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ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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10/09/2011 (Nº 37) A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM NAS ESCOLAS MUNICIPAIS DE VITÓRIA DA CONQUISTA – BAHIA: METODOLOGIAS UTILIZADAS PELOS EDUCADORES
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ALINE DE SOUSA OLIVEIRA

A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM NAS ESCOLAS MUNICIPAIS DE VITÓRIA DA CONQUISTA – BAHIA: METODOLOGIAS UTILIZADAS PELOS EDUCADORES

 

Aline de Sousa Oliveira

 

Pós – Graduanda em Especialização Lato - Sensu em Análise do Espaço Geográfico (Com ênfase na continuidade das pesquisas em Educação Ambiental) pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB, Estrada do Bem Querer s/n, Km 04, Caixa Postal 95, CEP 45083-900. Departamento de Geografia – DG (77) 3424-8660, Vitória da Conquista – BA, Brasil. Email: linegeografia@yahoo.com.br.

 

Resumo: Este trabalho apresenta um estudo de caso sobre como é direcionado o ensino da disciplina diversificada de Educação Ambiental (EA) no Ensino Fundamental II nas escolas municipais de Vitória da Conquista – Bahia. Foi feito o levantamento das escolas que têm inserido no currículo escolar a temática EA e por meio de questionários nas 04 escolas da zona urbana e nas 03 escolas da zona rural foram levantadas informações acerca da formação dos educadores, das metodologias e práticas utilizadas na disciplina. Todavia, os resultados obtidos demonstraram que é preciso investir em cursos para os educadores, fazer planejamentos pedagógicos e disponibilizar materiais didáticos e cronogramas para que seja possível realizar uma EA com ênfase na formação de educandos comprometidos socialmente com as questões ambientais.

 

Palavras-chave: Educação Ambiental, Formação, Ensino-Aprendizagem.

 

Introdução

            A Educação Ambiental é direcionada por pressupostos socioambientais que valorizam e integram de modo global e holístico a interdependência entre os conhecimentos éticos, políticos, econômicos, ecológicos, sociais e culturais. O educador como mediador do conhecimento e da cidadania precisa ser um elemento de mudança e conscientização, ao trabalhar a EA, porque, como uma educação política a EA [...] “reivindica e prepara os cidadãos para exigir justiça social, cidadania nacional e planetária, autogestão e ética nas relações sociais e com a natureza” (REIGOTA, 2001, p. 10). Assim, “educar para a cidadania é construir a possibilidade da ação política, no sentido de contribuir para formar uma coletividade que é responsável pelo mundo que habita” (CARVALHO, 1992, p. 40 apud GUIMARÃES, 2000, p. 83,). Por outro lado, Guimarães (2000, p. 11) entende que [...] “a Educação Ambiental crítica como aquela que “aponta para as transformações [...] é antes de tudo uma proposta política e pedagógica” e Dias (2004, p. 94) considera que [...] “a Educação Ambiental deverá desempenhar o importante e fundamental papel de promover e estimular a aderência das pessoas e da sociedade, como um todo, a esse novo paradigma”. Sendo correto afirmar que “o que se produz em uma sociedade é resultado de suas próprias exigências e contradições” (LOUREIRO, 2002, p. 71) e para Leff (2007, p. 185) “o saber ambiental é um saber identitário, conformado e arraigado em identidades coletivas que dão sentido a racionalidades e práticas culturais diferenciadas”.    

A EA não deve ser particularizada, mas ao relaciona - lá com as questões ambientais e sociais é necessário entender a assimetria e tentar encontrar o ponto em comum que envolve a lógica e as ideologias na estratificação dos assuntos que envolvem a organização social. Conforme Dias (2004) foi através da Conferência de Estocolmo (1972)[1] e da Conferência de Tbilisi (1977)[2] que foram estabelecidos os objetivos, as finalidades e as premissas da EA com o lema: “agir localmente e pensar globalmente” (GUIMARÃES, 2000, p. 80).

            É pela dimensão no ensino de maneira interdisciplinar[3] que segundo Reigota (2001) os objetivos como (conscientização, conhecimento, mudança de comportamento, competência, capacidade de avaliação e participação dos cidadãos) contribuem para o desenvolvimento da EA baseada no processo pedagógico, democrático e dialógico no ambiente escolar. Segundo Loureiro (2002),

 

A Educação Ambiental é uma práxis educativa e social que tem por finalidade a construção de valores, conceitos, habilidades e atitudes que possibilitem o entendimento da realidade de vida e a atuação lúcida e responsável de atores sociais individuais e coletivos no ambiente (LOUREIRO, 2002, p. 69).

