Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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10/09/2011 (Nº 37) PROGRAMA DE ENSINO: UMA AÇÃO EM PROL DO SABER AMBIENTAL NA ESCOLA
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Educação Ambiental em Ação 37

PROGRAMA DE ENSINO: UMA AÇÃO EM PROL DO SABER AMBIENTAL NA ESCOLA.

 

 

O programa de ensino na escola oportunizou o debate de alguns problemas ambientais e sociais vivenciados pelos atores, possibilitando um despertar dos alunos em busca do saber ambiental, que muitas das vezes encontra-se distorcida na sociedade atual.

 

 

 

PROGRAMA DE ENSINO: UMA AÇÃO EM PROL DO SABER AMBIENTAL NA ESCOLA.

 

 

Felipe Alan Souza Santos

 

 

 Mestrando em Desenvolvimento e Meio Ambiente/UFS, pesquisador do GEPEASE, Bolsista Capes, e-mail: felipeguile@ig.com.br.

 

 

RESUMO:

 

O ser humano tem mostrado um comportamento destrutivo em relação ao meio ambiente, sendo que grande parte deste afastamento entre o homem e natureza é promovido pela mentalidade moderna, que cogita a natureza como um instrumento inesgotável de recursos que deve servir fielmente as necessidades humanas. A escola, como instituição responsável pela formação científica e social dos cidadãos, tem o dever de desenvolver um sistema de conhecimentos, habilidades e valores que sustentem um comportamento racional sobre o meio ambiente. O objetivo desse trabalho foi investigar o modo que os alunos, compreendem a degradação ambiental existente no seu bairro e no mundo. A metodologia utilizada foi tanto a quantitativa como a qualitativa, através de entrevistas, aplicação de questionários e produção de gráficos, além das visitas periódicas a campo e analise de conteúdo. Essa discussão resultou na melhora da práxis, para os alunos refletirem sobre seu papel crítico. Assim, este trabalho pretende que a curto ou longo prazo ocorra uma evolução no saber ambiental, que cresçam alternativas metodológicas para auxiliar o processo de ensino e aprendizagem sobre o ambiente. Partido desse pressuposto é importante que a escola e as pessoas que dela faz parte não só apenas transmita o conhecimento, mas seja facilitador, mediador, colaborador da construção de novos conhecimentos.

 

Palavras-Chaves: Educação, meio ambiente, cidadania.

 

 

 

INTRODUÇÃO

 

O planeta vivencia um período de constantes transformações no que se refere ao meio ambiente e sobre o olhar que o homem possui do seu habitat. Toda a mídia expõe suas atenções para a ação dos seres humanos com a natureza, frente aos incêndios florestais, ao desmatamento e principalmente sobre fenômenos atmosféricos ligados as alterações climáticas, como o efeito estufa e o aumento do buraco da camada de ozônio.

A paisagem natural historicamente vem se modificando com as intervenções dos seres humanos, deixando de ser uma paisagem natural e passando a ser uma paisagem transformada, atendendo aos ideais humanos. Assim é importante praticar a educação ambiental para a compreensão dos dilemas contemporâneo presentes atualmente nas questões ambientais. As sociedades atuais devem ser esclarecidas e não acríticas. A educação ambiental deve ser entendida como uma garantia de manutenção da vida no planeta, fazendo com que a geração atual possa viver um bem estar, assim como, as futuras gerações.

A educação para o ambiente deve ser praticada de fato em todas as sociedades, uma vez que já se encontram em discussão problemas ambientais vivenciados por estas. A educação para o meio ambiente é o modo mais rápido e efetivo para o homem compreender-se como ser natural, responsabilizando-se em suas atitudes frente ao seu habitat.

A metodologia adotada neste artigo e a qualitativa e a quantitativa, além de observar o método do programa de ensino desenvolvido por Pardo (1997), que acredita na necessidade de um programa de ensino sistemático, planejado para se alcançar os objetivos pretendidos no ato educacional e principalmente na mudança de atitude como se configura neste trabalho.

