Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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10/09/2011 (Nº 37) Conservação da Biodiversidade: interação escola-Museu em Ouro Preto, Minas Gerais
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Educação Ambiental em Ação 37

Conservação da Biodiversidade: interação escola-Museu em Ouro Preto, Minas Gerais

 

Valdir Lamim-Guedes

Biólogo, Mestrando em Ecologia de Biomas Tropicais pela Universidade Federal de Ouro Preto.

Endereço para correspondência: Rodovia MG-158, Km08, nº. 755. Bairro Ponte Alta, Itanhandu, Minas Gerais.

Telefone (31)97728894, (31)35517239

E-mail: dirguedes@yahoo.com.br

 

Natalia Costa Soares

Bióloga, Mestranda em Biologia Vegetal pela UNESP/Rio Claro.

E-mail: naturalcsoares@yahoo.com.br

 

 

Resumo

Ações de educação ambiental são uma ferramenta extremamente importante para a conservação de áreas naturais e da biodiversidade existente nestas. Foi avaliado o conhecimento de alunos do ensino fundamental sobre o conceito de biodiversidade, sua importância e conservação e a importância das Unidades de Conservação (UC). O projeto foi desenvolvido no Museu de Ciência e Técnica da UFOP (MCT), em abril de 2007. Realizou-se uma visita monitorada de alunos de 6ª e 7ª séries do ensino fundamental da Escola Estadual Marília de Dirceu de Ouro Preto, MG. Durante a visita, os alunos participaram da palestra “Biodiversidade: o que é? Para quê?” Antes desta atividade, distribuiu-se um questionário sobre o conceito e importância da biodiversidade. Nenhuma resposta apontou todos os aspectos relacionados ao conceito de biodiversidade. As respostas sobre a importância da biodiversidade foram, basicamente, relacionadas às necessidades humanas. A grande porcentagem dos jovens afirmou conhecer apenas uma UC. O desconhecimento dos alunos sobre o conceito de biodiversidade e das implicações deste, provavelmente, está relacionado à não abordagem do tema meio ambiente na escola, aliada a complexidade entorno deste tema.

 

Introdução

De acordo com a Carta de Belgrado (1975), a Educação Ambiental deve desenvolver um cidadão consciente do seu ambiente total e dos problemas associados a esse ambiente, sendo também um indivíduo possuidor de conhecimentos, atitudes, motivações, envolvimento e habilidades para trabalhar tanto individual como coletivamente no sentido de resolver os problemas atuais e prevenir os futuros (SECRETARIA DE MEIO AMBIENTE, 1994, p. 12).

A Educação Ambiental pode ser entendida como sendo a formação de uma consciência que, sensibilizada com os problemas socioambientais, se volta para a formação de uma sociedade sustentável na qual, a compreensão da interdependência entre os fenômenos sociais e naturais, permite que humanidade e natureza busquem uma forma de vida mais harmônica e compartilhada (WEID, 1997). Dentre os objetivos da educação ambiental apresentados em Tbilisi (1977) destaca-se: promover meios de mudanças de atitudes e valores que gerem sentimentos de preocupação com o ambiente e motivem ações que o melhorem e o protejam; desenvolver capacidades que possam ajudar indivíduos e grupos a identificar e resolver problemas ambientais; e ainda, promover o envolvimento ativo dos indivíduos em todos os níveis da proteção ambiental (SECRETARIA DE MEIO AMBIENTE, 1994, p. 28).

Um dos principais temas tratados em atividades de educação ambiental é a biodiversidade. Segundo o artigo 2º. da Convenção sobre Diversidade Biológica (BRASIL, 2002), este termo pode ser entendido como a variabilidade dos organismos vivos de todas as origens, abrangendo os ecossistemas terrestres, marinhos, e outros ecossistemas aquáticos, incluindo seus complexos; e compreendendo a diversidade dentro de espécies, entre espécies e de ecossistemas. Dentro deste conceito é importante ressaltar a inclusão da espécie humana como componente fundamental do sistema e altamente dependente dos serviços e bens ambientais oferecidos pela natureza. Sem recorrer ou dispor da diversidade biológica natural ou da reserva biológica do planeta, a vida humana correria sérios ou até insuperáveis riscos (DOUROJEANNI & PÁDUA, 2001).

