Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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16/03/2012 (Nº 39) SISTEMA NACIONAL DE INFORMAÇÃO SOBRE O MEIO AMBIENTE: Usabilidade e Novas Diretrizes
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SISTEMA NACIONAL DE INFORMAÇÃO SOBRE MEIO AMBIENTE:

 

 

SISTEMA NACIONAL DE INFORMAÇÃO SOBRE O MEIO AMBIENTE: Usabilidade e Novas Diretrizes

 

 

 

 

Maria do Socorro da Silva

Mestranda do Programa de Pós-Graduação em

Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA)

Universidade Federal de Pernambuco

Av. Professor Moraes Rego, 1235

Cidade Universitária – Recife – Pernambuco

mssilva@ufpe.br

 

RESUMO

 

O Sinima foi instituído pela Lei nº 6.938/1981 e lançado oficialmente em junho de 2006. Analisá-lo, considerando a demanda e a facilidade de uso pelo meio digital, é o objetivo principal. Pode-se afirmar que o Sinima não está ainda estruturado para receber as informações de todas as bases de dados. A falta de dados disponíveis aponta para o desconhecimento sobre o uso efetivo dos serviços e se tais serviços atendiam às exigências da demanda.

 

Palavras-Chave: Informação ambiental, internet, integração.

 

 

1  Introdução

 

A partir da década de 60 do século passado, comenta Tavares e Freire (2003), as discussões sobre a crise ambiental decorrente do aumento populacional, da exploração desenfreada dos recursos naturais, da geração maciça dos resíduos e dos crescentes desníveis sociais e econômicos tomaram impulso. Surgiram os primeiros movimentos ambientalistas, que contavam com a participação de simpatizantes especialistas de diversas áreas, líderes políticos de vários países e da comunidade. Nesse contexto surge um novo modelo de desenvolvimento econômico e um novo paradigma técnico-científico: o desenvolvimento sustentável, que tinha na informação científica e tecnológica o seu elemento-chave.

Todavia, no Brasil, até a década de 70, verifica Caribé (1992), havia muito desinteresse pela questão ambiental, justificada pela reduzida ocorrência de desastres naturais e pela embrionária atuação das organizações ambientalistas. Nesse período o governo brasileiro publica o I Plano Nacional de Desenvolvimento (I PND). O Plano tratava superficialmente da agricultura, da saúde pública e do saneamento, mas ainda predominava a percepção de que crescimento econômico e a racionalidade ambientalista eram incompatíveis.

Em 1973, após a Conferência de Estocolmo, são tomadas as primeiras iniciativas integradas de produção e disseminação da informação ambiental com a criação da SEMA – Secretaria Especial de Meio Ambiente, cujo objetivo era enfrentar a poluição e assegurar a proteção aos recursos naturais do País. Em 1974 e em 1980 são lançados o II e III Planos Nacionais de Desenvolvimento com objetivo de compatibilizar desenvolvimento econômico, uso dos recursos naturais e qualidade de vida.

Em 1981 é publicada a PNMA – Política Nacional de Meio Ambiente, visando conciliar segurança nacional, desenvolvimento socioeconômico, harmonia ambiental e fortalecimento da dignidade humana e são relacionados os instrumentos de suporte à tomada de decisão, dentre eles, o Sinima – Sistema Nacional de Informação para o Meio Ambiente, mas apenas em 1988 é inserida na Constituição brasileira a variável ambiental em seus conteúdos e diretrizes.

No mesmo ano de 1988, esclarece a CGI-BR (2008), começa a história da internet no Brasil com uma conexão internacional dedicada e perene que ligou a então incipiente iniciativa brasileira de redes acadêmicas ao mundo. Os primeiros usuários eram os pesquisadores, alunos e professores, que tinham acesso a correio eletrônico, a bases de dados no exterior e à rede mundial de computadores. Em 1990, com o advento do World Wide Web, a teia mundial trouxe para a internet a multiplicidade de meios, a possibilidade de estender a todos o direito à expressão de suas idéias, opiniões e conteúdos.