Desse modo, é [...] “no contexto de uma modernidade avançada, incerta e complexa, contraditória e insustentável que sugerimos a compreensão da questão ambiental e a inserção da educação nessa questão” (LIMA, 2002, p. 116). Quando se faz referência do meio ambiente com a interferência do homem moderno, ou mesmo, se correlacionarmos a interação primitiva entre o homem e o meio natural é evidente que em todo o processo histórico o comportamento humano foi em prol de encontrar um ambiente que oferecesse condições de defesa e de sobrevivência (água, comida, etc.). No decorrer dos tempos com o uso do solo e a apropriação das terras os povos foram promovendo configurações territoriais[4]. Essa colocação é afirmada através da ação do meio que envolve o homem no propósito de “transubstanciar o meio físico em mundo humano”. Na apresentação do livro Pedagogia do Oprimido de Paulo Freire (1978, p. 06), o professor FIORI, Ernani Maria afirma que: “A “hominização” não é adaptação: o homem não se naturaliza, humaniza o mundo. A “hominização” não é só processo biológico, mas também histórico”.

Na EA esse processo biológico e histórico concerne segundo Dias (2004) o conhecimento das pretensões para uma EA, pois, é preciso desenvolver o conhecimento, a compreensão e habilidades para adquirir valores, mentalidades e atitudes, que são necessárias para lidar com as questões e os problemas ambientais para encontrar soluções sustentáveis a todas as etnias.

 

1. DIAGNÓSTICO DO PROCESSO TEÓRICO – METODOLÓGICO UTILIZADO PELOS EDUCADORES DA DISCIPLINA DIVERSIFICADA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL    

           

            A pesquisa em EA foi realizada em 07 escolas municipais do sudoeste da Bahia que possuem a disciplina diversificada de EA sendo 04 escolas da zona urbana cada uma situada nos bairros (Ibirapuera, Guarani, Patagônia e no loteamento Vila América, localizado na região sul do bairro Boa Vista) e 03 escolas na zona rural em (Veredinha, Bate-Pé e José Gonçalves).

Foram aplicados nas 7 escolas 23 questionários aos educadores da disciplina diversificada de EA e apenas 10 educadores contribuíram para a coleta de dados. Abaixo o resultado das três questões sobre a formação dos educadores, sua carga horária e o tempo de serviço na rede municipal de ensino de Vitória da Conquista (Figura 01, 02) e (Tabela 01).

 

  

 Figura 01: Formação dos educadores da zona urbana e rural do

      município de Vitória da Conquista - BA

 Elaboração: OLIVEIRA, Aline de S. Pesquisa de campo, Nov. 2009.

 

Figura 02: Carga horária dos educadores da zona urbana e rural

            do município de Vitória da Conquista – BA.

Elaboração: OLIVEIRA, Aline de S. Pesquisa de campo, Nov. 2009.

 

Tabela 01: Tempo de atuação dos educadores na rede municipal de educação de Vitória da Conquista - BA.

 Elaboração: OLIVEIRA, Aline de S. Pesquisa de campo, Nov. 2009.

 

            As informações apresentadas nas figuras (03,04 e na tabela 01) indicam que a maioria dos educadores de EA são licenciados em matemática, a carga horária dos entrevistados é de 20 e 40 horas semanais e apenas 04 trabalham a mais de 10 anos na rede de ensino do município.

A inserção da EA no currículo escolar segundo os educadores enfatizam a necessidade de conscientizar e despertar os educandos sobre os problemas ambientais e a necessidade de preservar o meio ambiente natural, pois, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) faz referência a EA como um caminho para formar cidadãos “ecologicamente conscientes”.

É importante salientar que os educadores da pesquisa não possuem qualificação em EA. Por exemplo, ao serem questionados quanto à concepção que acham mais adequada no posicionamento como educadores da temática EA, as alternativas concepção antropocêntrica (separação entre o sujeito e o objeto), holística (relação homem e natureza), naturalista (ausência da dimensão ambiental nas relações sociais com a natureza) não foram enunciadas, todavia 70% dos educadores se consideram ambientalista/ecologista[5] (ausência da relação homem e natureza), 20% não possuem nenhuma concepção e 10% não souberam responder (Figura 03).