Em seu princípio 19, a Declaração da Organização das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano (Estocolmo, 1972) afirma ser indispensável um trabalho de educação relacionado às questões ambientais, disponível para toda a sociedade, a fim de se obter uma população informada e consciente de sua responsabilidade na proteção do meio ambiente. Responsabilidade essa que envolve tanto setores públicos como setores privados da sociedade. Assim, retoma-se a possibilidade de se utilizar a Educação Ambiental como instrumento prático e ativo na promoção de atividades de extensão universitária, funcionando como peça chave para a ação das Universidades na formação de comunidades conscientes e responsáveis ambientalmente (DIAS, 2004, p. 372).

A extensão, junto com o ensino e a pesquisa, são as funções básicas das Universidades, sendo a extensão entendida como a forma de interação permanente das instituições de ensino com as comunidades nas quais se inserem (SILVA, 1997). Através da extensão torna-se possível a socialização do conhecimento, na medida em que as Universidades têm a oportunidade de levar a diversos setores da sociedade parte das informações obtidas em suas pesquisas e que, normalmente, são divulgadas na prática do ensino acadêmico e por isso, restritas ao meio científico (SILVA, 1997).

Como uma das ferramentas para a prática da extensão universitária e socialização do conhecimento pode-se pensar na Educação Ambiental, principalmente se a considerarmos como um instrumento de conscientização de cada indivíduo social sobre seu comprometimento com o meio ambiente, ajudando, dessa maneira, a comunidade a adquirir atitudes positivas relacionadas ao meio físico em que vivem (NAGAGATA, 2006, p. 564), e consequentemente, minimizando e/ou reduzindo os habituais danos ambientais.

A formação incluída de conhecimentos, valores e habilidades podem despertar no indivíduo um potencial transformador, que permite que esse contribua para um mundo mais ético, além de estimular um envolvimento consciente e responsável em processos que visem um bem maior com respeito à vida. Dessa maneira, torna-se uma ferramenta extremamente importante para a conservação de áreas naturais, agora comumente ameaçadas (PÁDUA et al., 2003, p. 558).

Todos os cidadãos estão em permanente processo de reflexão e aprendizado. Este ocorre durante toda a vida, pois a aquisição de conhecimento não acontece somente nas escolas e universidades, mas nos locais de trabalho, nas cidades, nos movimentos sociais, nas associações civis, nas organizações não-governamentais, dentre outros (BRASIL, 2003).

A educação não-formal pode ser definida como a que proporciona a aprendizagem de conteúdos da escolarização formal em espaços como museus, centros de ciências, ou qualquer outro em que as atividades sejam desenvolvidas de forma bem direcionada, com um objetivo definido (VIEIRA, 2005). Os espaços das atividades de educação não-formal distribuem-se em inúmeros campos, incluindo desde as ações das comunidades, dos movimentos e organizações sociais e políticas até as organizações não-governamentais e esferas da educação e da cultura (BRASIL, 2003). Os museus e centros de ciências estimulam a curiosidade dos visitantes. Esses espaços oferecem a oportunidade de suprir, ao menos em parte, algumas das carências da escola como a falta de laboratórios, recursos audiovisuais, entre outros, conhecidos por estimular o aprendizado (VIEIRA, 2005).

Este projeto teve como objetivo investigar o conceito de biodiversidade por alunos do ensino fundamental público de Ouro Preto, Minas Gerais, Além de informar sobre sua importância e conservação. E ainda, contextualizar a relevância das unidades de conservação (UC’s) levando-se em consideração a existência de várias UC’s na região de Ouro Preto.

Material E Métodos

Este projeto foi desenvolvido na Escola Estadual Marília de Dirceu e no Museu de Ciência e Técnica (MCT) da Escola de Minas Universidade Federal de Ouro Preto, ambas as instituições encontram-se em Ouro Preto, Minas Gerais. As atividades foram realizadas em abril de 2007, com os alunos de 6ª e 7ª séries do ensino fundamental.

