Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
Início Cadastre-se! Procurar Área de autores Contato Apresentação(4) Normas de Publicação(1) Dicas e Curiosidades(7) Reflexão(3) Para Sensibilizar(1) Dinâmicas e Recursos Pedagógicos(6) Dúvidas(4) Entrevistas(4) Saber do Fazer(1) Culinária(1) Arte e Ambiente(1) Divulgação de Eventos(4) O que fazer para melhorar o meio ambiente(3) Sugestões bibliográficas(1) Educação(1) Você sabia que...(2) Reportagem(3) Educação e temas emergentes(1) Ações e projetos inspiradores(25) O Eco das Vozes(1) Do Linear ao Complexo(1) A Natureza Inspira(1) Notícias(21)   |  Números  
Artigos
04/06/2012 (Nº 40) PERCEPÇÃO AMBIENTAL DE ALUNOS DO TERCEIRO ANO DO ENSINO MÉDIO EM DUAS ESCOLAS DA CIDADE DE UBERABA-MG
Link permanente: http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=1255 
  
PERCEPÇÃO AMBIENTAL DE ALUNOS DO TERCEIRO ANO DO ENSINO MÉDIO EM DUAS ESCOLAS DA CIDADE DE UBERABA-MG

 

 

Percepção Ambiental de alunos do TERCEIRO Ano do Ensino Médio em duas escolas da cidade de Uberaba-MG.

 

Raphael Ferreira Almeida¹; Claudia Santos Silva Rabelo²; Cladecir Alberto Schenkel³

 

1.Graduado em Licenciatura em Ciências Biológicas pelo Centro de Ensino Superior de Uberaba – CESUBE, Pós-Graduado em Gestão Ambiental – Diagnóstico e Adequação Ambiental, pelo Instituto Federal do Triângulo Mineiro, Campus Uberaba, Mestrando em Botânica da Universidade de Brasília – UnB.

 EQN 410/411 Norte, Bloco A, Ed. Studio Center, ap. 122, Brasília – DF

Telefone: (61)8251-6402

(raphael-botanicaunb@hotmail.com)

 

2.Graduada em Licenciatura em Ciências Biológicas pelo Centro de Ensino Superior de Uberaba – CESUBE, Pós-Graduanda em Gestão Ambiental – Diagnóstico e Adequação Ambiental, pelo Instituto Federal do Triângulo Mineiro, Campus Uberaba.

(calaudiasantos@hotmail.com)

 

3.Licenciado em Ciências Agrícolas e Mestre em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade pela Universidade Federal Rural do Rio Janeiro, Doutorando em Educação pela Universidade Federal de Uberlândia e professor do Instituto Federal do Triângulo Mineiro, Campus Uberaba.

(schenkel@iftm.edu.br)

 

 

RESUMO

O estudo buscou compreender a percepção de alunos do terceiro ano de Ensino Médio de uma escola pública e uma escola privada de Uberaba-MG. Caracteriza-se como trabalho de campo, por meio do levantamento de dados com o uso de um questionário aplicado à integralidade dos alunos de uma turma de cada escola. Os resultados apontam que os conhecimentos apresentados e as atividades didático-pedagógicas desenvolvidas em Educação Ambiental são frágeis, indicando, por consequência, que a Educação Ambiental ainda não se firmou no cotidiano do espaço escolar nesses dez anos de vigência dos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio.

 

PALAVRAS-CHAVE: Educação Escolar; Percepção Ambiental; Educação Ambiental.

 

INTRODUÇÃO

Segundo Macedo (2000), a percepção ambiental é definida em termos de diferentes maneiras sensitivas pelas quais os seres humanos captam, percebem e se sensibilizam pelas realidades, ocorrências, manifestações, fatos, fenômenos, processos ou mecanismos ambientais observados “in loco”. Para COELHO (2002), cada indivíduo percebe, reage e responde diferentemente às ações sobre o ambiente em que vive. As respostas ou manifestações daí decorrentes são resultados das percepções (individuais e coletivas), dos processos cognitivos, julgamentos e expectativas de cada pessoa.