 

Figura 03: A concepção dos educadores do município de Vitória

     da Conquista – BA sobre a EA.

           Elaboração: OLIVEIRA, Aline de S. Pesquisa de campo, Nov. 2009.

       Compilação da base gráfica de FILIPINI &TRIVISOL (2009).

 

            As concepções enunciadas acima são o reflexo da dimensão cultural, política e social que são influência na vida dos sujeitos entrevistados. Conforme Sato e Passos (2002):

 

Há, portanto, três esferas multidimensionais dentro da EA - o indivíduo, a sociedade e a natureza. A EA, portanto, não é somente o estudo antropológico do ser humano; nem apenas o estudo sociológico da sociedade onde vive; e nem só das relações dos seres vivos com seu ambiente, como propõe a ecologia. Ela é um diálogo aberto, como um passaporte de trânsito livre que circunda as diversas fronteiras da interação eu - outr@[6] - mundo (SATO & PASSOS, 2002, p. 242).

 

            Quanto ao que entendem sobre a EA, suas finalidades e objetivos vários foram os posicionamentos favoráveis destacados pelos educadores:

- O que é EA: “O nome é bem explicativo, educar o homem para a sua convivência no seu ambiente [...]”; “A Educação Ambiental constitui-se como prática educativa e social, na qual não é possível dissociar aspectos físicos e sociais, bem como sua inter-relação”; “A Educação Ambiental configura-se como uma proposta educativa que permita ao educando perceber-se como sujeito que faz parte e que depende do ambiente”.

- As finalidades da EA: Conscientização de preservar a natureza e todos os recursos naturais”;  Auxiliar o indivíduo  na identificação de problemas relacionados ao meio ambiente”.

- Os objetivos da EA: “[...] conscientizar a comunidade escolar no sentido de incorporar normas e procedimentos que visem a formação de uma consciência ecológico-qualitativa”; “Integrar todos os conteúdos das mais variadas disciplinas com o intuito de promover diretrizes para a cidadania”; “[...] promover conhecimento e mudança de comportamento instigando a participação da comunidade no debate e em ações que primam pela solução de problemas ambientais”.

            É relevante que a escolha dos temas para as aulas de EA conforme as respostas adquiridas há necessidade da interdisciplinaridade e devido à falta de projetos nas escolas essa inter-relação pedagógica não acontece. No entanto, os educadores consideraram os temas atuais como fáceis e ao alcance dos educandos.

É evidente a ausência do estímulo reflexivo e estimulador do conhecimento nos educandos ocasionando a falta de criticidade, da esferização entre o local e o global, a formulação de idéias e opiniões. Os temas para serem trabalhados em sala de aula são escolhidos conforme a realidade dos educandos (Figura 04).

Figura 04: Os pressupostos para a escolha dos temas de EA.

 Elaboração: OLIVEIRA, Aline de S. Pesquisa de campo, Nov. 2009.

 

Por outro lado, quando questionados quais as metodologias para a prática da aprendizagem em sala de aula os métodos mais utilizados além da aula expositiva, produção de cartazes, foi o uso do Kit Multimídia (televisão, aparelho de DVD) para apresentar os filmes e documentários acerca dos problemas ambientais, a leitura e interpretação de textos como as pesquisas em grupo (Tabela 02).

 

Tabela 02: Metodologia utilizada nas aulas de EA no município

  de Vitória da Conquista – BA.

        

Elaboração: OLIVEIRA, Aline de S. Pesquisa de campo, Nov. 2009.

 

O predomínio de uma variedade de sugestões didáticas contrapõe-se aos principais obstáculos enfrentados pelos educadores nas escolas, pois é correto elaborar um planejamento e definir os objetivos e os recursos para poder ter a liberdade de lecionar de forma didática e flexiva. Estes obstáculos nas aulas de EA foram: falta de material didático (principalmente livros), inexistência de biblioteca na unidade escolar, dificuldades para promover passeios em locais da cidade de Vitória da Conquista e demais regiões circunvizinhas e a falta da relação integrada da família com a escola. 

Em procedimento da questão anterior, mesmo havendo as dificuldades apresentadas, os educadores consideraram positivas as mudanças de comportamento dos educandos enfatizando ações como: “não jogar lixo no chão”, ou “conservar o meio ambiente a partir de pequenas atitudes”. Nesse ponto pode ser observado que há uma repetição de atitudes comuns e que naturalmente deve fazer parte do modo de vida dos sujeitos, não correspondendo aos objetivos de Estocolmo pela formação crítica e reflexiva. Contudo, os educadores não se referiram a todos os educandos, mas alguns praticam essas atitudes.