Em 1991 o Brasil é conectado à internet e crescem os negócios virtuais com a criação do primeiro banco virtual em 1994 e a explosão do comercio virtual a partir de 1995. A internet deixou de ser para o uso de um técnico especializa­do em computação e passou a ser de todo e qualquer cida­dão interessado em informar-se, conhecer a rede ou tra­zer conteúdo próprio para a teia digital.

Em 1995 é criado o Comitê Gestor da Internet no Brasil pela Portaria Interministerial nº 147, de 31 de maio de 1995, alterada pelo Decreto Presidencial nº 4.829, de 3 de setembro de 2003, com a finalidade de coordenar e integrar todas as iniciativas de serviços pela internet no País, promovendo a qualidade técnica, a inovação e a disseminação dos serviços ofertados.

Em 1997, de acordo com Tavares e Freire (2003), o governo cria a comissão para o desenvolvimento sustentável e a Agenda 21, com a finalidade de elaborar estratégias nacionais e ações para o modelo de desenvolvimento. O capítulo 40 da Agenda é resultante do fortalecimento das redes eletrônicas de informações, da melhoria dos métodos de avaliar e da análise dos dados e da produção de informações relevantes para a tomada de decisão.

Finalmente, em 2006, foi lançado o Sinima em cerimônia no auditório da ANA – Agência Nacional das Águas, em Brasília, com o objetivo de subsidiar a gestão ambiental nas esferas municipal, estadual e federal.

Em 2008, segundo dados da CGB-BR (2008), quase a metade dos brasileiros já havia tido acesso à rede de alguma forma e o crescimento dos que tinham acesso à rede em banda larga era maior do que os que tinham acesso via linha discada. A participação do governo, através de ferramen­tas que permitiam o acesso a serviços e sistemas via rede estava presente desde o começo.

A internet passou por uma releitura quanto aos seus préstimos como veículo de comunicação e informação, o que, certamente, influenciou a esfera pública para o lançamento do Sinima, cujo sistema é o objeto de estudo deste trabalho, considerando-se a demanda informacional e a facilidade de uso, que resultou de uma revisão bibliográfica entre os meses de maio e junho de 2009. O canal definido para a pesquisa foi a internet.

 

 

2 Características da Informação Ambiental

 

A informação fortalece as relações entre os seres humanos e perpassa pelas atividades humanas, diversificada em suportes e formatos, asseveraram Santos e Silva (2006).

Faz-se necessário, antes mesmo de estudar as características da informação ambiental e suas múltiplas faces, o entendimento do que seja dado e informação.

Davenport apud Piper, Agudelo e Souza (2003) explica que dados são fatos brutos ou entidades quantificadas, fáceis de capturar, comunicar e armazenar, simples observações sobre o estado do mundo; a informação, um dado dotado de relevância e propósito. As pessoas transformam dados em informação por intermédio da análise. Um exemplo que bem diferencia dado de informação é a folha de custos de uma empresa transformada num gráfico mais informativo.

Há dois tipos básicos de informação, segundo Vieira apud Santos e Silva, (2006): a primeira é a tecnológica, econômica e social para a orientação de ações tanto na esfera governamental quanto no âmbito empresarial e a segunda, para conscientização da população quanto a seus direitos e deveres com o ente ambiental.

Santos e Silva (2006) esclarecem que a informação ambiental, uma das ramificações da informação, decorre da crescente necessidade de preservação ambiental.

A informação ambiental pode ser considerada como também dados, informações, metodologias e processos de representação, reflexão e transformação da realidade que facilitam a visão holística do mundo e contribuem para a compreensão, análise e interação harmônica dos elementos naturais, humanos e sociais, segundo Targino apud Santos e Silva (2006).

Dave et al. apud Caribé (1992), destacam que as características principais da informação ambiental são a inter e multidisciplinaridade porque levam em consideração os conceitos científicos, sociais, religiosos e filosóficos, políticos e econômicos e discutem os conceitos físicos e biológicos.

Caribé (1992) entende que o papel mais importante que ela desempenha é de informar os indivíduos sobre os problemas e soluções viáveis sobre a questão ambiental, além de controlar e armazenar a documentação pertinente produzida sobre os assuntos ambientais.

