Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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Reflexão
04/06/2011 (Nº 36) A ecologia humana de Tchékhov
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html> Revista Educação Ambiental em Ação 36

A ECOLOGIA HUMANA DE TCHÉKHOV

 

Num texto escrito em 1897, o médico e teatrólogo russo mostra porque o ser humano adoece e se torna inimigo da natureza

 
 
 

AS FLORESTAS 

 

 "As florestas embelezam a terra, ensinam os homens a compreender a beleza, inspiram emoções mais puras. As florestas suavizam o clima. E nas regiões em que ele é mais ameno, as pessoas não gastam energia lutando contra a natureza. São mais gentis, mais cheias de ternura. São mais bonitas e sensíveis, têm o espírito mais flexível, a fala elegante, movimentos mais graciosos. As ciências e as artes florescem, a filosofia é plena de alegria e os homens tratam as mulheres com refinamento e cortesia."

 

"Eu admito que se cortem árvores quando isso é indispensável,  mas porquê destruir florestas? As florestas russas estão literalmente gemendo aos golpes dos machados. Milhões de árvores vêm sendo destruídas. As tocas dos animais e os ninhos dos pássaros desaparecem junto com elas. Os rios perdem profundidade e secam. Paisagens fascinantes somem para sempre. E tudo isso acontece apenas porque as pessoas são preguiçosas e estúpidas e não querem arrancar o combustível de outras fontes."

 

 "Concorda comigo? Qualquer pessoa bastante insensível capaz de consumir uma coisa que não pode ser substituída, deve ser considerada bárbara, indigna de nosso respeito. O ser humano foi dotado de razão e força criativa pra multiplicar o legado da terra em que vive. Mas até agora não criou coisa alguma. Só destruiu. Cada dia é menor o número de florestas. Há enchentes e secas em toda parte. Espécies animais são exterminadas. O clima se torna hostil ao homem, e a terra mais triste, pobre, feia."

 

AS ÁRVORES

 

"Estou percebendo tua expressão de ironia... Que tudo que eu digo não é pra ser levado a sério. É. Pode ser que seja tudo mesmo maluquice minha. Mas quando eu passo pelas matas  que pertencem aos camponeses, matas que ajudei a salvar do extermínio, ou quando eu ouço o sussurro dos arbustos que plantei com as próprias mãos, sinto a agradável consciência de que também posso influir sobre o clima. E que, se daqui a mil anos, a humanidade for um nada mais feliz, eu terei contribuído pra isso. Quando planto uma árvore e depois a vejo cres­cer, se  cobrir de verde e ondular ao vento, meu coração se enche de orgu­ho..."

 

"Quando um homem planta um arbusto, sabe o que resultará disso em mil anos, está pensando no futuro da Terra. Homens assim são raros. Nós devemos amá-los".

 

(...)

 

QUEM É ELE

Descendente de servos e filho de um pequeno comerciante, Anton Pávlovitch Tchékhov formouse médico e exerceu a medicina em uma clínica no interior da Rússia, onde conviveu com os nobres, burgueses, intelectuais, funcionários públicos e pequenos trabalhadores. Com estilo inconfundível, denunciava e satirizava os absurdos da sociedade e da natureza humana.

 

 

Fonte: http://www.revistaecologico.com.br/materia.php?materia=NDcy&edicao_id=65

Ilustrações: Silvana Santos