Ao responderem a questão sobre os cursos de qualificação oferecidos pela Secretária Municipal de Educação (SMED) de Vitória da Conquista na área de EA, 80% dos educadores confirmam que o órgão não oferece e 20% absteve-se da questão (Figura 05).

  Figura 05: Qualificação em EA administrada pela SMED de Vitória

da Conquista – BA.

Elaboração: OLIVEIRA, Aline de S. Pesquisa de campo, Nov. 2009.

 

            Para Candau (1996) a preparação do educador é essencial para que a prática pedagógica seja ministrada, uma vez que, essa prática possui uma dimensão política, técnica e humana. Esse profissional não deve ser apenas um transmissor do conhecimento ou um representante do saber, mas deve ser o diferencial no campo das idéias, do agir socialmente e politicamente a favor das ideologias que melhorem o ensino e forme cidadãos conscientes de seus deveres e direitos. No entanto, quanto à preparação do educador como mediador do conhecimento é necessário:

 

[...] criar condições para que o sujeito se prepare filosófica, científica, técnica e efetivamente para o tipo de ação que vai exercer. Para tanto, serão necessárias não só aprendizagens cognitivas sobre os diversos campos de conhecimento que o auxiliem no desempenho do seu papel, mas – especialmente – o desenvolvimento de uma atitude, dialeticamente crítica, sobre o mundo e sua prática educacional (CANDAU, 1996, p. 26).

 

Outro ponto importante da pesquisa foi fazer a mesma questão sobre os problemas ambientais nas localidades das unidades escolares em estudo para os educadores e educandos. Na (tabela 03,04) os dados comparativos entre os 10 educadores (04 da zona rural e 6 da zona urbana) e os 69 educandos (42 da zona rural e 27 da zona urbana) das turmas de EA (Tabela 03, 04).

 

Tabela 03: Problemas ambientais mencionados pelos educadores das escolas da zona urbana e rural do município de Vitória da Conquista – BA.

Elaboração: OLIVEIRA, Aline de S. Pesquisa de campo, Nov. 2009.

 

 

Tabela 04: Problemas ambientais mencionados pelos educandos das escolas da zona urbana e rural do município de Vitória da Conquista – BA.

Elaboração: OLIVEIRA, Aline de S. Pesquisa de campo, Nov. 2009.

 

            Conforme a tabela acima é evidente a falta de conexão entre os sujeitos entrevistados, porque um dos objetivos da EA é fazer a relação do local vivido pelo educando com o planetário, num enfoque holístico. Partindo deste pressuposto é necessário a comunidade escolar ter conhecimento dos problemas ambientais que existem nos arredores das escolas. Por exemplo, no item água os educadores consideram o desperdício e os educandos tanto o desperdício como a falta d’água. Já no item poluição os educadores ressaltaram a poluição oriunda dos veículos e os educandos a prática de queimadas tanto na cidade como no campo. O problema que afeta o solo para os educadores é o processo de desertificação e para os educandos a utilização de agrotóxicos e o despejo de esgoto doméstico.

            O lixo depositado em terrenos baldios é o que preocupa os educadores e a falta de coleta diária e seletiva foi o que os educandos mencionaram. Entretanto, os docentes destacaram o processo de urbanização como o fator que tem mais propiciado a extinção ou o desmatamento da flora. Os discentes consideram a extinção da flora como resultado do uso do solo para a pastagem. No item sobre a ameaça da fauna o tráfico de animais silvestres foi citado pelos educadores e os educandos se referiram a caça, a pesca predatória e a extinção de espécies.

            É evidente a ausência do diagnóstico em sala de aula, as discussões sobre esses assuntos ambientais, uma vez que, nas metodologias apresentadas pelos educadores as alternativas e os métodos foram notórios.

Nas fotos abaixo, pode-se observar as condições do ambiente escolar externo de algumas unidades que foram foco do estudo (Figura: 06, 07,08, 09).

 

Figuras: Lixo nas unidades escolares da zona urbana e da zona rural.

            

 

Figura 06 - 07: Escola zona urbana

Foto: OLIVEIRA, Aline de S.

  

     

Figura 08 – 09: Escola zona rural

Foto: OLIVEIRA, Aline de S.