Segundo Freire e Araújo apud Tavares e Freire (2003), a informação ambiental contribui para a mudança de condutas e comportamentos, subsidiando a nossa ação no mundo, diminuindo as incertezas ().

Somerville Apud Caribé (1992) aponta algumas características e dificuldades de produção e disseminação da informação ambiental:

a) Os dados ambientais quase sempre são publicados e o conhecimento de sua existência só será possível após longa e/ou exaustiva experiência na área;

b) Grande quantidade de informações e dados relevantes aparecem em publicações que não são indexadas ou o são inadequadamente;

c) Grande quantidade de informações produzidas e/ou coletadas por empresas privadas ou pelo governo não está disponível ao público, nem tampouco foi processada;

d) Os dados disponíveis são duvidosos no que se refere à qualidade e validade, uma vez que os métodos de coleta não são padronizados nem amplamente conhecidos;

e) A informação é passível de manipulação por pressões políticas, considerações emocionais ou conservacionistas ou por pressões de grupos econômicos;

f) Há uma rápida obsolescência dos dados e da literatura;

g) Insuficiência de fontes e de obras de referência que indiquem informações publicadas;

h) Urgência da demanda da informação para a ação do usuário.

Dificuldades na produção e disseminação da informação ambiental também foram indicadas por Tavares e Freire Apud Caribé (1992):

• Crescimento e a urgência da demanda;

• Desconhecimento de fontes geradoras de dados ambientais;

• Deficientes padronizações de metodologias de coleta de dados e de indexação;

• Acesso restrito às informações produzidas por alguns setores da sociedade, especialmente aqueles considerados estratégicos;

• Mudanças sociais, políticas, tecnológicas e científicas provocadas pelas variáveis econômicas.

Com relação à organização da informação, Caribé (1992) esclareceu que a falta de definições e conceitos aceitos internacionalmente são as dificuldades encontradas para uma política de coleções e de um sistema de classificação de informações.

 

 

3 Critérios para Avaliação de Fontes de Informação

 

Silva (2007) revisa os critérios de avaliação de fontes de informação e resgata as assertivas de Tomaél et al. sobre os custos de acesso, de uso, de serviços diferenciados, de energia e de tempo referentes à busca e obtenção de informações na internet e ressalta que “A localização de uma fonte de informação específica e eficiente na Internet pode ser uma difícil tarefa para aqueles que não levam em consideração critérios de qualidade [...] custo de busca e obtenção da informação”.

Parizotto apud Silva (2007) considera que “o layout de uma página na internet não exerce apenas uma função estética, mas principalmente influencia a maneira como o usuário percebe e sente a informação ali disponível” e atribui às cores grande importância, mas foca também a sua análise nas fontes, textos, fundos e ícones.

Parizotto e Tomaél et al. apud Silva (2007) apontam os dez erros de páginas:

 

Uso de frames, tecnologia inadequada, páginas muito longas, excesso de animações, URLs complexas, páginas soltas, falta de apoio para navegação, links sem padronização de cores, informações desatualizadas e páginas que demoram muito tempo para carregar.

 

Tomaél et al. apud Sales e Almeida (2007), após exaustivos estudos, apresentam os dez itens para a avaliação de fontes de informação na Internet: Informação de Identificação, Consistência das Informações, Confiabilidade das Fontes, Links, Facilidade de Uso, Layout da Fonte, Restrições Percebidas, Suporte ao Usuário e Outras Observações Percebidas.

Simão e Rodrigues apud Sales e Almeida (2007) citam a metodologia empregada por Villela que examina três dimensões de avaliação: o conteúdo, a usabilidade e a funcionalidade que são divididas em 14 parâmetros: abrangência/cobertura e propósito, atualidade, metadados, correção, autoridade/copyright, objetividade, inteligibilidade, apreensibilidade, operacionalidade, adequação, acurácia, interoperabilidade, conformidade e segurança de acesso.

Silva (2007) destaca ainda a usabilidade na internet como um dos critérios que cuidadosamente estudada “possibilita tanto ao produtor como ao usuário da informação o aprimoramento da qualidade da informação”.