Assim, a percepção ambiental depende da interação que cada indivíduo estabelece com o meio em que vive e, portanto, de sua capacidade de observar e identificar nesse meio as relações existentes, adversas ou não, desde as mais simples até as mais complexas. Logo a percepção ambiental pode ser entendida como o processo de aprendizado e conhecimento contínuo ao longo do tempo que o ser humano estabelece com o meio ambiente à sua volta. Dessa forma, os conhecimentos de uma pessoa acerca do meio em que vive é consequência de sua percepção ambiental, que a orienta nesse processo.

Na atualidade, as questões ambientais têm ganhado espaço junto à opinião pública de forma geral, principalmente, devido aos efeitos prejudiciais das atividades humanas sobre o meio, afetando o conjunto de seres vivos, inclusive o ser humano. Na esteira dessas preocupações, uma grande quantidade e diversidade de informações estão disponíveis para rever a relação entre o homem e o meio ambiente. Contudo, isso ainda não é o suficiente para mudar a percepção e o modo de pensar e agir, de forma significativa, de cada cidadão e da sociedade como um todo.

Nesse sentido, encontrar formas que contribuam para ampliar a percepção das pessoas sobre os problemas ambientais, suas razões, surgimento e efeitos, se mostra uma necessidade fundamental, em busca de uma ética e de uma consciência ambiental capazes de equilibrar a relação entre homem e meio ambiente. Por outro lado, um dos lugares em que essas questões deveriam ser foco central dos trabalhos, a escola, por meio da Educação Ambiental formal, ainda não a incorporou ao seu cotidiano de forma permanente como tema transversal, conforme preconizam os Parâmetros Curriculares Nacionais e a Política Nacional de Educação Ambiental.

Como consequência, a Educação Ambiental não tem conseguido estar presente nos espaços-chave da organização do trabalho escolar, tais como, na definição dos projetos pedagógicos, dos planos de trabalho, do uso do tempo em sala de aula, do planejamento, da distribuição das atividades e do tempo remunerado dos professores (CARVALHO, 2005).

Isso não quer dizer que o que se tem feito não tem valor, ao contrário, devem ser reconhecidas e valorizadas as diversas iniciativas nessa área realizadas por todo o país. Contudo, ainda resta o desafio de incluir nos espaços institucionais estruturantes do campo educativo a formação de uma sensibilidade e de uma leitura crítica dos problemas ambientais (CARVALHO, 2005), transformando a educação escolar em espaço de Educação Ambiental.

A escola é um lugar privilegiado para tratar dessas questões, dentre outras razões, porque todas as gerações futuras passam pelos bancos escolares e porque é o lugar de acesso e reflexão aos conhecimentos, de forma metódica e sistematizada, contribuindo para formar os padrões de pensamento daqueles que, em breve, farão uso dos recursos e serviços ambientais.

Em razão dessas questões é que se desenvolveu este trabalho de pesquisa, com o objetivo de verificar a percepção ambiental de alunos do terceiro ano do Ensino Médio, em duas escolas da cidade de Uberaba, no Estado de Minas Gerais, sendo uma pública e uma privada.

Para a realização da pesquisa em questão, foram levantados dados em campo, por meio da aplicação de um questionário contendo 10 questões de múltipla escolha, envolvendo, dentre outras, questões sobre participação em eventos sobre temas ambientais, conhecimentos sobre o meio ambiente. Esse instrumento foi aplicado, em cada escola, a uma das turmas do terceiro ano do Ensino Médio, totalizando um número de 54 sujeitos, e recolhido no mesmo dia de sua aplicação. Por motivos de ética em pesquisa com pessoas, é mantido o sigilo acerca da identidade dos sujeitos e das escolas.

Os dados foram sistematizados em planilhas eletrônicas, com o auxílio do programa Microsoft Office Excel. Em seguida, gerados os gráficos para fins de análise, comparação dos dados entre as escolas e apresentação dos resultados, indicando as situações levantadas na pesquisa.