Para tanto, o homem do presente logo deve ficar imbuído na Educação Ambiental, concretizando o fazer: conservar e preservar o meio ambiente, quebrando o pensar paradigmática capitalista da relação homem e natureza que vê a natureza como um imenso bloco de lucro e de inesgotável dádiva de recursos naturais.

 

 

OBJETIVOS E MÉTODOS

 

A metodologia utilizada neste artigo é a quantitativa e a qualitativa, além de seguir o modelo de programa de ensino descrito por Pardo (1997). A s analises quantitativa foram observadas através das respostas dos entrevistados nos questionários I e II, que teve como propósito buscar um conceito de natureza dos participantes antes e após a aplicação do programa de ensino. As análises qualitativas foram construídas diagnosticando o conhecimento e habilidades que os entrevistados possuíam sobre as questões ambientais discutidas no programa de ensino, hora presente no questionário, hora na analise de conteúdo descrito pelos mesmos diariamente no programa. O programa de ensino é entendido para Pardo (1997), como uma disciplina que pretende trabalhar de forma mais integral um determinado conhecimento. Pardo (1997) compreende por objetivo de ensino não apenas objetivos de conteúdo acadêmico, mas também aqueles relacionados com a formação integral da pessoal. Para tanto o professor que deseja criar um programa de ensino deve prioritariamente, além de debater as realidades vivenciadas pelos alunos, planejar ações, executá-la e avaliá-las, tendo em vista os objetivos de ensino pretendidos.

Esse programa de ensino foi realizado em uma turma de 7º ano, com 25 alunos de uma turma de 43, que abrange uma percentagem aproximada de 58,14%. O programa de ensino foi realizado em cinco dias, as reuniões sempre eram realizadas as terças-feiras, entre os meses de outubro e novembro de 2009, que buscavam discutir questões ambientais, mudança de atitudes, desigualdade, justiça social, dentre outras sempre correlacionando essas a educação ambiental.

 

RELAÇÃO HOMEM E O SABER AMBIENTAL:

 

Nos últimos séculos, o ser humano tem mostrado um comportamento destrutivo em relação ao meio ambiente, sendo que grande parte deste afastamento homem e natureza é promovido pela mentalidade moderna, que surge desde a efetivação do sistema capitalista de produção que cogita a natureza como um instrumento inesgotável de recursos que deve servir fielmente as necessidades humanas, assim a natureza pode ser explorada à vontade em nome da modernização.

Essa degradação tem comprometido a qualidade de vida da população de várias maneiras, sendo mais perceptível na alteração da qualidade de água e do ar, nos “acidentes” ecológicos ligados ao desmatamento, queimadas, poluição marinha, lacustre, fluvial e morte de inúmeras espécies animais que hoje se encontram em extinção (MENDONÇA, 2005, p.10).

As alterações no ambiente acompanham a existência do homem na Terra. Ao longo da década de 1960 ficou evidente que as ações do homem sobre a natureza haviam desencadeado uma crise ambiental que mostrava a irracionalidade ecológica dos padrões dominantes de produção e de consumo e marcava os limites do crescimento econômico. (LEFF (2006), apud ZANIRATO, 2008, p. 3).

A discussão sobre a relação educação-meio ambiente contextualiza-se em cenário atual de crise nas diferentes dimensões, econômicas, políticas, cultural, social, ética e ambiental. Em particular, essa discussão passa pela percepção generalizada, em todo o mundo, sobre a gravidade da crise ambiental que se manifesta tanto local quanto globalmente (GUIMARÃES, 2000, p. 15).

Essa forma de pensar pragmaticamente ou utilitarista, tem sua gênese no Ocidente, principalmente nas nações pioneiras da Revolução Industrial, e o sucesso do sistema capitalista, passou a ser pensada e praticada em todo o globo.