 

 

4 Sistema Nacional de Informação sobre o Meio Ambiente

 

O Brasil, ao adotar uma Política Nacional de Meio Ambiente, Lei nº 6.938/1981, bastante avançada para a sua época de publicação, instituiu dentre os instrumentos de suporte à tomada de decisão o Sistema Nacional de Informação sobre o Meio Ambiente – Sinima, responsável pela gestão da informação ambiental no âmbito do Sisnama – Sistema Nacional de Meio Ambiente.

Amparado por Lei, o Sinima, sigla pela qual é mais conhecido, apenas em junho de 2006 foi lançado oficialmente pelo Ministério do Meio Ambiente. Após 25 anos de criação da Lei é que o Sistema entra em funcionamento, o que pode explicar a análise negativa de Caribé (1992) ao mencionar o Sinima em seus estudos:

 

Com relação à informação ambiental no Brasil, pode-se constatar que, apesar de algumas tentativas objetivando a implantação do Sinima, muito pouco foi efetivamente realizado, devido à carência de recursos financeiros e humanos (quantidade e qualidade) e, ainda, por falta de interesse do governo em investir na área de meio ambiente e muito menos para implantar um sistema de informação.

 

A inserção do Sinima na internet dá-se quando o meio virtual no Brasil estava em crescente ascensão, inclusive com a participação significativa de serviços disponibilizados pelo Governo Federal em atendimento a uma demanda crescente de usuários conectados à rede e interessados no acesso rápido a informações de qualidade e com consistência.

O Sistema é coordenado pela Secretaria Executiva do Ministério do Meio-Ambiente, instituída pelo Decreto 5.776/2006, através do DAI – Departamento de Articulação Institucional e conta com o apoio do Comitê Gestor do Sinima, instituído pela Portaria nº 310, de 13 de dezembro de 2004.

O Comitê Gestor é composto por representantes do MMA – Ministério do Meio Ambiente, do ANAMMA – Associação Nacional de Órgãos Municipais do Meio Ambiente, da ABEMA – Associação Brasileira Entidades Ambientais, do IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis, da ANA –Agência Nacional das Águas, do JBRJ – Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro e do FBOMS – Fórum Brasileiro de Organizações Não-Governamentais para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento Sustentável.

O Comitê é formado por cinco subcomitês responsáveis pelos eixos estruturantes: Padronização das Unidades de Informação, Classificação e Categorização, Tecnologia da Informação, Gestão Documental, Estatísticas e Indicadores Ambientais.

A Portaria nº 310, de 13 de Dezembro de 2004 estabeleceu as finalidades dos Subcomitês:

·         O Subcomitê de Padronização das Unidades de Informação tem por finalidade discutir e propor os fundamentos dos padrões a serem adotados para cada unidade de informação do SINIMA, levando em consideração aspectos técnicos e institucionais;

·         O Subcomitê de Classificação e Categorização tem por finalidade desenvolver instrumentos terminológicos que serão usados por todos os componentes do SINIMA, além da articulação e compatibilização de projetos terminológicos já existentes no âmbito nacional e internacional, conexos ao tema meio ambiente;

·         O Subcomitê de Tecnologia da Informação tem por finalidade atuar como instância consultiva na definição dos padrões de informação a serem inseridos no SINIMA, de forma a orientar quanto à viabilidade técnica das propostas apresentadas, visando também, auxiliar na determinação de prazos e metas da implementação do SINIMA, considerando as necessidades técnicas inerentes às atividades de arquitetura de sistemas, estruturação de bases de dados, disponibilização de protocolos de intercâmbio de dados, entre outros;

·         O Subcomitê de Gestão Documental tem por finalidade desenvolver a estruturação de esquemas de gestão documental no âmbito do SINIMA, devendo atuar para a consolidação e modernização da Rede Nacional de Informações sobre o Meio Ambiente – RENIMA, tendo por princípio a gestão cooperativa da informação documental sobre meio ambiente;

·         O Subcomitê de Estatísticas e Indicadores Ambientais tem por finalidade atuar transversalmente na articulação de ações voltadas à interação de iniciativas das diversas instâncias do Ministério do Meio Ambiente, de suas vinculadas, dos demais integrantes do SISNAMA e das outras instituições que produzem estatísticas e indicadores ambientais e de desenvolvimento sustentável no país, tendo em vista a definição dos padrões das unidades de informação, a sistematização e o desenvolvimento de um conjunto de indicadores ambientais.