A justificativa do trabalho é que a compreensão da percepção ambiental dos alunos é um indicador do sucesso ou não das ações de Educação Ambiental empreendidas pelas respectivas instituições. E, nesse sentido, contribui para que essas ações possam ser reavaliadas, no sentido de efetivar um trabalho adequado ao estado dos problemas ambientais.

 

A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA EDUCAÇÃO ESCOLAR

A revolução tecnológica, a explosão demográfica e a cultura do consumo, no século passado, mudaram expressivamente a relação do homem com a natureza, bem como, a percepção ambiental acerca dela. A aceleração do uso não sustentável dos recursos e serviços ambientais vem causando uma série de problemas, dentre eles a redução da biodiversidade, comprometimento da quantidade e qualidade de água e da qualidade do ar, alterações climáticas, dentre outros. O que se verifica é que o ser humano está se apropriando cada vez mais desses recursos para obtenção de bens e acúmulo de riquezas, sem considerar os problemas ambientais decorrentes.  Para LEFF (2001), os problemas ambientais atuais se encontram no limite.

Para VILAS-BOAS (2002), os autores que discutem a problemática ambiental estão em consenso de que ela tem origem no modelo econômico, cultural e antropocêntrico adotado. O relatório do Painel Internacional sobre a Mudança do Clima (IPCC, 2007), também aponta que o aumento da concentração de dióxido de carbono na atmosfera se deve principalmente ao uso de combustíveis fósseis e mudanças no uso da terra; e as concentrações de metano e óxido nitroso, à agricultura praticada.

A reversão desse quadro passa, necessariamente, por um processo de (re)conscientização da humanidade, para desenvolver novos hábitos e atitudes de produção, consumo e qualidade de vida, hoje vinculados ao consumo e à posse individual de bens; bem como, para construir novas formas de conceber, perceber e compreender as relações entre homem e natureza. Neste cenário, a inserção da Educação Ambiental na educação escolar se mostra relevante, para (re)trabalhar o modo de pensar e as condutas das pessoas frente aos problemas ambientais (VILAS-BOAS, 2002).

A Educação Ambiental serve de suporte teórico e técnico para as atividades que se desenvolvem na área ambiental (RAMOS, 2001). No entanto, é consenso de que “as discussões em torno da EA ainda não chegaram à criação de princípios ou critérios suficientes para uma prática educacional dirigida para a conscientização em relação à área ambiental [...]” (FLICKINGER, 1994, p. 198). Estudos recentes também têm apontado essa falta de unidade e diversidade de abordagens da Educação Ambiental (TOZONI-REIS, 2004).

Não se pode falar em Educação Ambiental no espaço escolar sem pensar num projeto pedagógico interdisciplinar, um trabalho construído coletivamente e cujas práticas se complementam; deve ser orientado por uma concepção totalizadora da educação, comprometimento com a prática social e o desenvolvimento da cidadania, em interação com a comunidade. Para MELO (2001, p. 10),

Segundo a Lei nº 9795/99, no seu Artigo Primeiro, entende-se por Educação Ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.

 

Para VARINE (2000), a prática da Educação Ambiental é de suma importância uma vez que se preocupa com a preservação de um grande patrimônio da sociedade, a natureza. O rápido crescimento populacional é um dos agravantes dos problemas ambientais, no entanto, essa questão não pode ser reduzida somente a essa causa. É necessário um novo processo educativo, que contemple atitudes pró-ambientais e sociais.

Nas escolas, o tema Meio Ambiente e a Educação Ambiental são definidos como temas transversais, não como disciplina específica. O que se tem observado é que as instituições de Ensino Médio, públicas e privadas, têm preocupação maior com o cumprimento do conteúdo programático, o Currículo Básico Comum – CBC e a preparação pré-vestibular. Os temas transversais, quando trabalhados, o são de forma fragmentada.

Mudanças nesse campo são necessárias, visto que as escolas sempre serão o principal meio de construção e reconstrução de conhecimento por crianças e jovens. Como afirma YOUNG (2007, p. 1294), à escola cabe transmitir o “conhecimento poderoso”, que “refere-se ao que o conhecimento pode fazer, como, por exemplo, fornecer explicações confiáveis ou novas formas de se pensar a respeito do mundo”; que deve informar os currículos escolares. Cabe fazer da Educação Ambiental, em todos os níveis escolares, um “conhecimento poderoso”.