Segundo Vesentini (2004, p. 201) o principal objetivo da mentalidade pragmática é o progresso, e esse progresso no sistema capitalista é entendido como uso e transformações no espaço geográfico, ou seja, mudanças de locais naturais para artificiais, como estradas, residências, campos de cultivos, edifícios, além de crescentes processos produtivos: Tal forma de compreender a natureza levou à depredação do meio ambiente, com o objetivo de fornecer a energia de que os homens precisavam para o processo produtivo. A depredação tornou-se caótica nos séculos XIX e XX, em face do crescimento da indústria e da urbanização. O modelo de desenvolvimento defendido pelas sociedades, sobretudo as ocidentais, privilegiou o lucro, a acumulação de capitais, ainda que em detrimento da perda da qualidade de vida e da deterioração da natureza e da sociedade. Essa situação agravou-se de tal forma que analistas do meio ambiente e da sociedade não vacilam em afirmar que estamos vivendo uma .crise de civilização. (LEFF, 2003, p. 16).

Para tanto abuso de apropriação do meio natural, é necessário possuir grande quantidade de recursos naturais e espaços, é necessário extrai grandes volumes de materiais energéticos, recursos naturais, solos férteis para a agricultura, e foi exatamente isto que ocorreu até a segunda Guerra Mundial, quando as nações passaram a sofrer a escassez de certos produtos.

Durante anos se acreditou que a natureza fosse infinita, assim o progresso materialista nunca teria fim, atualmente se conhece que se os seres humanos não cuidarem do planeta que possibilita a vida em todo o universo o mesmo será extinto.

Nos últimos dois séculos, com o desenvolvimento da atividade industrial, aumentou muito a presença de gases nocivos aos seres vivos presente na atmosfera, sendo que esses gases estão promovendo alterações no clima em todo o planeta. Assim esse artigo irá delimitar dois problemas relevantes que ocorre na atmosfera, são eles: o efeito estufa e o buraco da camada de Ozônio e posteriormente proferir sobre o olhar da educação ambiental na compreensão das mudanças climáticas.

 

 

O DESENVOLVER SUSTENTÁVEL E A EDUCAÇÃO AMBIENTAL:

 

A Ciência não é um saber que paira acima dos homens, mas fruto de uma relação social instituída. Afinal, foi em nome de um saber objetivo, capaz de promover a felicidade humana, que a ciência se afirmou frente à filosofia e à religião, com os iluministas do século XVIII.(PORTO-GONÇALVES, 2006, p.43)

 

Segundo o relatório Nosso Futuro Comum o desenvolvimento ambiental é um novo tipo de desenvolvimento capaz de manter o progresso humano não apenas em alguns lugares e por alguns anos, mas em todo o planeta e até um futuro longínquo. Esse desenvolvimento atende às necessidades do presente sem comprometer a capacidade de as gerações futuras atenderem a suas próprias necessidades.

Porém o significado do termo desenvolvimento, muitas das vezes, é tido como sinônimo de crescimento, mas é importante enfatizar que o crescimento refere-se a incremento quantitativo fortemente ligado a valores de uso e do crescimento econômicos, como a crescente exploração de recursos naturais, divergindo do enfoque que propõe o desenvolvimento sustentável.

Já o termo desenvolvimento sustentável, enquanto relação de equilíbrio do uso dos recursos pelos homens implica em uma melhoria qualitativa no uso do meio ambiente. Sugere ainda uma evolução nas relações sociais na busca de melhor qualidade de vida. Busca a harmonia na relação homem e natureza. O objetivo desse desenvolvimento dito sustentável seria caminhar na direção de um desenvolvimento que integrasse os interesses sociais, econômicos e as possibilidades de respeito aos limites da natureza (Brasil, 2003).

Santos (2001) afirma que a dominação dos recursos naturais e do seu uso em prol do desejo humano, conduziu a uma exploração excessiva e despreocupada dos recursos naturais, promovendo o agravamento das catástrofes ecológicas, a ameaça nuclear, a destruição da camada de ozônio e a conversão do corpo humano em mercadoria, esse autor ao abordar tais características define bem o modelo de relação entre os homens e a natureza, que é resultado do sistema capitalista de produção contemporâneo.