 

 

 

Na questão sobre se há realização de práticas sociais em defesa da conscientização pelas questões ambientais com a participação dos educadores, dos educandos e da comunidade local, 20% dos educadores responderam que existe, 60% que não e 20% não responderam (Figura 10).

       

Figura 10: Realização de práticas sociais em defesa da

conscientização pelas questões ambientais nas instituições escolares.

Elaboração: OLIVEIRA, Aline de S. Pesquisa de campo, Nov. 2009.

 

Entretanto, ao estender a pergunta sobre quais foram as práticas sociais realizadas os 60% dos educadores não souberam definir essas práticas, 20% confirmaram não ter colocadas em prática e apenas 20% responderam que as práticas foram os projetos sobre a EA como visitas na localidade da escola e passeios. Nesta questão ficou claro a falta de comunicação, discussão e a elaboração do planejamento pedagógico.  

Quanto à proposta da interdisciplinaridade no ambiente escolar para trabalhar a EA, apenas 05 educadores responderam que é importante a interdisciplinaridade, 02 responderam que não e 03 absteve da questão (Figura 11).

Figura 11: A inserção da interdisciplinaridade na disciplina

diversificada de EA nas escolas da zona urbana e rural do

município de Vitória da Conquista - BA.

 Elaboração: OLIVEIRA, Aline de S. Pesquisa de campo, Nov. 2009.

 

Na (Figura 11) acima subentende-se que existe o anseio pela proposta interdisciplinar, o objetivo do questionamento também foi saber como os educadores trabalham nos projetos de EA. Os que responderam sim definiram que esta proposta deve vir atrelada com as outras disciplinas a partir de temas correspondentes entre si, principalmente na construção de projetos nas escolas, mas não souberam exemplificar como esse processo ocorre. Embora a resposta sim tenha sido maior os que escolheram a alternativa não explicitaram a falta de diálogo e oportunidade para discussão entre todos os educadores para a elaboração de projetos, visto que nenhuma das 7 escolas apresentaram o Projeto Político Pedagógico[7].

Constatou-se também, que os locais de preservação existentes em Vitória da Conquista e de conhecimento de ambas as partes entrevistadas foram (Tabela 05).

 

Tabela 05: Locais de preservação ambiental em Vitória da Conquista: Percentual de 10 educadores (04 da zona rural e 6 da zona urbana) para 69 educandos (42 da zona rural e 27 da zona urbana).

Elaboração: OLIVEIRA, Aline de S. Pesquisa de campo, Nov. 2009.

 

Os diversos documentos que estabelecem a importância da EA caracterizam-se também com o momento que a sociedade presencia, isto é, as metas e os planos são direcionados para um propósito, um exemplo, foi a “Declaração sobre o Meio Ambiente Humano”, que estabeleceu um “Plano de Ação Mundial”, recomendando um “Programa Internacional de Educação Ambiental”. Desse modo, os educadores da EA foram interrogados sobre quais os documentos eles têm conhecimento. É importante salientar que o educador como agente em prol de uma cidadania justa e correlacionada com tudo o que acontece no planeta Terra, tem por obrigação entender e ter conhecimento sobre o que divulgam, ser preparado pedagogicamente para estar apto a lecionar as disciplinas que trabalha. Por isso, o educador precisa estar sempre atualizado principalmente ao abordar temas polêmicos como as questões ambientais que afetam o planeta catastroficamente (Tabela 06).

 

Tabela 06: Conhecimento dos documentos sobre a EA.

Elaboração: OLIVEIRA, Aline de S. Pesquisa de campo, Nov. 2009.

Compilação da base tabular de FILIPINI & TREVISOL, 2009.

 

Cada educador podia escolher mais de um documento, porque o importante é saber como este profissional está preparado. Por outro lado, na coluna um (conheço) a maioria referiu-se a Conferência Rio – 92, Agenda 21 e os PCNS: Meio Ambiente na Escola; já na coluna dois (não conheço) a maioria escolheu a Declaração de Tbilisi, Declaração de Estocolmo e a Carta da Terra, por fim na coluna três (pratico em sala) os objetivos e metas educacionais por uma EA foram referidos com base nos PCNs: Meio Ambiente na Escola e na Carta da Terra. Esses resultados chamam a atenção para os dois primeiros documentos, que foram o marco para as discussões sobre as questões ambientais em defesa de uma educação socioambiental e crítica do ponto de vista do homem e o meio ambiente natural, como os menos conhecidos e praticados inferindo a ausência dos princípios, objetivos e finalidades da EA até então consolidados nestes documentos, como a Proposta Curricular do Município, onde apenas 03 dos 10 professores conhecem e 01 não tem conhecimento, comprova-se então a inter-relação não mútua e concisa entre escola, educador e a secretária de educação do município.