Segundo VASCONCELLOS (1997), a presença em todas as práticas educativas da reflexão sobre as relações dos seres entre si, do ser humano com ele mesmo e do ser humano com os demais entes é condição imprescindível para que a Educação Ambiental ocorra. Nesse contexto, segundo DIAS (1992), sobressaem-se as escolas como espaços privilegiados para desenvolver atividades que propiciem essas reflexões, de modo interdisciplinar, em atividades de sala de aula e de campo, com ações orientadas por projetos e em processos participativos que levem à autoconfiança, às atitudes positivas e ao comprometimento pessoal.

 

METODOLOGIA

A pesquisa foi realizada com alunos do terceiro ano do Ensino Médio, em duas escolas da cidade de Uberaba, no Estado de Minas Gerais, sendo uma pública e uma privada.

A pesquisa realizada, considerando Silva e Menezes (2001, p. 20), pode ser classificada como quantitativa quanto a sua abordagem, que “[...] significa, traduzir em números opiniões e informações para classificá-las e analisá-las. Requer o uso de recursos e de técnicas estatísticas [...]”.

Em relação aos seus objetivos, segundo Gil (1991), a pesquisa é descritiva, tendo em vista que ela procurou descrever as características de uma população, envolvendo o uso de uma técnica padronizada de levantamento de dados, com a aplicação de um questionário aos sujeitos. Com base no mesmo autor, quanto aos procedimentos técnicos, caracteriza-se como pesquisa de levantamento, que envolve a interrogação direta das pessoas alvo do estudo.

A técnica de levantamento de dados utilizada foi a aplicação de um questionário, em campo, contendo 10 questões de múltipla escolha, envolvendo, dentre outras, questões sobre participação em eventos sobre temas ambientais, conhecimentos sobre o meio ambiente. Esse instrumento foi aplicado, em cada escola, a uma das turmas do terceiro ano do Ensino Médio, selecionada aleatoriamente, totalizando um número de 54 sujeitos. O instrumento foi entregue a cada estudante e recolhido no mesmo dia. Orientados pela ética em pesquisa com pessoas, é mantido o sigilo acerca da identidade dos sujeitos e das escolas.

Os dados foram sistematizados em planilhas eletrônicas, com o auxílio do programa Microsoft Office Excel, e analisadas estatisticamente por meio de frequência. Com os resultados foram gerados os gráficos para fins de análise, comparação dos dados entre as escolas e apresentação dos resultados, descrevendo as situações apontadas pela pesquisa quanto a percepção ambiental dos sujeitos pesquisados.

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Observou-se um predomínio de estudantes do sexo masculino: 64% na escola particular e 52% na escola pública. Com relação à faixa etária, em percentuais, foi verificado que: 5% têm 16 anos na pública, 6% na privada; com 17 anos, 71% na pública, 85% na privada; e, acima de 17 anos, 24% na pública, 9% na privada.

A participação desses estudantes em eventos relacionados ao meio ambiente é apresentada na figura 1. Da escola pública, 76% já participaram de algum desses eventos; na particular apenas 45%. Denota-se que a escola pública apresentou preocupação maior em relação a esse aspecto do que a privada.

 

FIGURA 1: Participação em evento sobre Meio Ambiente (fonte: dados da pesquisa)

 

Acima de 60% dos alunos de ambas as escolas mostraram ter conhecimento sobre o que vem a ser meio ambiente, enquanto os demais informaram ter um conhecimento apenas parcial sobre o assunto, talvez, em construção (Figura 2). Cabe destacar o papel fundamental das escolas para a construção desse conhecimento, visto que os mesmos podem ser adquiridos fora da escola de forma difusa, cabendo à escola contribuir para a formação sistematizada dos novos padrões de pensamento.