O MCT reúne um acervo científico/cultural significativo, que era usado nas atividades educacionais dos cursos de engenharia da Escola de Minas (fim do séc. XIX e início do séc XX). Uma parte considerável desse patrimônio vem sendo restaurada, protegida e exposta em salas especiais. O MCT apresenta diversos setores com exposições que abordam, dentre outras áreas, história natural, mineração, geologia, física e astronomia e uma biblioteca de Obras Raras, além de estar sediado em um prédio histórico construído no século XVIII (1741-1748), que até 1897 abrigou o Palácio dos Governadores da província de Minas Gerais.

As atividades desenvolvidas durante este projeto são referentes ao estágio em docência do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas da UFOP. As atividades escolares foram conduzidas durante as aulas práticas de ciências. Os estagiários desenvolviam atividades de monitoria durante o período de observação das atividades do docente. Estes também preparavam e ministravam aulas nos momentos de prática docente deste estágio. Foi solicitada pela direção da Escola Estadual Marilia de Dirceu a realização de uma atividade fora da escola, tendo sido escolhida para este fim uma visita ao MCT.

A temática ambiental era sempre abordada durante as aulas. A conexão com a realidade dos alunos também foi muito utilizada para contextualizar os assuntos trabalhados. Dentro da temática ambiental, a biodiversidade sempre tinha um destaque especial porque na região de Ouro Preto existem várias unidades de conservação pouco conhecidas pela população local. Mas o conceito não foi tratado diretamente, este destaque foi programado para ser feito durante a visita ao MCT.

Na visita ao MCT, os alunos participaram da apresentação “Biodiversidade: o que é? Para quê?”, ministrada pelos monitores, abordando questões relacionadas ao conceito de biodiversidade, conservação e importância desta. Antes desta atividade distribuiu-se um questionário com as seguintes perguntas: o que você entende por biodiversidade? Quais os benefícios que a biodiversidade pode trazer para você e para Ouro Preto? Você já foi em alguma unidade de conservação?

Durante a visita um dos setores visitados foi o de História Natural que continha uma exposição de curta duração sobre aves brasileiras, chamada “Pássaros do Brasil: A Arte dos Lorenzutti”, com aves taxidermizadas de vários biomas. Das aves expostas várias ocorrem na região de Ouro Preto, sendo debatidas com os alunos as ameaças sofridas por estas espécies devido às atividades humanas.

Resultados e Discussão

A temática ambiental foi trabalhada durante as aulas anteriores a visita ao MCT. Desta forma, estas atividades desenvolvidas antes da visita foram avaliadas utilizando o questionário citado anteriormente. As duas questões sobre biodiversidade foram usadas para avaliar se os alunos relacionavam outros aspectos da temática ambiental a este tema, por exemplo, a ameaça de extinção de muitas espécies nativas. No total, participaram desta atividade 31 alunos. As respostas do questionário foram reunidas em categorias agrupando-as conforme suas semelhanças.

Para a primeira questão sobre o conceito de biodiversidade obteve-se: 16% de respostas consideradas equivocadas, 35% somente meio biótico, 16% meio biótico e abiótico, 10% visão sistêmica (noção de ecossistema) e 23% seres vivos usados em laboratórios. Nenhuma resposta apontou todos os aspectos relacionados ao conceito de biodiversidade. Resultado semelhante foi obtido em pesquisa de opinião desenvolvida pelo Ministério do Meio Ambiente com adultos em 1997, na qual 78% dos entrevistados não conseguiram explicar o que é biodiversidade (DOUROJEANNI & PÁDUA, 2001). Estes resultados refletem a complexidade do tema e sua ineficiente abordagem, e ainda a necessidade de uma abordagem integrada com outros assuntos trabalhados durante as aulas, por exemplo, relacionar o desenvolvimento econômico e as agressões ao meio ambiente, fazendo uma interligação entre as aulas de geografia e ciências, conforme prevêem os PCN’s (Parâmetros Curriculares Nacionais) (BRASIL, 1998).

