa: editora Universitária, 1997. p. 10-42.                                                                                                                   

 

BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 229p.,1977.

 

BEZERRA, Tatiana Marcela de oliveira; FELICIANO, Ana; PATRIOTA, Lícia. Percepção ambiental de alunos e professores do entorno da Estação Ecológica de Caetés – Região Metropolitana do Recife – PE. Biotemas, 21(1): p.147-160, Março de 2008. ISSN 0103-1643.

 

BONIFÁCIO, Kallyne Machado; ABíLIO José Pegado. Percepções ambientais dos educandos de escolas públicas- caso bacia hidrográfica do rio Jaguaribe, Paraíba. REDE – Revista Eletrônica do Prodema, Fortaleza, v. 5, n. 2, p. 32 – 49, jun. 2010. ISSn1982-5528

 

CARVALHO, Juliana Loureiro de. Uma concentração de tempos – aprendendo a paisagem cultural do rio Paraíba açucareiro, 2009. Disponível na internet em: http--www.arquitetura.eesc.usp.br-sspa-arquivos-palestras-Juliano_Loureiro_Carvalho.pdf

 

CARVALHO, Luís Marcelo de; Trajber, Rachel; MANZOCHI, Lúcia Helena. Enfoque pedagógico: Conceitos, valores e participação política. São Paulo; ed. Gaia, 119p., 1996

 

Confideração Nacional de Municípios. Disponível na internet em: http:// www.cnm.org.br/dado_geral/ufmain.asp?iIdUF=100125. Acessado em 12 de dezembro de 2011.

 

FIORE, Andréia de. Ambiente e educação: abordagens metodológicas da percepção ambiental voltadas a uma unidade de conservação. 2002, 110p.Dissertação (Mestrado em Programa de Pós-graduação Ecologia e Recursos Naturais) – Universidade Federal de São Carlos, São Paulo, 2002.

 

FRAZÃO, Juliana Oliveira; SILVA, Jobson Martins da; CASTRO, Carla Soraia Soares de. Percepção ambiental de alunos e professores na preservação das tartarugas marinhas na praia de Pipas-RN. Revista eletrônica do Mestrado em Educação Ambiental. ISSN 1517-1256, v. 24. Janeiro a Julho de 2010.  

 

GUIMARÃES, Mauro. Diagnóstico da Percepção Socioambiental de Professores em Xerém (Duque de Caxias/RJ) e as relações com os processos de modernização, 2003 Disponível na internet em: http://www.anppas.org.br/encontro anual/encontro1/gt/sociedade do conheci mento/Mauro Guimarães.pdf. Acessado em 30 de outubro de 2011.                   

 

HOEFFEL, João Luís de Moraes; SUAREZ, Cristiane Ferráz e Silva, Meio Ambiente comunidade e extenção universitária- prática interdisciplinar na

 

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA CENSO 2010. Disponível na internet em: http://www.censo2010.ibge.gov.br/dadosdivulgados /index.php?uf=25. Acessado em 12 de Dezembro de 2011.

 

Universidade de São Francisco. In: 2º Congresso Brasileiro de Extensão Universitária, 2004, Belo Horizonte.

 

REIGOTA, Marcos. Meio ambiente e apresentação social. 7ª Ed. São Paulo: Cortez, 87p., 2007

 

RIO, Vicente Del & OLIVEIRA, Lívia de. (Org).  Percepção Ambiental: a experiência brasileira. São Paulo: Studio Nobel; São Carlos, SP. Universidade Federal de São Carlos, 1999.

 

RODRIGUES, Angélica Lúcia Figueredo. O boto na verbalização de estudantes ribeirinhos: uma visão etnobiológica. Dissertação (Mestrado em Teoria de Pesquisa do Comportamento). Universidade Federal do Pará, UFPA.

Belém, 2008.

 

SILVA, Lucimário Augusto da. Pilar da aldeia Cariri aos nossos dias. 2ª ed. João Pessoa: F &A Gráfica e Editora, 2007. P.15-19

 

TUAN, Yi–Fu. Topofilia. Um estudo da percepção e valores do meio ambiente. São Paulo: DIFEL, 1980.

 

 

ANEXOS

 

 

MODELO DE QUESTIONÁRIO APLICADO AOS PROFESSORES

 

 

Perfil Profissiográfico

 

1)       Sexo: (   ) Masculino (   ) Feminino

 

2)       Faixa etária: de 20 a 25 anos (   )  de 26 a 30 anos (  ) de 31 a 35 anos (  ) de 36 a 40 anos (    ) de 41 a 45 anos (  ) de 46 a 50 anos (   ) outro      (  )   

 

3)      Você é natural do município de Pilar? Sim (   ) Não (   )

 

4)      Onde você reside? (   ) Em Pilar (  ) Em outra cidade

 

5)   Qual o seu grau de instrução?           

       (   ) 2º grau completo (   ) 3º grau completo

       (   ) Mestrado             (   ) Doutorado

 

6)   Qual a sua formação?

       (   ) Letras (   ) Matemática (   ) Geografia (   ) História (   ) Ciências

       (   ) Inglês (   ) Religião       (   ) Artes        (   ) Outra

 

7)    A quantos anos você exerce o magistério?

(   ) 1 a 2 anos(   ) 3 a 4 anos(   ) 5 a 6 anos(   ) 7 a 8 anos (   ) 9 a 10 anos (  ) 11 a 12 anos (   ) 13 a 14anos  (   ) 15 a 16 anos  (   ) 17 a 18 anos                    (    ) Mais de 20 anos

 

8)    Você leciona mais de uma disciplina?  (    ) Sim    (    ) Não

 

 9)   Você sabe o que são temas transversais? (    ) Sim   (     ) Não

 

10)  Durante a sua formação, você recebeu alguma capacitação para a inclusão de temas transversais em sua sala de aula, tal como meio ambiente?