 

 

4.1 Facilidades de Uso

 

Entendendo usabilidade, segundo a NBR 9241-11, como a “medida na qual um produto pode ser usado por usuários específicos para alcançar objetivos específicos com eficácia, eficiência e satisfação em um contexto específico de uso”, Tomaél (2004) apud Silva (2007) avaliou o Sinima tomando por parâmetro os critérios de avaliação de fontes de informação de sites com ênfase nos critérios de facilidade de uso. Ele destaca que, no período de 31/07/2006 a 06/04/2007, o site do Sinima teve 14.373 acessos.

A página inicial tinha 23 links e apenas nove tratavam diretamente do Sinima e eram necessários menos de três clicks para chegar à informação. Inexistem glossários ou tesauros e manual das fontes de informação, mas os demais subcritérios para facilidade de uso foram observados (Quadro 1).

Silva (2007), ao explorar os três links específicos de recuperação da informação dispostos ao centro da página, explicita as finalidades atribuídas a cada Ferramenta de Acesso à Informação:

 

 

Quadro 1. Critérios de facilidade de uso de Tomaél (2004) apud Silva (2007).

 

Critérios para Facilidade de Uso

Ocorrência

1. Links

sim

2.Recomendação máxima de três cliques para acessar a fonte de informação

sim

3. Disponibilidade de recursos de pesquisa na fonte

sim

3.1 Função de busca

sim

3.2 Lógica booleana

sim

3.3 Índice

sim

3.4 Arranjo

sim

4. Recursos auxiliares à pesquisa

sim

4.1 Tesauros

não

4.2 Listas

sim

4.3 Glossários

não

4.4 Mapa do site

sim

4.5 Guia

sim

4.6 Ajuda na pesquisa

sim

4.7 Instruções de uso

não

5. Manual da fonte de informação para download ou impressão

não

 

 

O geoprocessamento é um instrumento para obtenção, processamento e difusão de dados espaciais, contendo mapas e imagens de satélites; a localização por meio de coordenadas geográficas, sendo uma base de dados que, através da checagem de coordenadas, recupera informação sobre municípios, regiões hidrográficas, bacias hidrográficas, biomas, unidades de conservação federais e outros dados geográficos; o Cliente R é um programa estatístico para a realização de cálculos para gerar indicadores ambientais (SILVA, 2007).

 

As ferramentas livres de geoprocessamento, como o I3Geo, geram mapas, compostos com dados geográficos do Brasil e regiões específicas e podem estar integrados ao Google Maps e Earth; com o GeoNetwork é possível pesquisar dados geográficos existentes no MMA e outras instituições; por meio do ImagensSat baixa-se imagens de satélite existentes no servidor de dados do MMA; a utilização do WsCliente permite o acesso à tecnologia Web Services desenvolvidos pelo MMA e instituições parceiras e o acesso direto aos dados; com o DataDownload podem ser acessados os temas existente no servidor de dados geográficos do MMA.

Em continuidade, Silva (2007) indica o conteúdo dos seis links contidos nas Informações Ambientais por Temas:

 

Informações municipais – Mapas de imagem, relevo e municípios de todo o Brasil. Áreas prioritárias para a conservação – Mapa que demonstra a prioridade de conservação de acordo com uma escala que vai de extremamente alta a insuficientemente conhecida. Terras indígenas – Mapas que mostram as áreas indígenas segundo a seguinte classificação: confirmada, declarada, delimitada, homologada e regularizada. Unidades de conservação federais – Listagem de mapas divididos em: proteção integral federal, uso sustentável federal, proteção integral estadual e uso sustentável estadual. Licenças ambientais – Mesmo sistema de busca de Informações municipais. Poços de água – Mesmo sistema de busca de Informações municipais e Licenças ambientais.

 

O autor observa que em Integração de Bancos de Dados e Sistemas de Informação estão os links para outros portais e sistemas de informação relacionados ao meio ambiente (Quadro 2). Os links mostrados no Quadro 2 ampliam o universo de buscas de fontes de informação relacionadas ao tema, possibilitando o aproveitamento de informações de diferentes bases de dados e sistemas de informações ambientais existentes no País.