Para a questão sobre os benefícios que a biodiversidade pode trazer, constatou-se: 30% de respostas equivocadas, 17% responderam “muitas coisas”, 17% serviços ambientais, 11% citaram remédios e/ou cura de doenças e três respostas (conhecimento cientifico, atrativos turísticos e flores e animais) tiveram 8% das citações (algumas respostas apresentaram mais de um item). Dourojeanni & Pádua (2001) consideram que a imprensa e a opinião pública foram realmente tocadas pelo “medo” relacionado à perda de serviços ambientais: a falta de água, renovação da qualidade do ar, remédios, entre outros. Os resultados obtidos retratam em parte este “medo”, pois os serviços ambientais, ao lado de “Muitas coisas”, foram as respostas de maior freqüência. Outro fator observável é a visão antropocêntrica em relação aos usos da biodiversidade. Uma resposta interessante foi a importância da biodiversidade para a atividade turística, pois Ouro Preto e região tem uma forte atividade turística motivada pela riqueza cultural e dos patrimônios histórico e natural. Tal visão de alguns alunos advém de um começo de valorização da biodiversidade a partir de um aspecto socioeconômico que os afeta.

Para a questão três tivemos: 84% já foram em alguma unidade de conservação e 16% nunca foram. Dos alunos que já foram: 85% conhecem apenas uma UC’s e 15% duas, sendo a maioria das UC’s citadas situadas na região de Ouro Preto. A grande porcentagem de jovens conhecedores de apenas uma UC demonstra um relativo desinteresse, visto as várias áreas protegidas ocorrentes na região de realização deste estudo. Ressalta-se, com este resultado, a necessidade de uma maior interação das escolas com outras instituições locais, entre elas com papel muito importante, a Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) e o Instituto Estadual de Floresta de Minas Gerais. A UFOP pode aumentar sua ação junto à comunidade por várias formas, entre elas, estimulando a visitação ao MCT e aos seus prédios de ensino, no quais existem vários laboratórios.

A educação ambiental e científica realizada em espaços não formais, incluindo os museus de ciências, apresenta características específicas como a livre escolha, a abordagem não seqüencial, não vinculada a um currículo, entre outras que a diferem do sistema formal de educação (ROCHA et al., 2007). Assim os museus e os centros de ciência apresentam uma grande liberdade na seleção e organização de conteúdos e metodologias, possibilitando uma ampliação da transdisciplinaridade e contextualização dos assuntos abordados nas exposições ou oficinas.

As respostas das questões revelaram que esta atividade não-formal é importante no processo de aprendizagem dos conteúdos abordados, além de ter sido reconhecida como estimulante pelos alunos, ao fim da visita e durante a continuidade das atividades na escola. Nossos resultados sugerem que, quando bem direcionados, espaços não-formais de ensino podem ser bons aliados das aulas formais. Segundo Vieira (2005), a maioria dos livros didáticos não costuma relacionar conteúdos nas diferentes séries de ensino. Dependendo do livro didático adotado pelo professor, ou mesmo, da maneira como a aula é ministrada, atividades escolares não-formais podem ser mais completas, ou mais informativas, que aquelas formais (VIEIRA, 2005).

Vieira (2005) destaca que os conteúdos são apresentados de forma fragmentada nos livros didáticos, não permitindo uma relação entre diferentes tópicos. Certamente, isso vem contrariando as propostas dos PCN onde as diversas disciplinas devem apresentar eixos temáticos (conteúdos específicos daquela disciplina) e temas transversais (não específicos a um ramo do conhecimento). Nos temas transversais a proposta é trabalhar conteúdos em diferentes contextos articulados com o conteúdo dos eixos temáticos. Para que essa articulação transdisciplinar ocorra, torna-se fundamental que a própria disciplina não seja fragmentada (VIEIRA, 2005).