 (   ) Sim    (  ) Não

 

Percepção Ambiental dos Professores

 

1)   E sua opinião, o que é meio ambiente?

 

2)  Você se considera como parte do meio ambiente? Por quê?(  ) Sim (  )  Não

 

3)  Você sabe o que é Educação Ambiental? (   ) Sim     (    ) Não

 

4)  Você já ouviu falar de alguma lei que visa defender o meio ambiente? Se recorda, cite-a. (   ) Sim      (     ) Não

 

5)  Você se sente responsável pela preservação do meio ambiente? Por quê?

        (   ) Sim     (    ) Não

 

6)  O aumento das intervenções humanas aos recursos naturais durante o surgimento e o desenvolvimento da Revolução Tecnológica fez o planeta,no século XXI,entrar em um crescente período de crise ambiental que se reflete não apenas a nível global mas também a níveis regionais,como por exemplo a poluição de rios.Você se considera como um contribuinte dessa crise?        

        (   ) Sim     (    ) Não

 

7)  Você acha que o processo de dragagem (retirada de areia de rios por máquinas) e o desmatamento da vegetação ao entorno do rio, causam algum impacto ambiental?

        (   ) Sim      (     ) Não

 

8)  Levando em conta a grande preocupação mundial voltada para as questões ambientais marcadas no século XXI,você acha positivo a abordagem transdiciplinar de temas ambientais  na escola?

        (   ) Sim     (    ) Não

 

 9)  Durante suas aulas,em algum momento,você já abordou para seus alunos algum tema voltado para o meio ambiente?

        (   ) Sim     (    ) Não

 

10)  Como você vê o Rio Paraíba no futuro?

 

11) Na sua opinião o que é necessário fazer para sensibilizar as comunidades de pilarenses da importância do rio Paraíba do Norte para suas vidas e dos impactos ambientais que o mesmo vem sofrendo?

 

12)   Como você vê a comunidade Pilarense sem o rio Paraíba do Norte?

 

 

MODELO DE QUESTIONÁRIO APLICADO AOS MORADORES DAS MARGENS DO RIO PARAÍBA DO NORTE

 

Perfil Social

 

1)     Sexo: (    ) Masculino  (    ) Feminino

 

2)  Faixa etária: de 20 a 25 anos (   )  de 26 a 30 anos (  ) de 31 a 35 anos (  ) de 36 a 40 anos (    ) de 41 a 45 anos (  ) de 46 a 50 anos (   ) outro (  )   

 

3)  Você é natural do município de Pilar? (   ) Sim (   ) Não  

 

4)  Onde você reside?        

     (    ) Zona rural    (    ) Zona urbana

 

5)  A quanto tempo você reside as margens do rio Paraíba do Norte?    

     1 a 2 anos (   )   3 a 4 anos (   )   5 a 6 anos (   )       7 a 8 anos (   )

   9 a 10 anos (   ) 11 a 12 anos (   ) 13 a 14anos  (   ) 15 a 16 anos  (   )

  17 a 18 anos (   ) Mais de 20 anos (   )

 

6)  Qual é a sua profissão?

     (   ) Agricultor( a )   (   ) Doméstico( a )  (   ) Outra.

     (   ) Pescador(a  )      (    )  Professor ( a )

 

7)  Quantas pessoas há em sua família?

      (   )1 a 2 pessoas (   ) 3 a 4 pessoas (   ) 5 a 6 pessoas (   ) 7 a 8 pessoas

      (   ) 9 a 10 pessoas (   ) Mais que 10 pessoas

 

8)  Você possui em sua casa algum meio de comunicação (televisão, rádio etc.)?

       (    ) Sim    (    ) Não

 

 

Percepção Ambiental dos moradores

 

1)  Você já ouviu falar de meio ambiente? (    ) Sim    (    ) Não

 

2)  Para você o que é meio ambiente?

 

3)  Você se considera fazendo parte desse meio ambiente?Por quê?

     (    ) Sim    (    ) Não

 

4)  Você já ouviu falar de Educação Ambiental?

     (    ) Sim    (    ) Não

 

5)  Você se sente responsável pela conservação do meio ambiente?

     (    ) Sim    (    )Não

 

 

6)  Na sua opinião, o rio Paraíba Norte é importante para o município de Pilar? Por quê?

     (    ) Sim    (    ) Não

 

7) Você acha que as casas construídas perto do rio Paraíba do Norte podem prejudicá-lo?

     (    ) Sim    (    ) Não

 

8)  Na sua opinião, a dragagem (retirada de areia em rios por máquinas) prejudica o rio Paraíba do Norte?

    (    ) Sim    (    ) Não

 

9) Você se preocupa com a saúde ambiental do rio Paraíba do Norte? Por quê?

    (    ) Sim    (    ) Não

 

10) Na sua opinião, como estará o rio Paraíba do Norte daqui há alguns ano

 

11)  Para você de que forma poderíamos fazer as pessoas entenderem a importância do rio Paraíba do Norte para suas vidas? 

 

12)  Quando você lembra do rio Paraíba do Norte ,qual é a primeira imagem que vem em sua mente?

(   ) Da beleza das suas águas  (   ) De máquinas dragando suas terras

(   ) De muita poluição                (   ) De desmatamento

 

 

 

 

 

 

 

 

Ilustrações: Silvana Santos