Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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Artigos
04/06/2011 (Nº 36) A educação ambiental no Século XXI– um momento de reflexão
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Educação Ambiental em Ação 36

A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO SÉCULO XXI – UM MOMENTO DE REFLEXÃO

- Roosevelt S. Fernandes, M. Sc.

Elaine Gomes de Andrade

Guilherme Silva dos Anjos

Clarissa Massariol Oliveira

 

 

Resumo

O contexto ambiental atualmente vivenciado pela sociedade exige que se faça uma profunda reflexão sobre a forma e conteúdo com que hoje se oferece programas de Educação Ambiental, objetivando a eficácia dos mesmos. Neste artigo o Núcleo de Estudos em Percepção Ambiental / NEPA – UNIVIX, a partir do seu banco de dados, estruturado desde 2003, analisa alguns aspectos e faz a proposição de formas objetivas de ação (preventivas e corretivas), propondo a abertura, em âmbito nacional, de uma ampla discussão sobre o assunto.

1 - Introdução 

Em 2003 foi criado o Núcleo de Estudos em Percepção Ambiental / NEPA – UNIVIX, voltado ao estudo da percepção ambiental e social em segmentos formadores de opinião. Teve como foco prioritário de suas pesquisas às áreas educacionais e ambientais, visando pesquisar professores e estudantes do ensino fundamental, médio, médio-técnico e superior.

Foi estruturado a partir da experiência de um dos autores no gerenciamento de áreas ambientais de grandes empresas – Vale e Aracruz Celulose – quando teve a oportunidade de analisar e aprovar muitas propostas ligadas ao apoio de programas de Educação Ambiental.

Deste longo contato – cerca de trinta anos – com este tipo de atividade, progressivamente foi percebendo que eram raras as propostas que vinham sustentadas em uma análise prévia da percepção ambiental da comunidade a qual o programa seria oferecido, bem como não ofereciam nenhuma forma de pós avaliar a eficácia do programa ao seu término.

Ficava visível, cada vez mais evidente, que este tipo de procedimento poderia estar gerando programas de Educação Ambiental eficientes, mas não, necessariamente, eficazes.

Foi este fato que levou a criação do NEPA, como uma forma objetiva de encontrar respostas para estes dois questionamentos essenciais.

2 - Considerações preliminares

Em artigo recente do Prof. Prakki Satyamurty – ex Presidente da Sociedade Brasileira de Meteorologia – o autor enfatiza a necessidade de mudanças profundas no processo de definição das alternativas propostas para a reversão dos efeitos das mudanças climáticas.

Segundo tese defendida pelo autor do artigo, o princípio do “desenvolvimento sustentável” não é mais o caminho único para enfrentar as mudanças climáticas, tornando-se inevitável a redução drástica do consumo de recursos naturais e um eficaz programa de controle da natalidade. Ou seja, segundo o pesquisador, já passamos da fase do “desenvolvimento sustentável”; à hora agora é do “consumo sustentável”.

Por outro lado, como agravante ao contexto, neste caso analisando a posição do G20 (maiores economias mundiais), recentemente reunido em Londres, observou-se uma nítida preocupação com a crise financeira (através da definição de propostas inovadoras e ambiciosas), porém com um discurso vago e breve em relação à problemática ambiental.

Porém, entre o contexto limite das visões dos pesquisadores e dos políticos, persiste uma análise de idêntica importância, ainda não suficientemente abordada, voltada a saber como a sociedade está preparada para pressionar por soluções proteladas pelos governos, aceitar as conseqüências da adoção das mesmas e, sobretudo, como nossos futuros gestores, no horizonte do curto e médio prazos, estão preparados não apenas para implementar as propostas conhecidas, mas para gerar novas e efetivas respostas para o cenário que a sociedade deve enfrentar, já que o tempo, neste novo contexto, é uma variável crítica ao processo.

Se agregarmos a este cenário os resultados do estudo desenvolvido pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (2006), que mostra que 37% dos alunos brasileiros com 15 anos de idade - a pesquisa foi realizada em 57 países em diferentes regiões do mundo - apresentam um nível mínimo de conhecimento ambiental, ficando abaixo do Brasil apenas países como Catar, Quirquistão e Azerbaijão, coloca os jovens do Brasil sem o conhecimento mínimo necessário para lidar com os desafios ambientais. Ou seja, a pesquisa deixa claro (inclusive no Brasil) que os estudantes estão preocupados e conscientizados de que é preciso agir (ponto positivo), entretanto não evidenciam condições plenas de assumir seu papel no processo da ação desejada. O estudo infere, entre outros pontos, que os estudantes falam muito sobre temas ligados à área ambiental, mas parece saber pouco a respeito do assunto.