Com base na manutenção e qualidade de coleções e acervos, assim como, na disponibilidade das informações contidas nos mesmos, é possível estabelecer uma rede de informação sobre Biodiversidade entre instituições de pesquisa, educação e divulgação – como escolas e universidades, e também entre centros de cultura científica, museus dinâmicos, entre outros (MARANDINO, 2005). Essa rede de informação pode proporcionar subsídios para a elaboração de materiais didáticos de diferentes naturezas, seja no campo formal de educação em Biologia, seja na criação de estratégias no âmbito da educação não formal (MARANDINO, 2005).

O papel dos museus no que se refere à conservação da biodiversidade é realizar com sucesso a comunicação das informações existentes nas coleções, tanto para aqueles responsáveis pela legislação e decisões ambientais, como para o público através das exposições e atividades educativas: “Se falharmos em comunicar, falharemos na causa da biodiversidade” (DAVIS, 1999, p. 26-27). Sendo interessante hoje investigar até que ponto as instituições museológicas, sobretudo ligadas a Universidades, que possuem a biologia como tema central, estão incorporando os conhecimentos sobre a biodiversidade em suas atividades educativas e com que enfoques científicos, educacionais, comunicacionais e museológicos estas ações estão sendo realizadas (Maradino, 2005).

Os desafios envolvendo a abordagem sobre a biodiversidade, tanto nos espaços formais, quanto nos não-formais, englobam a necessidade das pessoas conhecerem a biodiversidade brasileira. Um dos problemas nesta área, como comenta Liana John (2006, p. 397): “E de elefante, H de hipopótamo, Z de zebra. Ao aprender a ler e escrever, as crianças brasileiras ainda usam as espécies das savanas africanas como referência (...). Na hora de soletrar, nas brincadeiras, nas páginas dos livros – didáticos, paradidáticos e de literatura, para todas as idades – ainda prevalecem os bichos exóticos, mantendo no anonimato, desvalorizadas, as numerosas espécies nativas”. Desta forma, professores, educadores, museológos, por exemplo, devem concentrar esforços para abordar a nossa biodiversidade durante as atividades educativas. Para reverter o quadro de uma triste constatação: o Brasil ainda não se apropriou de seu imenso patrimônio natural.

Neste sentido, o MCT tem montado exposições com exemplares da fauna brasileira (ver NUNES et al., 2007), na expectativa de despertar nos visitantes o interessante pela biodiversidade nacional.

“A necessária apropriação cultural do nosso patrimônio cultural do nosso patrimônio natural e, em especial, da nossa diversidade biológica não ocorrerá sem a exposição dos brasileiros aos elementos que compõem tal patrimônio. Seja no processo escolar de alfabetização, seja nas mais diversas e sofisticadas manifestações artísticas: livros, exposições, teatro, música, TV, cinema e performances, ou mesmo na mídia publicitária, hoje repleta de referências estrangeiras” (JOHN, 2006, p. 399).

Refletir sobre a complexidade ambiental abre um estimulante espaço para compreender a gestação de novos atores sociais que se mobilizam para a apropriação da natureza, para um processo educativo articulado e compromissado com a sustentabilidade e a participação, apoiado numa lógica que privilegia o diálogo e a interdependência de diferentes áreas de saber. Mas também questiona valores e premissas que norteiam as práticas sociais prevalecentes, isto implicando numa mudança na forma de pensar, uma transformação no conhecimento e das práticas educativas (JACOB, 2004).

Conclusão

O desconhecimento dos alunos sobre o conceito de biodiversidade e das implicações deste, provavelmente, está relacionado a não abordagem do tema meio ambiente na escola. Este é considerado transversal pelo programa curricular nacional para o ensino fundamental e deve ser abordado durante as aulas de maneira interdisciplinar. O entendimento das questões que estão relacionadas à biodiversidade e meio ambiente, conseguido a partir da educação e divulgação cientifica, é essencial para a conservação da natureza e para a formação de cidadãos responsáveis ambientalmente. As Universidades tem um papel muito importante nas questões relacionadas ao meio ambiente, pois são detentoras de informações cientifica de qualidade que deve ser divulgadas a fim de minimizar as agressões ao meio ambiente.

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Ilustrações: Silvana Santos