Para ocorre uma modificação desta relação faz-se necessário uma revolução nos sistemas políticos, social e cultural em escala planetária, que busque novos caminhos de orientação segundo os objetivos da produção de bens materiais e imateriais. Logo deve ocorre uma ruptura da sociedade sustentável com o sistema capitalista de produção que segrega e dilapida socialmente, economicamente e culturalmente os países do Sul.

Uma finalidade do trabalho social regulada de maneira unívoca por uma economia de lucro e por relações de poder só pode, no momento, levar a dramáticos impasses – o que fica manifesto no absurdo das tutelas econômicas que pesam sobre o Terceiro Mundo e conduzem algumas de suas regiões a uma pauperização absoluta e irreversível (GUATTARI, 1990, p. 09).

Observando o que foi exposto é fundamental compreender as diferenças entre a sustentabilidade e o conceito de desenvolvimento sustentável, estando este último esgotado desde Estocolmo, por representa uma ideologia dominante da apropriação do meio natural pelo capitalismo neoliberal. Diegues relata que o conceito de sociedade sustentável em nossa sociedade é mais viável que o termo desenvolvimento sustentável, uma vez que cada uma delas descreve segunda sua diretriz ideológica os padrões de consumo e de produção, ou mesmo o bem estar social resultado da interdependência das relações culturais históricas e naturais de cada sociedade (1996, p. 25).

Ainda dentro de uma perspectiva de ideologização mais radical e fascista, a educação ambiental pode ser apropriada para reforçar o discurso de exclusão social, por meio de uma correlação linear e simplista, tendo a miséria como responsável pela degradação ambiental, devendo, portanto, serem excluídos de uma nova ordem, aqueles segmentos que a sofrem (GUIMARAES, 2000, p.46).

Sustentabilidade Socioambiental segundo Loureiro (2006), é o pressuposto balizador das ações para a construção de uma sociedade sustentável, na qual não seja considerado o crescimento econômico como fator de satisfação social, obedecendo aos interesses do mercado, e sim o respeito à diversidade cultural, a busca por justiça social, a promoção de relações produtivas coletivistas, a preservação e a conservação ambiental, o equilíbrio ecossistêmico e o fortalecimento de instituições democráticas.

 “A sustentabilidade remete a relações entre a sociedade e a base material de sua reprodução. Portanto, não se trata de uma sustentabilidade dos recursos e do meio ambiente, mas sim das formas sociais de apropriação e uso desses recursos e deste ambiente. Pensar dessa maneira implica certamente em se debruçar sobre a luta social, posto que se torna visível a vigência de uma disputa entre diferentes modos de apropriação e uso da base material das sociedades.” (ACSELRAD, 2009)

Para Antunes (2001) esse objetivo somente irá vigorar através da efetiva discussão e prática da educação, daquela que conduza de forma crítica e ativa os educandos e que faça crescer neles o desejo de modificar-se enquanto cidadãos que compreendem o valor da natureza para nossa sociedade. A educação Ambiental apresenta-se como uma dimensão do processo educativo voltada para a participação de seus atores, educandos e educadores, na construção de um novo paradigma que busque a compreensão e solução dos dilemas populares aspirando uma melhor qualidade de vida, tanto na esfera econômica quanto na esfera ambiental e social.

Educação Ambiental é fundamental para a integração homem e o meio ambiente, e para a efetivação da relação harmoniosa e consciente do uso dos recursos da natureza sem esgotá-la. Essa educação para lidar com o meio ambiente possibilita através do incremento de novos conhecimentos, valores e ações, a inserção dos educandos e dos professores no processo de contenção da atual crise ambiental pela qual o nosso planeta esta passando (Guimarães, 1995; Leff, 2005).