 

FIGURA 2: Grau de conhecimento sobre o que é Meio Ambiente (fonte: dados da pesquisa)

 

Para verificar a compreensão de meio ambiente foram propostas opções, para que os alunos selecionassem aquela que correspondesse ao seu conceito. As alternativas o relacionavam com a natureza, os seres vivos, o local de se viver, as construções ou todos os itens. Os resultados (Figura 3) apontam uma compreensão de meio ambiente complexa, incluindo o natural e o construído. Um pequeno percentual apresentou a percepção de meio ambiente associada à natureza, visão romantizada difundida pela mídia.

 

FIGURA 3: Conceito de meio ambiente conforme opções disponibilizadas (fonte: dados da pesquisa)

 

Chamou atenção a fonte apontada das informações sobre o meio ambiente: nenhum dos alunos da instituição particular disse tê-las obtido na escola; na pública, apenas 25% (Figura 4). Este dado é preocupante, pois a escola é o local para discutir esses assuntos, com o fim de compor o “conhecimento poderoso”. Para PELICIONI (2002), a escola, ao possibilitar a realização de um trabalho de intervenção planejado, sistemático e controlado, é espaço privilegiado para desenvolver a Educação Ambiental.

 

FIGURA 4: Meios de se obter informações sobre assuntos ambientais (fonte: dados da pesquisa)

 

Para verificar a compreensão das causas dos problemas ambientais foram apresentadas algumas das alternativas (ação antrópica, urbanização, indústria e agricultura) que os alunos assinalavam. Nas duas instituições a maioria acredita que a causa principal é o ser humano (Figura 5), indicando uma compreensão de que o ser humano ainda não aprendeu a desenvolver ações em equilíbrio com o meio ambiente.

 

FIGURA 5: Responsáveis pelas mudanças no meio ambiente (fonte: dados da pesquisa)

 

Grande parte dos entrevistados acredita na Educação Ambiental como meio de mudar os pensamentos e ações do ser humano em relação ao meio ambiente (Figura 6). Portanto, as escolas devem dar-lhe mais atenção e, assim, contribuir para que crianças e jovens formem seus padrões de pensamento e fundamentem seus conceitos, por caminhos que estabeleçam novas relações e ações, individuais e coletivas, com o meio ambiente, distintas das de hoje.

 

FIGURA 6: Fatores necessários para mudar a situação atual do meio ambiente (fonte: dados da pesquisa)

 

Quanto às perspectivas acerca do futuro do meio ambiente, foram apresentadas opções prospectivas para serem assinaladas (recuperado, preservado, conservado, estado crítico ou falta de informação). Cerca de três quintos acredita que a tendência é melhorar, portanto, que o homem estabeleça novas compreensões sobre o meio ambiente. Porém, cerca de um quarto acredita que o estado das coisas vá piorar, portanto, que o ser humano não vá abrir mão do conforto, luxo e vaidades para recuperar o meio ambiente (Figura 7).

 

FIGURA 7: Perspectiva de futuro para o meio ambiente (fonte: dados da pesquisa)

 

Cerca de três quartos consideram que o estado atual do meio ambiente está em nível crítico (Figura 8), necessitando de mais atenção. Contudo, foi relativamente alta a porcentagem que alega “falta de informação” (um quarto), considerando a intensidade com que esse assunto é tratado pelos veículos de comunicação e pelas instituições de ensino. Assim, se reforça a necessidade de uma Educação Ambiental de fato nas escolas com a participação efetiva dos professores e alunos no cotidiano das mesmas.

 

FIGURA 8: Estado atual do meio ambiente (fonte: dados da pesquisa)

 

CONCLUSÕES

Com base nos resultados obtidos, conclui-se que a compreensão do meio ambiente e dos problemas ambientais é frágil, o que indica que ainda há muito a se fazer para a efetiva incorporação da Educação Ambiental nas práticas pedagógicas. Ficou explicitada, também, que há uma diferença nas respostas entre as escolas pesquisadas; em alguns aspectos com vantagem para a escola privada e em outras para a pública, de forma que o resultado geral pode ser considerado como de fragilidade semelhante.