Na última questão: Quais as práticas sociais que como educador ambiental você realiza no seu cotidiano, as respostas dos 10 entrevistados foram às seguintes: (Tabela 07). 

 

Tabela 07: As práticas sociais em defesa do meio ambiente praticadas pelos educadores.

Elaboração: OLIVEIRA, Aline de S. Pesquisa de campo, Nov. 2009.

 

Ficou evidente que a maioria opta pela separação do material reciclável. Estes resultados são consideráveis para que haja uma discussão ampla, porque o enfoque da EA, como proposta educacional é de direcionar o educando nas suas práticas para contribuir em prol de uma formação cidadão com validação dos direitos e deveres de cada um na sociedade, de maneira reflexiva, crítica e voltada para ações ambientais com cunho social e as práticas socioambientais devem partir e ter como exemplos os educadores que estão á frente do ensino nas unidades escolares

 

CONCLUSÃO

            A pesquisa sobre Educação Ambiental no processo ensino-aprendizagem nas escolas municipais de Vitória da Conquista – BA foi importante, uma vez que, houve a possibilidade de analisar e identificar a abrangência, o direcionamento e a devida importância da disciplina diversificada de EA. Todo o processo de levantamento e sistematização dos dados foi baseado nos resultados obtidos pelos questionários aplicados aos educadores e educandos das setes escolas. Todavia, o educador encontra-se numa posição de desafio, porque o sistema capitalista o tempo todo subestima o educando, sua família ao consumismo e a escola pelo ensino direciona pela autocrítica, a formação de opinião, de reflexão, a valorização dos direitos civis. Neste ponto, a Educação Ambiental na sua condução de modo interdisciplinar é a chave para a mudança, porque em relação às crises mundiais referentes aos problemas ambientais é necessário sair da vertente ecológica e preservacionista e partir para uma abordagem socioambiental, pois de todo modo o educador é visto como o mediador da formação de cidadãos, dando clareza às idéias, articulando as reflexões e ele apresenta aquilo que os educandos não sabem e precisam saber, por isso o educador deve se auto questionar: Qual a relação que eu como educador quero com o que vou ensinar? Este é um ato de pensar diário, porque a cada novo assunto abordado o objetivo geral e os objetivos específicos podem e devem em muitas situações serem reformulados.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

CANDAU, Vera Maria. A didática em questão. 13ª ed. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 1996.

 

 

CARVALHO, Isabel Cristina de Moura. Educação Ambiental: a formação do sujeito ecológico. 3ª ed. São Paulo: Cortez, 2008.

 

 

DIAS, Genebaldo Freire. Educação Ambiental. Princípios e práticas. 9ª ed. São Paulo: Gaia, 2004.

 

 

FILIPINI, Gedalva Terezinha Ribeiro; TREVISOL, Joviles Vitório. Professores e suas representações sociais sobre Meio Ambiente e Educação Ambiental: um estudo na escola NUPERAJO Joaçaba. Disponível em: <http://www.pesquisa.uncnet.br/pdf/educacao/PROFESSORES_REPRESENTACOES_SOCIAIS_MEIO_AMBIENTE_EDUCACAO_AMBIENTAL.pdf>. Acesso em: 18 Out. 2009.

 

FIORI, Ernani Maria. Aprender a dizer a sua palavra. In: Freire, Paulo. Pedagogia do oprimido. 9ª Ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981. (O mundo, hoje, v. 21).

 

 

GUIMARÃES, Mauro. Educação Ambiental: No Consenso um embate? 1ª ed. Campinas, São Paulo: Papirus, 2000. (Coleção Papirus Educação).

 

 

LEFF, Enrique. Epistemologia Ambiental. 4ª ed. revista.  São Paulo: Cortez, 2007. Tradução de Sandra Valenzuela; revisão técnica de Paulo Freire Vieira.

 

 

LIMA, Gustavo Ferreira da Costa. Crise ambiental, educação e cidadania: os desafios da sustentabilidade emancipatória. In: LOUREIRO, Carlos Frederico Bernardo; LAYRARGUES, Philippe Pomier; CASTRO, Ronaldo Souza de (Orgs.). Educação Ambiental: repensando o espaço da cidadania. 2ª ed. São Paulo: Cortez, 2002.