Quanto às ferramentas de Acesso à Informação, com a desativação da página do Sinima, elas podem ser encontradas na homepage do Ministério do Meio Ambiente e continuam vinculadas à Secretaria Executiva do Ministério.

 

 

Quadro 2. Sistemas de Informação integrados ao site do Sinima até junho de 2009.

 

Sigla

Denominação

PNLA

Portal Nacional do Licenciamento Ambiental

PORTALBio

Portal Brasileiro sobre Biodiversidade

BCDAM

Bases Compartilhadas de Dados sobre a Amazônia

RVC

Rede Virtual da Caatinga

Sigercom

Sistema de informações do Gerenciamento Costeiro e Marinho

SisFran

Sistema de informações do Rio São Francisco

SIBEA

Sistema Brasileiro de Informações sobre Educação Ambiental

SIAM

Sistema de Informações Ambientais no Mercosul

Sigepro

Sistema de Georreferenciamento de Projetos

 

 

No entendimento de Silva (2007), o Sinima é um bom exemplo da boa qualidade de fontes de informação produzidas pelo poder público na Internet, um modelo a ser seguido de acesso à informação em direção à igualdade de direitos e do desenvolvimento da conscientização da problemática ambiental.

 

4.2  Perfil do Usuário

 

O conhecimento das características e das atividades dos usuários da informação ambiental é muito importante para a determinação dos serviços e produtos a serem oferecidos por um sistema de informação, esclarece Caribé (1992).

Apesar da inexistência de pesquisa ou mesmo indicação histórica sobre quem se beneficia com as informações que estavam no Sinima ou nos Sistemas de Informação inseridos em sua página eletrônica, Vasconcelos apud Tavares e Freire (2003) afirma que os órgãos governamentais formuladores de políticas e legislação, empresas privadas, grupos de pressão, organizações governamentais e não-governamentais de meio ambiente, entidades nacionais e internacionais, pesquisadores, cidadãos e a mídia os principais usuários da informação ambiental.

Segundo Tavares e Freire (2003), os usuários da informação ambiental recorrem aos dados estatísticos, tecnologias, métodos e modelos, equipamentos, pesquisas e teses, projetos, legislações, padrões e normas, patentes, políticas governamentais, estudos e relatórios de impactos ambientais, instituições e especialistas, eventos, etc.

Segundo Caribé (1992), a formação básica e as áreas temáticas dos usuários são diversificadas, o que dificulta a mensuração das áreas temáticas de maior peso ou necessidade e também o nível de profundidade e grau de interesse pessoal. Nos países em desenvolvimento, a necessidade informacional dos usuários decorre da preparação de planos visando a exploração ou administração de recursos naturais e nos países subdesenvolvidos, onde há problemas de pobreza, fome, miséria e doenças, a informação não faz parte das suas prioridades.

A falta de dados precisos ou disponíveis no meio digital sobre o Sinima aponta para o desconhecimento sobre o uso efetivo dos serviços pelos usuários e se tais serviços atendiam às exigências da demanda.

Afirma Vasconcelos apud Tavares e Freire (2003) que os usuários da informação ambiental não conhecem os serviços que lhes são oferecidos e, por isso, não os utilizam. Neufeld Apud Caribé (1992) citou ainda que os usuários certamente não saibam o que vem a ser um sistema de informação cientifica e tecnológica e tão-pouco saibam como localizar informações que estão disponíveis nesses sistemas. Caribé (1992) afirmou que eles recorrem aos canais informais principalmente o contato com colegas.

A priorização dos canais informais decorre da forma como estão organizadas as informações. Percebe-se que no Sinima não ocorre a integração de dados e informações como uma única base de dados e que as informações diversas são encontradas nos links de outros sistemas, o que corrobora para a assertiva de Somerville Apud Caribé (1992) de que, por seu caráter interdisciplinar, as informações ambientais encontram-se fragmentadas e dispersas entre as diversas instituições. Deste modo, no entendimento de Freeman apud Caribé (1992), uma única base de dados não satisfaz as necessidades informacionais dos usuários. Entretanto, pode-se afirmar que o Sinima não está ainda estruturado para receber as informações de todas as bases de dados.