Tendo estas problemáticas em foco, desde 2003 o NEPA vem estruturando, através de muitas pesquisas (inclusive no exterior) um significativo banco de dados decorrente de pesquisas desenvolvidas com estudantes e professores dos ensinos fundamental, médio, médio-técnico e superior, assegurando o conhecimento efetivo do perfil de cidadania ambiental de tais segmentos.

3 – A proposta de criação do ENADE Ambiental

Como decorrência da análise deste banco de dados, em 2006, o NEPA fez a proposição da criação do ENADE Ambiental (não compulsório, de iniciativa das próprias instituições de ensino superior), voltado a identificar e quantificar as lacunas do conhecimento ambiental de estudantes ingressantes e concluintes, propiciando aos gestores educacionais e aos gestores públicos informações que propiciem a definição de ações preventivas e corretivas que assegurem um mínimo nível de conhecimento ambiental com que tais futuros gestores cheguem ao mercado de trabalho.

Neste momento o NEPA já conta com pesquisas específicas de aplicação do instrumento a estudantes dos cursos de Administração e Engenharias, e, em andamento, com estudantes de Direito e Arquitetura e Urbanismo.

4 - Recomendações

A análise detalhada do banco de dados hoje disponível no NEPA nos leva a caracterizar a necessidade de uma reavaliação profunda – retrospectiva – da Educação Ambiental no Século XX, tendo em conta – perspectiva – daquilo que deverá ser definido para a Educação Ambiental do Século XXI.

Não que isso seja entendido como uma identificação de erros na forma como a Educação Ambiental até então vem sendo adotada – dado que na realidade não erramos - mas sim de reconhecer e assumir que posturas que até então vinham sendo aceitas como válidas, precisam passar por uma profunda reflexão, projetando o que deverá ser a Educação Ambiental no Século XXI.

Pensar, por exemplo, em estruturar programas de Educação Ambiental sem um diagnóstico prévio da percepção ambiental e social do segmento a ser atendido, bem como não dispor de formas de pós avaliar a eficácia dos resultados de tais programas, não poderão mais constar das premissas para as novas intervenções.

Ou seja, não basta “oferecer Educação Ambiental”; há que se ter certeza que estamos realmente “mudando a percepção ambiental da sociedade” (conscientização, exame crítico da realidade e desenvolvimento das posturas individuais e coletivas).

Não há como protelar esta reflexão; se não a iniciarmos de imediato, com muita certeza não termos tempo hábil para evitar o que parece ser inevitável à luz da atual conjuntura.

Referências bibliográficas

Coimbra, José de Ávila Aguiar, “Linguagem e percepção ambiental”, Curso de Gestão Ambiental – Coleção Ambiental USP, São Paulo, março / 2004, pags. 525 a 570

Fernandes, Roosevelt S. Fernandes, www.pluridoc.br, acesso a todas as pesquisas desenvolvidas pelo NEPA, 2009

 

 

1 - Roosevelt S. Fernandes, M. Sc.

Membro dos Conselhos Estadual de Meio Ambiente e do Estadual de Recursos Hídricos (ES), bem como do Conselho Temático de Meio Ambiente da Confederação Nacional da Indústria.

Ex. Gerente Geral de Engenharia Ambiental da Vale do Rio Doce e Gerente de Relações com a Comunidade da Aracruz Celulose.

Membro do CONSUMA – FINDES e Consultor Técnico do COMARH - FAES

Coordenador do curso de Engenharia de Produção Civil da UNIVIX (Vitória – ES), além de criador e coordenador do NEPA - UNIVIX

Tel. (27) 3335.5672

roosevelt@ebrnet.com.br  

2 – Elaine Gomes de Andrade

Formada em Administração pela UNIVIX

Bolsista do NEPA

coord.epc@univix.br

Tel. (27) 3335.5629

3 – Guilherme Silva dos Anjos

Aluno do curso de Engenharia de Produção Civil da UNIVIX

Bolsista do NEPA

coord.epc@univix.br

Tel. (27) 3335.5629

 

4 – Clarissa Massariol Oliveira

Estudante do curso de Farmácia da UNIVIX

Bolsista do NEPA

clarissamassariol@hotmail.com

Tel. (27) 3335.5629

 

 

 

 

Ilustrações: Silvana Santos