 

 

EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA TOMADA DE NOVAS ATITUDES:

 

 

... o homem concebe sua ação previamente no seu cérebro, na forma de planejamento, e a cada ação incorporam-se novas informações, que resultarão em diferentes soluções para os mesmos problemas que se apresentam (DIAS, 2007, p. 2).

 

 

Os atuais problemas que afetam a sobrevivência no meio ambiente são cada vez mais angustiantes e, em conseqüência, é causa de uma recente preocupação da humanidade. Impõe-se então uma busca urgente de ações e iniciativas que contribuam com a sua solução de forma mais imediata, e um viés apontado por Barbosa (2004) é a educação ambiental.

O desenvolvimento científico e tecnológico que incrementa a qualidade de vida, cada vez mais põe em perigo o meio ambiente e a própria vida humana. O homem ao mesmo tempo em que inventa algo para diminuir certos impactos ambientais, degrada e segrega outros espaços e principalmente a relação social e temporal do homem com o próprio homem.

Daí a necessidade dos indivíduos compreenderem as modificações ambientais, para poder agir de forma a prevenir outros fenômenos físicos naturais e a própria exclusão humana da boa qualidade de vida que é vivenciada diariamente.

A capacidade de modificar o meio ambiente em função do desenvolvimento das atividades sociais passa por diferentes etapas na história da humanidade (Barbosa, 2004), como pode ser entendida no seguinte exemplo: o homem paleolítico foi totalmente subordinado aos anseios da natureza, que se tornou totalmente diferente do homem neolítico que com descoberta do fogo e da agricultura, tornou-se menos subjugado aos anseios do meio natural e após a Revolução Industrial separou-se por completo da natureza .

Barbosa (2004) salienta que o acelerado desenvolvimento científico e tecnológico provoca ao meio ambiente perdas irreversíveis. Durante sua curta vida na Terra, o homem proporciona mudanças profundas em todo o seu ecossistema, ao seu clima e a sua própria relação social.

Segundo a mesma autora a humanidade paga um preço bem alto pela falta de seriedade em que ver a natureza, um exemplo disto são os fenômenos climáticos que vem ocorrendo no planeta.

A construção pelos seres humanos de um espaço próprio de vivência, diferente do natural, se de sempre à revelia e com a modificação do ambiente natural. Assim o ser humano, para sua sobrevivência, de um modo ou de outro, sempre modificou o ambiente natural (DIAS, 2007, p.13).

A todo instante chega informação a respeito dos problemas ambientais que ameaçam a estabilidade e o funcionamento normal do planeta. A quem está imbuído o papel de selar pelo bem estar da natureza e da humanidade? Dar-se para evitar certos tipos de transtornos ao nosso habitat? Dá-se para compreender os efeitos das nossas atividades modernas fornecendo uma holística dos fenômenos climáticos? Certamente sim, o homem esclarecido pode e deve mudar suas ações predadoras frentes ao meio natural, e utilizar seu senso crítico a fim de mudar o seu próprio eu individualista, muitas das vezes instigado pelo marketing consumista do sistema capitalista.

A educação deve desempenhar uma função primordial com vistas a criar atitudes e a melhor compreensão desses problemas que afetam o meio ambiente. A escola, como instituição responsável pela formação integral dos cidadãos, tem o dever social de desenvolver um sistema de conhecimentos, habilidades e valores que sustentem uma conduta e comportamento próprio da proteção desse meio ambiente (BARBOSA, 2004).

Esse artigo buscou enfatizar que essa prática deve existir sempre em todas as esferas formadoras de opinião, seja a educação formal ou na informal, lembrando-se que essas devem ocorrer não de forma temporal, mais gradual e sistematizada como propõe Pardo (1997), sobre a importância do planejamento, da execução e da própria avaliação dos resultados pelos participantes.