Ressalta Caribé (1992) que os usuários não são consultados quanto as suas necessidades, opiniões e expectativas usuais. Nesse aspecto, as mudanças que possam vir ao Sinima não estão sendo discutidas por um canal interativo alocado na página do Sistema, o que sugere que os usuários do Sinima são mais especializados, o que contradiz as finalidades da internet.

 

 

5  Diretrizes para um Sistema de Informação Ambiental

 

Caribé (1992) estabelece algumas diretrizes que podem guiar os sistemas de informação ambientais assim como o Sinima.

Defende o autor que o objetivo principal a ser alcançado por um sistema de informação ambiental é a sistematização da “informação de interesse para apoiar a tomada de decisão em todos os níveis, permitindo a rápida recuperação e atualização, bem como o compartilhamento dos recursos informacionais e serviços disponíveis” e que o mesmo deveria atender à tomada de decisão decorrente de exigências constitucionais, da legislação ambiental, das características da área e das necessidades dos usuários. Estabeleceu que o Sistema de Informação Ambiental devesse apoiar a tomada de decisão e proporcionar:

 

·         Ampla informação básica e facilidades para recuperação rápida e atualizada, instrumentos analíticos apropriados para atender a pequenas e grandes solicitações e, ainda, contribuir para a solução de problemas de emergência;

·         Facilidades para prever ou tomar conhecimento do desenvolvimento de áreas problemáticas ou potencialmente problemáticas, a tempo de evitar, remediar ou controlar o problema;

·         Facilidades para mensurar e avaliar as conseqüências das decisões tomadas.

 

O sistema deverá ser composto por uma série de bases de dados com diferentes tipos de informação (factual, referencial, bibliográfica, estatística etc.) e informações específicas acerca dos recursos naturais, tecnologias, produtos.

Quanto às bases de dados, inferiu que elas devem atender ao artigo 225, parágrafo 1º, inciso V, da Constituição Federal. Elas devem ser alimentadas por meio de uma política de coleta da qual cada órgão ambiental estadual ficasse encarregado da inserção da legislação estadual relacionada ao meio ambiente.

Recomenda Caribé (1992) a importância do treinamento de usuários com demonstrações das potencialidades, das características, do conteúdo e das formas de acesso.

 

 

6  Considerações Finais

 

Apesar da carência de novas avaliações do Sinima, o que dificultou bastante a análise específica do Sistema, percebe-se que ele é uma importante ferramenta ambiental e de divulgação de outras bases de dados, fato que precisa ser mais explorado.

A Sinima passa por uma reestruturação visível ao usuário apenas ao final do primeiro semestre de 2009 após a retirada abrupta dos links. Os mesmos Sistemas podem ser encontrados por intermédio de pesquisas nos navegadores da internet, o que demonstra que o Sinima não integrava de fato os demais Sistemas e que o modelo atual não atendia aos seus objetivos como Sistema de integração das bases de dados e da informação ambiental no Brasil.

Com a análise da facilidade de uso percebe-se a necessidade de inclusão de um manual do usuário ou de ajuda e um glossário que possibilite o entendimento dos termos técnicos e responda as perguntas mais frequentes dos usuários, além da criação de um canal de interação mais eficiente.

 

Referências

 

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______. Ministério do Meio Ambiente. Homepage do Sinima. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/sitio/index.php?ido=conteudo.monta&idEstrutura=58>. Acesso em: 18.jun.2009.

 

______. Ministério do Meio Ambiente. Portaria Nº 310, de 13 de dezembro de 2004. Disponível em: <http://www.editoracanalenergia.com.br/10anos/Pacote/POR_310_04_sinima

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CARIBÉ, R. C. V. Subsídios para um sistema de informação ambiental no Brasil. Ciência da Informação, Brasília, v. 21, n. 1, p. 40-45, jan./abr. 1992. Disponível em: <http://revista.ibict.br/index.php/ciinf/article/view/1330>. Acesso em: 18.jun.2009.

 

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Ilustrações: Silvana Santos