Pode-se inferir também que a Educação Ambiental, como tema transversal, não é devidamente trabalhada nas escolas. Assim, aponta-se a necessidade de uma revisão tanto pedagógica como de legislação para que efetivamente seja inserida entre os componentes curriculares e as práticas que lhe correspondem. Entretanto, não é um tema a ser tratado apenas como assunto de aula, é preciso que a Educação Ambiental seja vivenciada cotidianamente na escola. Para tanto, são necessários também apoio e orientação para as escolas, capacitação dos professores, disponibilidade de recursos didático-pedagógicos e de espaço e vontade de ensinar, aprender e praticar a Educação Ambiental.

Por fim, é preciso que se comece a preparar bem as gerações atuais e futuras para estarem capacitadas a tratar de forma mais sábia as relações do ser humano com o meio ambiente. Para tanto, investimentos oficiais em educação e em Educação Ambiental são necessários, pois sem pessoal capacitado e condições de trabalho, este tema tende a permanecer no campo de boas intenções, sem correspondência com as práticas pedagógicas.

 

REFERÊNCIAS

CARVALHO, I. C. M. A invenção do sujeito ecológico: identidades e subjetividade na formação dos educadores ambientais. In: SATO, M.; CARVALHO, I. C. M. (orgs) Educação Ambiental: pesquisa e desafios. Porto Alegre: Artmed, 2005.

COELHO, A. Percepção Ambiental dos alunos da faculdade brasileira. 2002. Disponível em: http://www.abe_es.org.br/paginas/trabalhos/percep%e7%e3%20ambiental%20u.pdf. Acessado em 06 maio 2010.

DIAS, G. F. Educação Ambiental: princípios e práticas. São Paulo: Gaia, 1992.

FLICKINGER, H. G. O ambiente epistemológico da Educação Ambiental. Revista Educação e Realidade, 19 (2), jul/dez de 1994, p. 197-207.

GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 1991.

IPCC – Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima. Contribuição do Grupo de Trabalho I para o Quarto Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima. 10ª Sessão do Grupo de Trabalho I do IPCC. Paris, fevereiro de 2007.

LEFF, E. Epistemologia ambiental. São Paulo: Cortez, 2001.

MACEDO, S. H. A oficina de papel: reciclagem e arte na teia da complexidade. 2000. 142f. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Educação, Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Campos dos Goytacazes-RJ, 2000.

MELO, R. S. A dimensão ambiental da educação e as redes de informação e conhecimento. Revista Eletrônica do Mestrado em Educação Ambiental – Fundação Universidade Federal do Rio Grande, v. 5, p. 7-17, Jan.-Mar. 2001.

PELICIONI, A. F. Educação ambiental: limites e possibilidades de uma ação transformadora. 2002. 210f. Tese (doutorado) – Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2002.

RAMOS, E. C. Educação ambiental: origem e perspectivas. Revista Educar - Curitiba: Ed. UFPR, n. 18, p. 201-218, 2001.

SILVA, Edna Lúcia da; MENEZES, Estera Muszkat. Metodologia da pesquisa e elaboração de dissertação. 3. ed. rev. atual. Florianópolis: Laboratório de Ensino a Distância da UFSC, 2001.

TOZONI-REIS, M. F. C. Educação ambiental: natureza, razão e história. Campinas – SP: Autores Associados, 2004.

VARINE, H. de. O Ecomuseu. Ciências e Letras, n. 27, p. 61-90, 2000.

VASCONCELLOS, H. S. R. A pesquisa-ação em projetos de Educação Ambiental. In: PEDRINI, A. G. (org). Educação Ambiental: reflexões e práticas contemporâneas. Petrópolis: Vozes, 1997.

VILAS-BOAS, D. A. C. Uma experiência em Educação Ambiental: Re-Desenhando o espaço e as Relações Escolares. 2002. 65f. Dissertação (Mestrado) – Programa de Desenvolvimento e Meio Ambiente - PRODEMA, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2002.

YOUNG, Michael. Para que servem as escolas? Revista Educação e Sociedade, Campinas-SP, vol. 28, nº. 101, p. 1287-1302, dez. 2007.

Ilustrações: Silvana Santos