 

 

LOUREIRO, Carlos Frederico Bernardo. Educação ambiental e movimentos sociais na construção da cidadania ecológica e planetária.  In: LOUREIRO, Carlos Frederico Bernardo; LAYRARGUES, Philippe Pomier; CASTRO, Ronaldo Souza de (Orgs.). Educação Ambiental: repensando o espaço da cidadania. 2ª ed. São Paulo: Cortez, 2002.

 

__________. Teoria social e questão ambiental: Pressupostos para uma práxis crítica em educação ambiental. In: LOUREIRO, Carlos Frederico Bernardo; LAYRARGUES, Philippe Pomier; CASTRO, Ronaldo Souza de (Orgs.). Sociedade e meio ambiente: a educação ambiental em debate. 2ª ed. São Paulo: Cortez, 2002.

 

 

REIGOTA, Marcos. O que é Educação Ambiental. São Paulo: Brasiliense, 2001. (Coleção Primeiros Passos; 292). 3ª reimpressão da 1ª edição de 1994).

 

 

SANTOS, Milton. Metamorfoses do espaço habitado. São Paulo: Hucitec, 1997.

 

 

SATO, Michèle; PASSOS, Luiz Augusto. Biorregionalismo: Identidade histórica e caminhos para a cidadania. In: LOUREIRO, Carlos Frederico Bernardo; LAYRARGUES, Philippe Pomier; CASTRO, Ronaldo Souza de (Orgs.). Educação Ambiental: repensando o espaço da cidadania. 2ª ed. São Paulo: Cortez, 2002.

 

 

VEIGA, Ilma Passos Alencastro (Org.). Projeto Político-Pedagógico da Escola: uma construção possível. 23ª ed. Campinas, São Paulo: Papirus, 1995. (Coleção Magistério: Formação e trabalho pedagógico).

 



[1]Conferência de Estocolmo (1972): [...] a Organização das Nações Unidas promoveria, de 5 a 16 de Junho, na Suécia, a “Conferência da ONU sobre o Ambiente Humano”, ou Conferência de Estocolmo, como ficaria consagrada, reunindo representantes de 113 países com o objetivo de estabelecer uma visão global e princípios comuns que servissem de inspiração e orientação à humanidade, para a preservação e melhoria do ambiente humano (DIAS, 2004, p. 79).

 

[2]Conferência de Tbilisi (1977): A Primeira Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental (Conferência de Tbilisi) foi realizada em Tbilisi, capital da Geórgia, CEI (ex URSS), de 14 a 26 de outubro de 1977, organizada pela Unesco, em cooperação com Pnuma, e constituiu-se num marco histórico para a evolução da EA (DIAS, 2004, p. 104).  

 

[3]Interdisciplinaridade: Diz respeito “à abertura de um espaço de mediação entre conhecimentos e articulação de saberes, no qual as disciplinas estejam em situação de mútua coordenação e cooperação, construindo um marco conceitual e metodológico comum para a compreensão de realidades complexas” (CARVALHO, 2008, p. 121).

 

[4] Configuração territorial: É o território e mais o conjunto de objetos existentes sobre ele; objetos naturais ou objetos artificiais que a definem, [...] é o conjunto total, integral de todas as coisas que formam a natureza em seu aspecto superficial e visível [...] (Santos, 1997, p. 75-77).  

[5] No livro Sociedade e Meio Ambiente: A Educação Ambiental em debate, Waldman (1997) apud Loureiro (2002, p. 19-25) exemplifica que o ambientalismo é um movimento de base social que luta para o fim do utilitarismo da natureza pelo sistema capitalista e que haja o uso racional e planejado dos recursos naturais para evitar seu esgotamento.

[6] Os autores justificam o uso de @ no texto para evitar a linguagem sexista acatando a recomendação internacional da Rede de Gênero (LOUREIRO, 2002).

[7]Projeto Político Pedagógico: No sentido etimológico, o tempo projeto vem do latim projectu, particípio passado do verbo projicere, que significa lançar para adiante. Plano, intento, desígnio. Empresa, empreendimento. Redação provisória da lei. Plano geral de identificação (FERREIRA, 1975, p.1.144 apud. VEIGA, 1995, p. 12).

 

Ilustrações: Silvana Santos