Apesar dos discentes não possuírem muitas das vezes conhecimento aprofundado do conteúdo debatido, esse trabalho ocupou-se em verificar o grau do conhecimento dos mesmos, a fim de firmar uma estratégia ética e eficaz para a tomada de novas atitudes desses alunos sobre as questões que envolvem o meio ambiente.

E para demonstrar o senso crítico dos alunos, foram feitas várias pesquisas e debates, onde eles trouxeram vários exemplos buscando compreende-los a partir dos conceitos e conhecimentos das alterações ambientais.

 

Observa-se que os discentes estão dispostos a aprender, que estão esperançosos em uma mudança de paradigma, para poder agir de forma mais racional com os problemas enfrentados atualmente pela crise ambiental. Prova disto foi a participação de grande números de alunos da turma no programa de ensino, que possuía como pré-requisito para participar do mesmo o desejo de se compreender as questões ambientais.

Assim o programa de ensino na escola oportunizou o debate de alguns problemas ambientais e sociais vivenciados pelos alunos (desmatamento, poluição de rios, perda da qualidade de vida, pobreza, fome), fazendo despertar nos alunos a busca do saber ambiental, almejando a curto e longo prazo uma mudança de atitudes acrítica, possibilitando através dos conhecimentos aprendidos no programa de ensino para o meio ambiente um novo agir, vivenciar e criticar as ações desplanejadas e muitas das vezes distorcida da sociedade.

 

CONCLUSÕES

 

 

O artigo forneceu uma práxis para os alunos refletirem sobre seu papel crítico, sendo esses coadjuvantes para a tomada de atitudes em prol do meio ambiente através da perspectiva socioambiental do processo educativo.

Portanto, cada geração cria, inventa, inova e a educação ambiental tem seu processo também de criação, invenção e inovação, principalmente no campo do conhecimento. É necessário evoluir o saber ambiental, é pertinente possibilitar alternativas metodológicas para auxiliar o processo de ensino e aprendizagem sobre os grandes dilemas ambientais que vivenciamos. Partido desse pressuposto é importante que a escola e as pessoas que dela faz parte não só apenas transmita o conhecimento, mas seja facilitador, mediador, colaborador da construção de novos conhecimentos.

Após o programa de ensino foi diagnosticadas algumas mudanças de atitudes no cotidiano na escola, os debates sobre o meio ambiente tomou todo o pátio no intervalo de recreação e em sala de aula, isto fez, com que o programa de ensino fosse bem aceito na escola por todos os integrantes da mesma, além de nos fornecer o quanto é importante a troca de conhecimento dos participantes com a população que não se encontrava integrada ao programa, como os restantes dos alunos da escola e a própria comunidade que passaram a procurar informações e participação no programa.

Houve uma mudança do conceito de natureza, foi observado no questionário I que aproximadamente 70% os alunos não se observam enquanto natureza, cogitando ser superior a ela, e por isso afirmando o que Vessentini (2004), coloca como pensamento progressista, porém após as discussões, essas estimativas diminuíram para 05%, reafirmando ainda a importância de um trabalho crítico e sistêmico para uma mudança racional de atitude.

Os alunos passaram a Cogitar solução e muitas das vezes a pesquisar o que os centros de pesquisas estão desenvolvendo para amenizar tais impactos, um tema que teve bastante repercussão nesse sentido, foi à questão da produção de energia limpa, para abastecer as indústrias e sobre a sustentabilidade da relação homem-natureza e do homem-homem.

Conseguiram responder no questionário II quais os problemas socioambientais mais presentes no seu bairro: poluição fluvial, submoradia, lixo doméstico e subemprego, com dados respectivos de 44%, 24%, 17% e 15%.

O homem do passado, por conhecer o antigo, encarregou-se de preparar o do presente, assim como o do presente por conhecer o do passado encarrega-se de preparar, orientar, fiscalizar e desenvolver as atitudes do homem do futuro, mostrando-o a melhor maneira de se relacionar com o meio ambiente.

 

 

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Ilustrações: Silvana Santos